Falei sobre o que eu acho que a Olimpíada de Tóquio - 2020 deixou para nós, mas preciso falar do enorme vazio que fica para quem ama esporte com o seu fim.
Temos uns 10 canais de esporte na TV por assinatura, fora os canais abertos que também se aventuram em coberturas esportivas. Com o fim da Olimpíada, quase todos vão seguir na monotonia do futebol masculino dominando sua programação. Não importa se a galera madrugou para ver skate, surfe, boxe, arremesso de peso, canoagem (a de Isaquias ou a de Ana Sátila), maratona aquática, vela, nado sincronizado, saltos ornamentais, ginástica artística e tantas outra modalidades que sempre encantam. Nada disso seduz quem define a programação esportiva da TV: temos mais do mesmo o ano todo, todos os anos.
Quer ver golfe feminino? Vá para um canal específico. Futebol feminino ou WNBA? Reze para a transmissão estar disponível no Twitter ou no Facebook e para você ficar sabendo a tempo. O resto fica escondido - quando fica - nos piores horários ou nos canais mais inacessíveis.
Já o futebol masculino, seja de quinta categoria ou de nível adequado, este vive em profusão. É ao vivo, é VT, é VT de novo, é debate de manhã, na hora do almoço, no jantar, de madrugada... Ai de quem ousar gostar de um outro esporte neste país do mais do mesmo.
Fala-se muito sobre investimento nos esportes olímpicos (tiremos o futebol masculino dessa e deixemos apenas o futebol feminino), mas a verdade é que os próprios canais de transmissão não se permitem pelo menos testar colocar um canal mais acessível - aquele que qualquer pacote de TV tem - com uma cobertura mínima das modalidades olímpicas, principalmente quando se trata do feminino.
Já viram handebol de clubes na TV? Ou o campeonato americano de futebol feminino? Um mundial de esgrima ou de badminton? Ou de remo ou canoagem? Ou pelo menos notícia do que rola por aqui no Brasil a esse respeito?
Enfim, o vazio que uma Olimpíada deixa é enorme para quem ama esporte de verdade.