Acho até uma vergonha, mas ainda não conheço o novo aeroporto de Natal. Desde que foi inaugurado, não consegui fazer uma só viagem a partir dele. O motivo é o mais óbvio possível: dinheiro. Todas as viagens que fiz desde então teriam o valor da passagem praticamente dobrado se eu decidesse largar João Pessoa e/ou Recife para sair da Praieira dos Meus Amores.
Não foi diferente agora. Vir para os Estados Unidos partindo de Recife saiu quase 60% do preço de chegar ao mesmo destino partindo de Natal. E olha que eu já me preparava para pagar as indigestas diárias do estacionamento de Recife, mas Mariza e Fabrício, duas criaturas sem juízo e que moram no meu coração, decidiram por cima de pau e pedra que nos deixariam em Recife e nos pegariam lá na nossa volta.
Alguém ainda pode dizer que viajar de carro para Recife seria desgastante. Gente, desgastante é passar por dois pousos e duas decolagens e ainda ter que ficar de molho em dois aeroportos, transformando uma viagem mediana (8h) em uma maratona de resistência (quase 24h)!
O aeroporto de Recife tem boa variedade quanto à alimentação. Não pensei duas vezes, fui ao São Braz Coffee Shop. Os preços são os mesmos de Natal. Um espresso (com s mesmo; é italiano) médio e 2 pastéis de forno bem suculentos saíram R$ 25,70. A água eu levei de Natal mesmo.
Sobre o voo, foi a primeira vez que voei com uma companhia americana (American Airlines). E só isso já dá ideia dos requififes por que temos que passar. A melhor foi a verdadeira entrevista sobre o que iria fazer em Miami e Orlando, além do que faço em Natal, onde trabalho, perto de quê... E nem adianta argumentar que você não está só na viagem - a entrevista é absolutamente individual. O funcionário simpaticíssimo que me atendeu em Recife era português. Me senti uma estrangeira no Brasil. E digo a vocês: nem na hora de entrar nos Estados Unidos respondemos a tantas perguntas!
Ao contrário das outras companhias, a American entrega logo aqui no Brasil a declaração da alfândega, que nas outras preenchemos durante o voo. Fiquei alerta apenas para a data da declaração, já que eu só a entregaria no dia seguinte.
A American Airlines divide o embarque por grupos (eram 6 ou 7), o que me pareceu bastante inteligente e confortável para todos. O que não era muito confortável era o espaço da classe econômica. Viva a TAM e seu voos para Miami. Tem filme, joguinho, etc., tudo individual. A American ainda está na fase dos fones de ouvido, embora, ponto para ela, eles sejam extremamente anatômicos. O que faltou no espaço e na ergonomia das poltronas sobrou na tranquilidade do voo. Nunca havia voado, especialmente para os Estados Unidos, com quase nenhuma turbulência ou mesmo desconforto nos ouvidos pela diferença de pressão. Até consegui cochilar - uma vitória para quem sempre passa sem pregar os olhos nem um minutinho sequer. Tudo saiu tão bem que o voo chegou uma hora antes do previsto - parece até uma certa companhia - e eu matei um pouco do cansaço aguardando sentadinha a hora do aluguel do carro chegar.
Sobre o aluguel do carro, há alguns detalhes. O cartão de crédito a ser apresentado para as últimas despesas (seguro completo no lugar do básico, tanque de gasolina antecipado, cobrança automática de pedágios e que praticamente dobram o valor já pago por causa da cotação do dólar!) tem que ser no nome de quem vai dirigir o veículo. Ainda bem que lembrei de trazer um. O vendedor ainda insiste para trocar a categoria do carro alegando que não vai caber tudo. Não troquei. O Corolla (carro intermediário) tinha indicação para uma mala grande e uma pequena. Deu folgado uma grande, uma média e uma pequena. E certamente aguentará pelo menos mais uma, que devo comprar no Walmart, em virtude de uma das minhas guerreiras.
Em Miami, escapei de um alerta de tornado, mas não da chuva. O trânsito, que já não é uma das boas características da cidade, virou um caos com as fortes chuvas e rajadas de vento e as inúmeras batidas bloqueando faixas de importantes vias. Levei umas boas buzinadas por aqui, me lembrando educamente que posso dobrar à direita se o sinal está fechado e não vem carro nem pedestre. Aliás, o motorista de Miami é tão desatento quanto o brasileiro. Dirige olhando celular, não tá nem aí para limite de velocidade e adora buzinar. Mas não dá nem para se irritar. É mania por aqui mesmo e é assim que as coisas funcionam. No entanto, por aqui ninguém estaciona onde não pode, especialmente em vagas especiais. Nós, brasileiros, ainda precisamos evoluir nesse quesito. Eu até já subi uma pontinha de calçada numa conversão proibida (ah, o GPS...) e estou rezando para não ter tomado uma multa.
