14 de julho de 1915 marca o início de uma linda história no Rio Grande do Norte, a história de um clube dado a missões impossíveis e que de tanto levar o nome do nosso pequeno e guerreiro estado a grandes feitos no cenário nacional e (por que não?) internacional, contrariando a lógica que impera no futebol, recebeu dos potiguares a marcante alcunha de Orgulho do RN.
É o dono da Babilônia da Rodrigues Alves, como é conhecida a histórica sede que dá um charme todo especial ao coração do Tirol e que terminou por associá-lo à elite da cidade.
No entanto, as últimas décadas trataram de massificar a torcida americana, antes confortavelmente instalada apenas na área do famoso Portão 5 do velho Castelão, mas que viveu um boom assustador com a conquista no gramado de um inédito acesso, como vice-campão da Série B, porém com a melhor campanha (coisas do futebol tupiniquim) à poderosa e elitizada Série A do Campeonato Brasileiro. O tradicional local ficou pequeno para os milhares que queriam ver os milagres de Moura, Carioca, Biro-Biro, Carlos Mota e Gito na desigual luta do futebol brasileiro.
Foram dois anos na Série A (1997 e 1998). Dois anos mágicos. No primeiro, o atrevido estreante se meteu a brigar pela classificação para a segunda fase (sim, a Série A já teve classificação e mata-mata) até a última rodada, tendo terminado em 17.° entre 26 clubes. Só caiu em casa na última rodada para o impiedoso São Paulo de então. Bastava olhar para o orçamento rubro para saber o tamanho de seu atrevimento. Não à toa foi aí que foi identificado pelo povo potiguar como maior motivo de orgulho do RN em pesquisa realizada pelo Ibope.
No ano seguinte, o atrevimento virou internacional. Passou feito rolo compressor sobre os demais adversários da Copa do Nordeste (aqui no nosso estadual, perdeu o título, mas venceu todos os clássicos do ano, inclusive os da Copa do Nordeste) e despachou num Machadão absolutamente entupido de gente o Vitória de Petkovic e companhia. Só o salário de Pet pagava toda a folha salarial do América. E com sobras. Daí o tamanho do feito do Orgulho do RN, que conquistou o Nordeste e o direito de representar o país na CONMEBOL, antecessora da atual Copa Sulamericana. O Mecão virara oficialmente internacional.
No mesmo ano encerrou sua participação na Série A de então, mas ainda com grandes feitos, como a derrota imposta aos tetracampeões Romário e Ricardo Rocha (fez um gol contra) e o então "sonhando com a classificação" Flamengo. Impiedoso, o América encerrou o sonho rubro negro em pleno Machadão.
Dez anos depois, mais um feito histórico. Com dois acessos seguidos (à Série B em 2005 e à Série A em 2006), lá estava o América transformando o RN no único estado do Brasil a ter um clube a conquistar dois acessos consecutivos no Brasileirão. Ganhou mais uma alcunha: o Rei do Acesso.
Com a inauguração da Arena das Dunas, continuou a fazer história. 1.° gol, 1.° título, vários recordes de público, 1.° bicampeonato, 1.° centenário ali conquistado. No ano passado, redefiniu o conceito de mosaico formado por torcida com os Olhos do Dragão e virou parâmetro no Brasil inteiro. Achou pouco e impôs ao Fluminense uma virada histórica em pleno Maracanã (5x2) e também redefiniu o conceito de garra e determinação. É tanto orgulho que os principais monumentos de Natal receberam iluminação vermelha pela passagem do centenário americano.
Enfim, o América chega aos 100 anos enchendo de brio os corações de todo o povo potiguar. Parabéns ao RN por seu Orgulho!