sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

É muita vontade

É mesmo muita vontade de ver um jogo de futebol a pessoa se dar o trabalho de acompanhar os reservas da seleção brasileira em campo numa copa do mundo. Se há anos falo que há um problema de safra de jogadores brasileiros, obviamente não se pode esperar que o time reserva consiga superar o desempenho regular do time titular.

Irresponsabilidade de Tite? Se o Brasil precisasse do resultado para se classificar, seria. Mas o futebol atual requer muito da condição física e o time brasileiro tinha 3 jogadores recuperando-se de lesão. Para que arriscar a perda de novos titulares e aí se submeter a jogar com jogadores reservas partidas decisivas? 

Foi-se o tempo em que facilmente poderíamos escalar 3, 4 seleções brasileiras. Agora só dá para uma e esta tem que suar muito para superar adversários, como é a regra no futebol atual para todo mundo. Se alguém pensou que seria fácil, fica o alerta para o que a Coreia do Sul pode aprontar. Aliás, não só a Coreia do Sul. O Japão venceu Espanha e Alemanha e só se engasgou com a Costa Rica, quando provavelmente relaxou por enfrentar um time "fácil". 

Sobre a arbitragem, depois de ver gente querendo brigar com a exatidão de um chip implantado na bola (padrão bolsominion de contestação da verdade), ressalto que, em geral, gosto da atuação nas copas. O jogo é de contato e a arbitragem na copa entende bem isso e deixa o jogo rolar mesmo. Só algo mais grave interrompe a partida. Os contatinhos que a arbitragem brasileira costuma cismar que são falta fazem parte do jogo legal.  

Entretanto, que tristeza foi ver o que vi hoje após o gol da vitória de Camarões: Aboubakar expulso por comemoração. Um jogador deste nível (o mundo do futebol não pode deixar um jogador desse perdido num time qualquer; não sei onde ele joga) ser expulso por comemorar um gol contra o Brasil, um gigante do futebol masculino, é só uma pequena mostra da imbecilidade de algumas muitas regras da Fifa e da falta de razoabilidade de quem as aplica. Essa era a hora do árbitro fingir que não viu, como o árbitro fez em Itália x Uruguai na Arena das Dunas em 2014, quando Suárez deu uma de vampiro para cima de Chiellini, um lance gravíssimo que até eu vi da arquibancada e que influenciou no resultado da partida e no andamento da copa inteira.

Sobre o meu boicote ao equívoco Catar, ele segue sendo pressionado incessantemente para ter um fim. Janaina nem tem mais vergonha de ligar a TV nos jogos até no carro. Resisti ao 1.° tempo novamente, desta feita com um livro, e fui tomar um cafezinho no 2.° tempo, quando não tive mais como escapar de assistir ao jogo, embora sem aquela atenção normal. É tanta pressão que já estou duvidando de mim nas oitavas de final, que começam amanhã. Pelo menos, o Só Futebol? Não! passou longe do que normalmente é em copas. Pelo menos.

Mais peneiras

As avaliações para as categorias de base seguem com tudo no América. Neste sábado, elas seguem tanto no CT do clube em Parnamirim, como em Serrinha e Lajes do Cabugi.


Só serão avaliados os nascidos entre 2006 e 2009 e que compareçam às peneiras trajando seu próprio material (chuteiras, caneleiras, camisa e short esportivos, além de luvas para quem for goleiro).

Manchetes do dia (2/12)

A manchete do bem: 
  • Anvisa dá aval para avanço dos testes da Butanvac em humanos
As outras: 
  • Revisão da vida toda do INSS é aprovada no STF por 6 votos a 5
  • Chantal Akerman é primeira mulher no topo da lista de melhores filmes da história
  • X de Sexo vira coluna semanal e volta a ser publicada no site F5
Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (12/2)

The headline for good: 
  • Major news outlets urge U.S. to drop its charges against Assange
The others: 
  • Can Brazil's divisive team unite a fractured nation?
  • Elon Musk hopes to test a brain implant in humans next year 
  • After Xi's coronation, a roar of discontent against his hard-line politics
Good morning.

Source: The New York Times 

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Mais amistosos

Quem também anunciou amistosos nesta pré-temporada foi o ABC,  que terá 3 confrontos preparatórios: Botafogo-PB no dia 23 em Natal, Botafogo-PB no dia 28 em João Pessoa e Santa Cruz de Natal no dia 30 no Frasqueirão.

Top 10 da Globoplay

Eis as obras disponíveis na Globoplay mais assistidas em novembro:
  1. Flordelis: Questiona ou Adora
  2. Todas as Flores
  3. Milton Nascimento: A Última Sessão de Música
  4. Escola Base: Um Repórter Enfrenta o Passado
  5. Travessia
  6. Ronaldo, o Fenômeno
  7. Quatro por Quatro
  8. Dragon Ball Z: Kai
  9. Som Brasil
  10. Catarina, a Grande

Manchetes do dia (1/12)

A manchete do bem: 
  • Lula reafirma prioridade de combate à fome em reunião com economistas da transição
As outras: 
  • TRE aponta falhas na prestação de contas de Moro pela terceira vez
  • Defensoria recomenda revisão de regras sobre aborto e escolas militares a equipe de transição
  • Na Amazônia, estradas associadas à mineração causam grandes danos ambientais
Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (12/1)

The headline for good: 
  • Powell says Fed could slow rate increases at next meeting
The others: 
  • The Communist Party is losing China's people
  • Buckingham Palace staff member resigns over remarks to Black guest
  • F.D.A. considering new approach to blood donation by gay and bisexual men
Good morning.