As chuvas me empurraram para dar uma volta de carro mesmo por aqui. Cheguei ao hotel às 8h e meu check-in só aconteceria às 15h. Deixei as malas e, por causa das chuvas, terminei trocando o agradável Bayside pelo Dolphin Mall. Apesar de bem mais distante e de não ter a privilegiada vista de Miami e da Miamarina que o Bayside tem, o Dolphin tem algumas vantagens: estacionamento gratuito. muitas lojas de fábrica e saldão e melhores opções de alimentação. E ainda tem um passaporte (gratuito) com descontos para viajantes. Descobri uma lanchonete chamada Johnny Rock. Atendimento simpático e eficiente, decoração a la anos 60, música boa de todas as décadas e um tal de sanduíche Texas Pork BBQ (ou seria Texas BBQ Pork?). Morri. Uma delícia que valeu cada centavo dos seus nada baratos $ 8.95. Recomendo. Dividi uma Diet Coke com Janaina de $ 2.98. Tinha direito a refil, mas se já era grande o suficiente para dividir... Lembrando que aqui os famosos 10% que pagamos por serviço no Brasil viram no mínimo 15%. Saiu tudo com desconto, imposto e gorjeta por $ 22.40. Ah, o piso da parte interna é hiper escorregadio. Não sei como aquelas garotas andam com tanta agilidade por ali. Em seguida, matei o cansaço da andança e do voo com uma invenção diabólica: milk shake Häagen-Dazs Dulce de Leche. Custa $ 7.25, mas consegui um desconto de 15%. É para tomar chorando de tão gostoso. Com o imposto (em Miami, 7%), dois saíram por $ 13.19. E essa foi a minha alimentação paga no 1.º dia: algo em torno de $ 40 para duas pessoas.
Sobre lojas e preços do Dolphin, a Tommy Hilfiger tem várias unidades, inclusive uma clearance (liquidação do que encalhou). Produtos a $ 14.99. Mas não achei nada interessante. A normal era de enlouquecer de tanta coisa linda, mas não comprei nada. Vou ficar com a de Orlando mesmo. Afinal, o imposto lá é um pouco menor e as vendas, maiores. Calvin Klein, Armani Exchange, DKNY, Gap, Masharlls, Ross... a lista é enorme. Peguei o mapa e tive que marcar de caneta o que queria ver para não me perder e não perder tempo. A Levi's tinha calças a $ 25 em média. Achei até uma de $ 12, mas não deu. A Puma tinha as meias que adoro. O pacote com 6 pares com o desconto do passaporte saiu a $ 6.12 (sem o imposto). Uma blusinha ficou $ 10.63 (sem o imposto). Tênis casual a partir de $ 34.99 (com desconto e sem imposto, saiu por $ 29.74). Calculo uma média aproximada do preço rapidamente de cabeça multiplicando por 4. Ah, e roupas têm que ser provadas. O tamanho varia muito.
Não pude deixar de lembrar de Mariza e Kelly no Dolphin. Vi aquele ferro que engoma através do vapor feito pelo sal em água em ebulição. E também fui cobaia na demonstração de outros produtos (bem mais caros do que aquele kit das unhas) que levam o sal do Mar Morto de Israel. O rapaz judeu, muito simpático, até seus sapatos me ofereceu de brinde para ver se me convencia a comprar no momento. Uma diversão! Saí de lá com um voucher de desconto garantido em caso de retorno.
E como tudo por aqui acontece 2 horas mais tarde do que em Natal, fiquei com sono logo no início da noite!
Hoje eu deveria correr a Tropical 5k, um sonho antigo. Mas ganhei uma suspeita de fratura por estresse no pé na última semana da preparação. Preferi não arriscar o resto do passeio, já que tanto em Miami como em Orlando (nesta principalmente) se anda muito e se anda sempre e para todo lugar. E não posso nem sonhar com um gesso agora. Quem sabe em outra oportunidade eu realize esse desejo, né?
Se não chover (a previsão diz que hoje a temperatura cai bruscamente, mas não chove), quero ver o Vizcaya Museum. Conto por aqui. E hoje é dia de Madonna, bebê! A diferença de horário para o Brasil deve me deixar sonolenta, mas nada que The Queen of Pop não contorne lá na American Airlines Arena, casa do Miami Heat.
Sobre idioma, o apego de Miami ao espanhol (70% da população é composta de latinos) faz com que todo mundo tente o primeiro contato em espanhol. Às vezes, até os funcionários da imigração do aeroporto. Como não tenho a menor habilidade na língua, respondo logo em inglês para que troquemos de língua e a conversa evolua adequadamente.
Por falar em imigração, aqui você sai do avião e não pega as malas: passa direto para a enorme, mas até rápida (para a quantidade de gente) fila da imigração, onde mostrará passaporte e visto e vai tirar foto e impressões digitais. Também mostra a declaração de entrada da alfândega. Dessa vez, o oficial tava meio com preguiça de falar, mas não deixou de ser cordial. Só depois vamos em busca das malas, que normalmente já estão fora de uma das esteiras (são muitas, o MIA é enorme). Cheguei no exato momento de pegar a última na esteira (viajei na fila 13, por isso desembarquei logo). Daí, passamos por outra oficial para declarar novamente quantos dias vamos ficar, quanto de dinheiro trazemos e entregarmos a folhinha da declaração conferida pelo primeiro oficial. Se viajar em grupo, somente a primeira pessoa demora um pouco mais. Em seguida, descemos uma rampa, pegamos o elevador para o nível 3, entramos no MIA Mover (um metrô de superficie) para chegar até o centro de locação de veículos. De lá, descemos para o piso 1 e escolhemos qualquer carro da fila indicada (todos estão abertos e com a chave na ignição). Hora de se familiarizar com o câmbio automático do veículo, pegar a saída e escolher North ou South dependendo de sua direção (geografia ajuda até o GPS se achar; Downtown Miami é South, por exemplo).
Como havia prometido aos amigos, vou dando detalhes dessa viagem por aqui para uma melhor noção de quem quiser programar a sua. Esses foram os dias 1 (voo) e 2.