sexta-feira, 8 de maio de 2015

Craques ou contas em dia?

Não é nada fácil fazer e manter um elenco de qualidade no futebol nordestino, especialmente para clubes que não sejam de PE e da BA. Faltam patrocínios de peso, cotas de televisão de vergonha e, fundamentalmente, faltam torcedores. Melhor: faltam torcedores no estádio.

Segundo pesquisas, no RN, ABC e América estão perto do milhão de torcedores. Mas as duas partidas das finais entre os dois no ano em que ambos completam 100 de anos de existência não somaram 30 mil espectadores nos estádios. Aí assistimos no mesmo dia da última partida pela TV a Ceará e Fortaleza colocarem 50 mil pessoas em apenas uma partida da final. E olha que a torcida do Ceará já havia colocado 63 mil pessoas na quarta-feira da mesma semana na final da Copa do Nordeste.

Qual seria o problema do RN: crise, ingressos mais caros, associação com preço alto, violência das torcidas? Não sei dizer. Só sei que guardo uma certeza dentro de mim: o povo do RN não gosta dos clubes daqui. Esporadicamente, vemos exemplos contrários, como a final entre América e Globo no estadual do ano passado com mais de 20 mil pessoas no estádio, ou mesmo em 1998, quando mais de 40 mil americanos viram o América se tornar campeão do nordeste contra um super Vitória, com Petkovic e cia. O público normal de um jogo no RN não passa de 4 mil pessoas. O mesmo se diga do número de sócios, tanto de ABC como de América: se conseguirem 3 mil, já devem soltar rojões.

Não quero discutir preço de ingresso ou mensalidade de sócio, nem mesmo quais benefícios são ou deveriam ser dados a quem se associa a América e/ou ABC. Falo mesmo é da quantidade de motivos alegados para relegar os pobres clubes do RN a um segundo plano. São os mais variados: desde diretoria mercenária à falta de mais benefícios, além dos ingressos. Cresci numa época em que ser natalense era ser sócio ou do América, ou do ABC, ou do Alecrim. Pagava-se caro por um título patrimonial e ainda havia taxa mensal. Benefício? Só acesso às piscinas do clube, mesmo assim de forma limitada.

Desde que foi criado o tal sócio torcedor, em geral, paga-se um valor mensal e o adquirente passa a ter direito de assistir a todos os jogos do clube em questão sempre que este detenha o mando de campo. Há vários outros benefícios, como descontos em produtos que vão de cerveja a botijão de gás. Para mim, tudo isso sempre foi mero detalhe. Sou sócia porque tenho orgulho de fazer parte do meu clube. No caso do América, meu pai era sócio proprietário. E eu comecei a minha história de contribuições mensais ao meu time de coração numa situação penosa como a atual: um rebaixamento para a Série C, conjugado a uma crise financeira e administrativa que ameaçava até mesmo a continuidade do clube no futebol brasileiro. Lembro bem que naquele ano (2005), Augusto Varela convocou torcedores apaixonados para uma reunião  na sede social e lá apresentou a ideia de um carnê com prestações mensais no valor de R$ 10 para que a torcida fosse o grande patrocinador do Mecão. Muita gente pegou mais de um carnê. Benefícios? Nenhum, a não ser um adesivo que Augusto mandara fazer e distribuíra ali mesmo com os presentes, independentemente de eles aceitarem ou não o pagamento dos carnês. 

10 anos depois, eu vejo discussões sobre quais as vantagens de ser sócio dos clubes daqui e fico pasmada. Não compreendo. Ou se é de um clube, ou não. Ou se abraça um clube por amor, ou não. Ser sócio só tem uma vantagem para gente como eu: o orgulho de fazer parte do meu clube de coração. Receber acesso prático a todos os jogos e ainda ter um planejamento mensal a respeito de quanto será gasto com o futebol é mais do que benefício, é uma benção. Ah, mas há muita gente que não pode pagar uma mensalidade ou um ingresso de R$ 50. Coloca um jogo do Flamengo a R$ 100 aqui para ver se a Arena não fica entupida de gente! Além disso, há outros planos mais em conta.