Source: The New York Times 

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Apocalipse moderno

Amanhã, 1.º de dezembro, é o Dia Mundial de Luta contra a Aids, e a newsletter Tudo a Ler, da Folha de S.Paulo, trouxe nesta semana um trecho do ensaio Aids e suas Metáforas, de Susan Sontag, traduzido por Paulo Henriques Britto e Rubens Figueiredo, publicado pela Companhia das Letras.

Publicado originalmente em 1989, o texto é extremamente atual, talvez por termos sido sugados por uma quase máquina do tempo de 2018 para cá que nos jogou de volta à realidade dos anos 80, ainda mais nestes tempos de pandemia. Vale a leitura e por isso compartilho a seguir.

Boa parte do bem-intencionado discurso público de nosso tempo expressa o desejo de ser franco a respeito de um ou outro dos diversos perigos que talvez nos levem a uma catástrofe absoluta. E agora há mais um. Além da destruição dos oceanos, lagos e florestas; do crescimento demográfico incontrolável nos países mais pobres do mundo; de acidentes nucleares como o de Chernobyl; dos danos sofridos pela ozonosfera; da ameaça constante de conflito nuclear entre as superpotências; ou de um ataque nuclear perpetrado por algum país não controlado por nenhuma superpotência -, além de todos esses perigos, agora temos a aids. Ao nos aproximarmos do fim do milênio, talvez seja inevitável o crescimento de especulações apocalípticas. Ainda assim, não parece possível explicar as proporções a que chegaram as fantasias catastróficas em torno da aids apenas pela proximidade do ano 2000, ou pelo perigo concreto representado pela doença. Há também a necessidade de uma previsão apocalíptica específica para a sociedade "ocidental", e talvez mais ainda para os Estados Unidos. (Alguém observou que os Estados Unidos são um país com alma de igreja - uma igreja evangélica, dada a anunciar fins catastróficos e começos radicalmente novos.) A vontade de fazer previsões pessimistas reflete a necessidade de dominar o medo do que é considerado incontrolável. Exprime também uma cumplicidade imaginativa com o desastre. A sensação de mal-estar ou fracasso cultural dá origem à vontade de começar do zero, de fazer tábula rasa. Ninguém quer uma peste, é claro. Mas é bem verdade que seria uma oportunidade de começar de novo. E começar de novo é algo bem moderno, e bem americano, também.

É possível que a aids esteja tendo o efeito de nos acostumar ainda mais à ideia da destruição global, uma perspectiva à qual fomos habituados pelos armamentos nucleares. Quanto maior a inflação da retórica apocalíptica, mais irreal se torna a perspectiva do apocalipse. Eis uma situação que se repete constantemente no mundo moderno: o apocalipse aproxima-se... e não chega a acontecer. E continua a aproximar-se. Pelo visto, estamos sofrendo de um dos tipos de apocalipse moderno. Temos um que não está acontecendo, cujo resultado permanece suspenso: os mísseis que descrevem órbitas em torno da Terra, com uma carga nuclear capaz de destruir todas as formas de vida sobre a Terra várias vezes sucessivamente, e que (até agora) não dispararam. E temos ainda aqueles que estão acontecendo, e no entanto não tiveram (até agora) as consequências mais temíveis - como a dívida astronômica do Terceiro Mundo, a superpopulação, os desastres ecológicos e também os que acontecem e depois (segundo nos dizem) não aconteceram - como o colapso da bolsa de valores de outubro de 1987, que foi um crack, como o de outubro de 1929, e não foi. O apocalipse agora virou uma novela: não "Apocalipse agora", mas "Apocalipse de agora em diante". O apocalipse passou a ser um evento que está e não está acontecendo. Talvez alguns dos eventos mais temidos, como os danos irreversíveis ao meio ambiente, já tenham acontecido. Mas ainda não sabemos, porque os padrões mudaram. Ou porque ainda não conhecemos os índices apropriados para medir a extensão da catástrofe. Ou simplesmente por se tratar de uma catástrofe em câmara lenta. (Ou que dá a impressão de ser em câmara lenta, porque sabemos que está acontecendo, podemos prevê-la; e agora temos de esperar que ela aconteça, para que venha a se concretizar aquilo que julgamos saber.)

Manchetes do dia (30/11)

A manchete do bem: 
  • Senado dos EUA aprova proteção a casamento gay, e direito vira lei federal
As outras: 
  • Justiça dos EUA condena líder de extrema direita por sedição em ataque ao Capitólio
  • Só 5% dos jovens terminam ensino médio com aprendizado adequado em matemática
  • Diversidade feminina no futebol avança na Globo, mas fica só no treino
Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo