Nos anos 80, 90 e até 2000, as informações eram transmitidas por TVs, rádios, jornais, revistas, cartas, telegramas, bilhetes, telefonemas e, mais à frente nessas 3 décadas, também por emails e sms.
As coisas demoravam mais a serem comunicadas. No caso de notícias mesmo, só o rádio era mais rápido, mas nem se compara com os tempos atuais.
Hoje todos os meios de comunicação se renderam às redes sociais. É lá que sai primeiro. Até jornais têm aplicativos que notificam a cada notícia tida como importante.
Mas uma coisa parece que não mudou: o jeito de cobrir notícias tidas como impactantes. Se antes, elas dominavam o noticiário em geral, até pela demora da comunicação, hoje elas dominam o noticiário em geral e também todas as redes sociais, tirando a paz de quem almeja "virar o disco", como se dizia dos antigos discos, ou LPS, que hojem são chamados de vinis, como se o material superasse o formato.
Fico nos dois últimos fatos impactantes brasileiros: a queda do avião da Voepass e a morte de Sílvio Santos. Se naquelas décadas uma cobertura tão incessante era justificada pela quase ausência da internet ou de notícias on demand, atualmente ela virou um exagero que satura qualquer mente já muito saturada dos trezentos mil estímulos textos de 140 caracteres, ou vídeos de 11 segundos, ou de fotos exclusivas, ou de diagramas explicativos agora gourmetizados como "mapas mentais".
No caso de Sílvio Santos, visionário indiscutível da comunicação/entretenimento, parece que só ele mesmo enxergou isso, posto que seu canal talvez tenha sido o único da TV aberta a não se dedicar com exagero à cobertura de sua morte. Afinal, desde o momento em que o SBT anunciou em postagem no Twitter o falecimento de seu dono, todos os celulares foram inundados com notificações e assemelhados a respeito do empresário judeu. Desde ontem às 10h até hoje às 20h30, não se fala noutra coisa.
Aliás, Silvio Santos, com sua morte, foi o único a quebrar a hipnose nacional com a tragédia da Voepass.
Não estou aqui afirmando que ambos os fatos são menos importantes. De forma alguma. Defendo justamente o contrário: são tão importantes que não havia necessidade de tanta saturação sobre eles dada a realidade atual de cobertura incessante nas redes sociais. TVs, jornais, revistas, rádios parece que não entenderam isso ainda. Nem sei se um dia entenderão. Acho que nunca entenderão.
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