A Tribuna do Norte trouxe neste domingo uma entrevista interessante com o zagueiro campeão do centenário Flávio Boaventura. Vejamos alguns trechos:
Você chegou a sonhar com uma final de campeonato tão perfeita?
Na verdade, a gente sonha apenas coisas boas, mas marcar o gol que garantiu o título do centenário não chegou a passar pela minha cabeça. O que eu imaginava era chegar no América e inverter toda aquela situação que vinha gerando protestos da torcida. Fui mostrando nos jogos, quando procurava dar o máximo de empenho, que estava com vontade de acertar e, no final, o gol do centenário talvez tenha vindo como prêmio por todo esse esforço.
Além de sair como herói, você foi eleito por unanimidade o melhor zagueiro do campeonato. Isso estava no seu projeto?
Na verdade, estar entre os melhores do campeonato foi uma meta que tracei quando cheguei. Joguei aqui 2012 e 2013 pelo ABC [e] não consegui esse objetivo pois eu era muito imaturo ainda e acabei sendo muito expulso. Realmente eu sonhava em fazer parte da seleção do campeonato, mas não da forma que fui eleito. Pela minha situação, isso era complicado, uma vez que parte da torcida vinha me repudiando.
Você chegou dentro de um grupo praticamente formado, com dois bons zagueiros. Isso não te fez pensar duas vezes antes de aceitar a proposta?
Quando fui convidado para vir para o América, a diretoria me passou que iria reformular o time, mas Edson Rocha e Cléber iriam ficar. Cheguei muito desconfiado, até porque tinha jogado dois anos pelo ABC e conhecia a qualidade deles. (...) eu já havia jogado com Edson Rocha em 2011 e ele se dava muito bem com Cléber. Nós fomos nos entrosando e o ambiente hoje é muito bom. Como formamos dupla de zaga nos jogos da final, eu e o Clebão conversamos bastante e nos entrosamos ainda mais.
(...)
Essa conquista em cima do ABC teve um gosto especial para o Boaventura?
Teve um sabor muito especial para mim. Até porque eu joguei no clube por dois anos, fui vice-campeão em 2012, e eles pensaram que o time deles era realmente o favorito, uma espécie de Barcelona do Nordeste e que jamais seria batido. Tinham ganho um jogo da gente, empatado o outro... Havia o noticiário de que o ABC já tinha inclusive preparado a festa da conquista e isso tudo pesou na hora da decisão. O clássico é jogado. Quando fomos para dentro de campo, nós, jogadores americanos, sabíamos que só quem poderia inverter aquela situação era o grupo mesmo, com trabalho, empenho e esforço. Quando fiz o gol, algum tempo mais tarde eu fui refletir: Deus é fiel e fez, mais uma vez, a soberba perecer diante do trabalho e do sacrifício, pois nós trabalhamos muito para conquistar esse título. Nunca se pode montar uma festa antes do jogo.