É quase um paradoxo ter um filme na Nova York de 1986 e dizer que ele é atemporal. Um filme com telefones de gancho e fio, de camisões femininos, de brincos geométricos. Sim, são os anos 80 na telinha.
Ela Quer Tudo é do questionador e surpreendente Spike Lee, e ele também atua nesta obra sobre uma mulher que tem 3 namorados e, apesar da pressão deles, não pretende escolher apenas um.
Sua atemporalidade aparece fortemente na representação machista que os namorados fazem dela, um mais do que os outros. Nem os quase 40 anos de idade do filme o deixam desatualizado.
Alerto que a ideia é de uma comédia romântica do jeito dos anos 80, com muito mais reflexão do que risadas. Também tem censura 18 anos, possivelmente pelas cenas de sexo (eu diria até puritanas para os padrões atuais). Os diálogos também soam artificiais inicialmente, talvez uma técnica cafajeste mesmo porque o filme se apresenta quase o tenpo todo como se fosse um documentário.
Muito arrastado e forçado no começo, a obra, com 1h24 de duração e rodada quase que 90% em preto e branco, consegue despertar a curiosidade para seu desfecho, que não decepciona.
Há também uma série recente inspirada nela, também de Spike Lee, na Netflix, e que já está na minha lista para começar em breve.