Dói, mas o torcedor potiguar gosta mesmo é de torcer pelos clubes da televisão, principalmente os do Rio de Janeiro. Torcer por América e ABC está mais para uma leve simpatia só lembrada em época de grandes jogos contra os times do eixo RJ-SP. No restante do tempo, que importa se os bravos representantes do povo potiguar no futebol morrerão de inanição?

Sobre o título deste texto eu me posiciono agora. Entre ter craques (talvez seja melhor  trocar por bons jogadores) no time ou manter as contas do clube em dia, eu sou 100% a favor da última opção. E nem me venham com aquele papo de "traz o craque que a torcida paga". Tudo balela. O América fez um timaço para o estadual, time que teria até condições de brigar para ficar na Série B do Brasileirão, e só não está endividado (ainda) porque houve sobra de caixa do ano passado, segundo as palavras do presidente agora licenciado Gustavo Carvalho. Tanto é assim que a saída de jogadores começou faz tempo. Wálber, titular, foi embora. Daniel Costa também não vai ficar, segundo o Vermelho de Paixão, O próximo da lista, podem anotar, é Max. Afora outros mais que não eram titulares, mas que aparentemente não terão reposição pelas terríveis perspectivas financeiras do clube, que não renovou com a Caixa (pelo menos até agora).

Enquanto isso, a lista de motivos para não ser sócio só aumenta, assim como a de reclamações dos torcedores. Já a lista dos que abraçaram o clube e querem empurrá-lo de volta à Série B essa nem chegou aos 2 mil...

Pobre futebol potiguar, sempre inferiorizado e preterido em razão de qualquer coisa que venha com a marca NOT MADE IN RIO GRANDE DO NORTE.

Série B 2015: Mogi Mirim x Criciúma às 21h50

Local: Estádio Romildo Ferreira

Mogi Mirim (4-4-2): Daniel, Edson Ratinho, Fábio Sanches, Wagner, Leonardo; Magal, Léo Bartholo, Vitinho, Gustavo; Geovane, Magrão. Técnico: Edinho Nascimento.

Criciúma (4-4-2): Luiz, Maicon Silva, Rafael Pereira, Iago Maidana, Rômulo; Barreto, Ruan, Douglas Moreira, Vitor Michels; Bruno Lopes, Paulo Sérgio. Técnico: Moacir Júnior.

Árbitro: Marcos Mateus Pereira (MS)
Assistentes: Sérgio Alexandre da Silva (MS) e Cícero Alessandro de Souza (MS)

Destaques do Mogi
Edson Ratinho - boa opção ofensiva.
Geovane - bom na movimentação e nos chutes de fora da área.

Destaques do Criciúma
Maicon Silva - boa opção ofensiva.
Bruno Lopes - bom na movimentação.

Prognóstico: ânimos diferentes, já que o Mogi subiu e o Criciúma desceu. Vitória do Mogi.

Série B 2015: Paraná x Ceará às 21h

Local: Estádio Durival Britto

Paraná (4-4-2): Marcos, Ricardinho, Zé Roberto, Rodrigo,Yan; Éder, Washington, Jean, Rafael Costa; Henrique, Paulo Henrique. Técnico: Nedo Xavier.

Ceará (4-4-2): Luís Carlos, Samuel Xavier, Charles, Gilvan, Eron: João Marcos, Uillian Correia, Eloir, Marinho; Assisinho, William. Técnico: Silas Pereira.

Árbitro: Marcelo Aparecido de Souza (SP) 
Assistentes: Daniel Paulo Ziolli (SP) e Carlos Augusto Nogueira Júnior (SP)

Destaques do Paraná
Marcos - seguro.
Ricardinho - boa opção ofensiva.

Destaques do Ceará
Luís Carlos - seguro.
Marinho - bom na movimentação e na finalização.

Prognóstico: o grande trunfo do Paraná é o experiente Nedo Xavier, que começou o ano com vários confrontos contra o Ceará. O time cearense tenta superar os desfalques, especialmente a saída de Magno Alves. Empate.

Série B 2015: ABC x Oeste às 19h30

Local: Estádio Maria Lamas Farache

ABC (4-4-2): Saulo, Reginaldo, Suéliton, Maurício, Lima; Fábio Bahia, Michel, Erivélton, Wellington Bruno; Fabinho Alves, Kayke. Técnico: Josué Teixeira.

Oeste (4-4-2): Paes, Ivonaldo, Daniel Gigante, Ligger, Zeka; Dionísio, Leandro Melo, Wangler, Roger Gaúcho; Waguininho, Júnior Negão. Técnico: Roberto Cavalo.

Árbitro: Avelar Rodrigo da Silva (CE)
Assistentes: Nailton Júnior de Sousa Oliveira (CE) e Anderson Moreira de Farias (CE)

Destaques do ABC
Saulo - tem feito milagres.
Kayke - atacante que não perdoa.

Destaques do Oeste
Paes - experiente.
Roger Gaúcho - bom na movimentação.

Prognóstico: o ABC luta contra dois tabus: o de não vencer na estreia e o de não vencer o Oeste. O time paulista, por sua vez, manteve uma certa base. Empate.

Série B 2015: Atlético-GO x Boa às 19h30

Local: Estádio Serra Dourada

Atlético-GO (4-4-2): Márcio, Eduardo, Lino, Rafael, Sidcley; Anderson Pedra, Pedro Bambu, Zezinho, Aílton; Rafinha, Arthur. Técnico: Marcelo Martelotte.

Boa (4-4-2): Fernando, Léo Baiano, Raphael Silva, Everton Sena, Lucas Morelatto; Mardley, Maycon, Moacir, Natan; Ualisson Pikachu, Marcelo Sabino. Técnico: Ney da Matta.

Árbitro: Carlos Ronne Casas de Paiva (AC)
Assistentes: Rener Santos de Carvalho (AC) e Jean Carlos Rodrigues da Silva (AC)

Destaques do Atlético-GO
Márcio - líder.
Pedro Bambu - bom na marcação e no apoio ofensivo.

Destaques do Boa
Fernando - experiente.
Moacir - bom na movimentação.

Prognóstico: o Atlético-GO conta o fator campo e o apoio de sua torcida. O Boa não vem bem desde a saída de Nedo Xavier. Vitória do Atlético-GO.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Não há mais desculpas

A se confirmar o afastamento do presidente Gustavo Carvalho do América, acaba a última das desculpas levantadas por quem havia deixado de ser Sócio Mecão e/ou comparecer aos jogos do América neste ano.

Além disso, a volta dos "pés quentes" Hermano Morais e Alex Padang bota a última pá de cal em quem insistia em não abraçar o América mesmo após a conquista do bicampeonato num ano histórico para o clube: o de seu centenário.

Chegou a hora, minha gente! Todos unidos para empurrar o Orgulho do RN de volta à Série B. Comecemos logo adquirindo 3 adesivos por R$10 para mostrar a todos quem conquistou o título que vale por 100. Aproveite o embalo e vire Sócio Mecão. Ou então comece a juntar dinheiro para os ingressos, porque a sua voz fará a diferença na conquista do 1.° acesso da Arena das Dunas. 

Americanos, uni-vos!

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Quanto vale um sonho

Já ouvi dizer que medo é a exata medida das consequências de algo. Quanto maiores as possíveis consequências, maior o medo. Concordo com esse pensamento. Pena não lembrar se tal aforismo tem um autor famoso. De todo jeito, levo a frase como uma verdade incontestável.

Hoje li uma reportagem no G1.com que me fez parafrasear o conceito acima, no entanto, aplicando-o ao que seria um sonho. Sonho é a medida exata dos seus esforços. Pensando bem, melhor seria afirmar que a transformação de um sonho em meta é a medida exata dos seus esforços. Quanto vale um sonho? Quanto mais esforço necessário para alcançá-lo, mais algo pode ser considerado um sonho, e quanto mais alguém de fato se esforça para alcançar algo, mais o sonho vira uma meta.

A reportagem que li traz a história (com H, porque verdadeira) que se passou com um sujeito de Sananduva, RS, e virou destaque com a sua chegada ao Distrito Federal neste mês.

Dos 9 aos 15 anos, ele e mais quatro irmãos eram borracheiros com o pai. Viviam de consertar pneus e lavar carros. Segundo seu relato, mãos e pés chegavam a congelar no inverno por ausência de equipamentos de proteção. "Só restava fazer muito fogo para se aquecer, mas, com isso, os choques térmicos era inevitáveis. Vivíamos com fissuras nas mãos e pés."

Diante das duras condições de vida, sua família acreditava que a única saída possível era a educação e, com muito esforço, os cinco irmãos foram aprovados numa faculdade de Direito a 250 quilômetros de casa. Os estudos foram pagos com um novo ofício que os irmãos tiveram que adquirir: aprenderam a costurar cortinas e edredons e a fazer bordados. Sem dinheiro para outros "luxos", os irmãos trocavam de roupa e de sapatos entre si para não irem vestidos sempre do mesmo jeito para a aula.

Ao conseguir a habilitação, o sujeito passou a trabalhar na área de vendas. Saía todo dia bem cedinho e ia de porta em porta pelos municípios da região vendendo os produtos do novo ofício. O almoço tinha como cardápio algumas fatias de pão caseiro e um pedaço de frango empanado frio ou uma torrada, tudo feito pela mãe. Para acompanhar, um litro d'água numa garrafa pet.

No fim da tarde, era hora de voltar para casa e pegar o ônibus para a faculdade. Nem sempre conseguia tomar banho. Comparecer às aulas geralmente só dava certo em 3 dias da semana. Ficou em prova final nos 10 semestres do curso.

Os colegas, bons seres humanos, emprestavam os cadernos para que ele copiasse as anotações. Livros de doutrina para estudo eram raros. "Aliás, meu 'horário de estudos' era no ônibus, durante as viagens de ida e volta, e aos domingos - os sábados eu usava para fazer vendas nas cidades mais distantes. A necessidade faz a gente se reinventar."

Tentou a Escola Superior de Magistratura aos 22 anos por insistência de um professor. Foi aprovado, mas passou a trabalhar nos finais de semana em escritórios e levava os estudos de segunda a sexta a 400 quilômetros de casa.

Com o fim do curso, neste momento já casado, ele começou a fazer concursos. Chegou perto da aprovação entre 1999 e 2003 nas carreiras de promotor, procurador, juiz estadual e juiz do trabalho, mas desistiu porque nascera o primeiro filho. Somente em 2010 retomou o sonho da aprovação. "Sofri muito para refazer a base do conhecimento que perdi durante aquela 'parada técnica'. Levei um bom tempo para voltar a atingir um 'nível competitivo'. Reprovei em muitos concursos. (...) Logo percebi que, por conta das minhas limitações (...) eu não conseguiria (...)  frequentar cursos preparatórios, estudar por 'doutrina pesada' etc."

Ele então começou a fazer resumos das matérias e a grifar as principais leis para voltar a ter noção das principais áreas do Direito. Fez sinopses de informativos, usou a internet, estudou provas antigas. Terminou juntando mais de 200 quilos de material de estudo - exatamente 34 caixas.


Todo esse material foi agora encaminhado para a reciclagem. Rolando Valcir Spanholo, o ex-borracheiro de 38 anos, tomou posse neste mês como juiz do Distrito Federal. "Naquele momento [espera de cinco horas em confinamento pela prova oral], um filme da vida passa na cabeça da gente. Sem me abalar, em fração de segundos, lembrei-me de cada fase, dos meus pais e familiares, das privações, das quedas, enfim, de tudo que tinha se passado ao longos dos 38 anos de minha existência. Entrei naquele recinto pronto para 'lutar' por mim e por todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, acabaram me ajudando a chegar naquele lugar. Não podia decepcioná-los."

"A vida sempre me ensinou que dificuldades existem para serem superadas. Aliás, dificuldades todos têm. Uns mais, outros menos, mas todos enfrentam obstáculos para alcançar seus sonhos. O que diferencia as pessoas é exatamente a forma como elas reagem diante das resistências do cotidiano. Uns se acovardam e se deixam dominar. Outros veem nas dificuldades grandes oportunidades de crescimento, de evolução pessoal."

Ler e não se emocionar com essa história é não reconhecer os grandes feitos de que o ser humano com sua inesgotável força de vontade é capaz. Quanto vale um sonho, qualquer quer seja ele? Quais obstáculos são mesmo intransponíveis? Quem define os limites de cada um? 

A transformação de um sonho em meta (alcançável) é a medida exata dos seus esforços. Reflitamos, então.

terça-feira, 5 de maio de 2015

O técnico do Potiguar 2015

Segundo eleição conduzida pela Federação Norte-rio-grandense de Futebol entre os que militam na imprensa futebolística potiguar, o técnico do Potiguar 2015 foi Josué Teixeira. A justificativa encontrada para tamanho disparate no resultado seria que os votos foram dados antes dos jogos finais. Não sei se é para rir ou para chorar.

Analisemos os fatos até então. Josué Teixeira conduzira o ABC em 7 partidas. Roberto Fernandes conduziu o América por todo o 1.º turno, todo o 2.º turno, além da classificação para as quartas-de-finais da Copa do Nordeste e da classificação inédita e antecipada para a 2.ª fase da Copa do Brasil, isso tudo com N desfalques e sem conseguir repetir escalações. Não seria de maior bom senso escolher o trabalho mais estável e duradouro? Não para a imprensa potiguar, que parece nutrir mesmo uma certa rejeição a Bob, sem falar em tudo mais que seja proveniente do América.

Vejam que nem me referi ao fato de Roberto Fernandes ter sido o comandante de um título histórico, dando ao América o bicampeonato em pleno ano do centenário. Isso nem poderia ser levado em consideração se a votação foi anterior às partidas finais.

Mas o ABC foi campeão do 2.º turno invicto! É verdade. Porém, já naquele América 0x2 ABC ficou muito claro que o time de Josué não parecia ter forças para suplantar nem a marcação americana, nem o volume do ataque adversário pelo que se viu no 1.º tempo. Tantas foram as chances perdidas, que o próprio Josué disse que o jogo teria sido completamente diferente se o América tivesse convertido as inacreditáveis chances perdidas, especialmente por Max. Tanto isso é verdade que ele tentou nos dois jogos seguintes mexer na escalação para evitar o poderio do adversário, mas só conseguiu equilibrar as coisas quando o paraense Dewson inventou a expulsão de Maguinho ainda no 1.º tempo do 1.º jogo da final.

O que explicaria a escolha de Josué? Eis o constrangimento a que imprensa potiguar se submeteu. Trocaram um trabalho inteiro de reconstrução por apenas 7 partidas de deslumbramento. Ou faltou competência para ler o jogo, analisar friamente os trabalhos até então desenvolvidos, ou foi deslumbramento mesmo com a volta do ABC às finais de um estadual. Qualquer uma das soluções tira credibilidade dos eleitores, o que termina por atingir a reputação dos profissionais. E reputação é uma coisa que levamos a vida inteira para construir, mas que desmorona em apenas 5 minutos.

De todo jeito, ficou feio. Ficou tão feio, que jogadores, comissão técnica, presidente e todos os diretamente ligados ao futebol do América simplesmente menosprezaram a premiação da FNF, que se viu ridicularizada até mesmo por torcedores abecedistas nas redes sociais.

Que fique claro que isso não quer dizer que Josué Teixeira não seja um bom treinador. Ou ainda que não preste para mais nada porque seu time foi amplamente envolvido pelo América nos 3 clássicos, especialmente nas finais. Só que são necessários bem mais que 7 jogos, principalmente de um estadual, para que uma análise seja mais realista, para o bem ou para o mal - uma constatação tão simples, de tanto bom senso, mas que parece nem ter passado pela cabeça do pessoal da imprensa de futebol do RN. Agora é lidar com a ressaca moral.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Sobre o alambrado que cedeu

No programa da manhã da Satélite FM, Aquino Neto lembrou o alerta feito por um torcedor do ABC há mais ou menos quatro semanas sobre as condições do alambrado que cedeu. O torcedor, identificado como Almir do Detran, mostrava-se preocupado então com o risco de um acidente com a torcida abecedista.

Vendo o jogo pelo Esporte Interativo, ainda durante a partida, as imagens da torcida americana já transpareciam que aquele pedaço do alambrado apresentava grande fragilidade com o hábito de alguns torcedores de assistir ao jogo nele encostado.

Não deu outra. Felizmente, ninguém se feriu gravemente. Mas vem dor de cabeça por aí. O estádio terá condições de receber torcedores naquele setor no jogo da próxima sexta?

As carências

Passadas as emoções da final do centenário e conquista do bicampeonato pelo América, eis que restam as competições nacionais: Copa do Brasil para ABC e América, Série B para o ABC e Série C para o América. 

Dizem que o estadual não serve de parâmetro. Acho que serve sim. A tendência (eu escrevi "tendência") é de que aquilo que não deu certo nessa competição não dará nas nacionais. Entretanto, não é hora de partir do zero, mandar todo mundo embora e fazer outro time. Assim jogar-se-iam fora o planejamento traçado e o trabalho até então desenvolvido para que um novo time fosse montado.

Para o ABC, o buraco é um pouco mais embaixo. O nó imposto por Roberto Fernandes com uma equipe de Série C a uma equipe que vai disputar a Série B acende um grande alerta para a necessidade de reforçar o elenco. Mas reforçar com jogadores que cheguem para ser titulares, não para completar o elenco, embora entrem aos poucos para não desmontar a equipe. Josué Teixeira já fazia esse alerta ainda antes dos jogos das finais: " Não adianta achar que este elenco aguenta uma Série B." Meias e zagueiros são para ontem.

No América, apesar da disputa ser num nível teoricamente mais fácil e com um calendário mais elástico, o que deve diminuir sobremaneira os problemas de lesão, embora o nível dos gramados seja motivo de preocupação, as carências já se apresentavam desde o estadual. As duas laterais são cruciais. Na direita, só há Diogo. Na esquerda, o problema de desempenho é tão grave que Álvaro foi improvisado por ali nas finais. Um volante a mais ante o risco de lesão de Zé Antonio Paulista e de Tiago Dutra não seria uma má pedida, especialmente se a ideia for utilizar 3 de uma vez (não acredito).

Confesso que não acredito na renovação com Daniel Costa e especialmente Max. E o América já se movimentou. Chegou o bom Clébson e, segundo José Jorge, Luiz Eduardo, artilheiro da Caldense-MG, vem aí. Por sinal, ontem saiu ovacionado pela torcida mineira na final contra o Atlético-MG. Ainda segundo JJ, caso Max não fique mesmo, outro atacante ainda será contratado.

De todo jeito, o tempo urge. O América volta aos gramados contra o Atlético-GO no dia 12/05, na Arena das Dunas, pela Copa do Brasil e estreia na C no dia 17/05, em Marabá, contra o Águia. O ABC tem ainda menos tempo para suprir suas carências: sua estreia ocorre na próxima sexta, às 19h30, no Maria Lamas Farache, contra o Oeste-SP.