Nem foi o resultado. Ter que vencer por 2 gols de diferença em campeonatos nacionais é tarefa da qual o América já é useiro e vezeiro.
Olhar para o que aconteceu no jogo é que é desanimador. Um primeiro tempo com um jogador absolutamente nulo em campo (Anderson Paraíba), um dormindo (Rondinelly) e um que parecia empenhado em errar bolas dentro de sua especialidade (Wallace Pernambucano) terminou deixando a conta pesada para os outros que tentavam empurrar o time para frente (Felipe Guedes, Romarinho e Elias, esse praticamente só nos acertos à frente).
Com tudo isso, o América ainda criou chances e de certa forma controlou o jogo, ainda que o Coruripe também tenha tido pelo menos um bom momento no 1.° tempo dentro de sua estratégia de contra-ataques.
Por falar em contra-ataques, acho que eu já posso reclamar que o América não sabe se aproveitar das chances que tem, e aqui não me refiro a chutes a gol. Hoje inúmeras vezes preferiu atrasar o jogo a tentar surpreender quando a equipe da casa errava quase na linha do meio de campo. Contra-ataque veloz mesmo, só se a bola fosse perdida pelo adversário já quase na grande área. E aí a moleza de hoje de Rondinelly e Wallace Pernambucano custaram uma vitória.
Pior que já vimos isso antes. Chances muitas de abrir o placar e um cochilo fatal que impõe uma derrota contra uma equipe claramente menos qualificada. Neguette deu um chutão para frente retirando uma bola na área. A bola foi devolvida na mesma medida e pegou o mesmo Neguette junto de Edimar - acho que pensavam na dureza da vida naquele momento - desatentos e o 1x0 se fixou no placar. E olha que Neguette estava muito bem até então.
Faltou dizer que Paulinho Kobayashi mexeu primorosamente bem na saída de Anderson Paraíba - que nada produziu defensiva ou ofensivamente - para a entrada de Gustavo Xuxa, que me deixou uma ótima impressão. Rondinelly passou a jogar bem melhor. Aliás, todo mundo melhorou.
Mas lá foi o cão atentar e Paulinho Kobayashi fez duas substituições toscas, uma delas totalmente incompreensível: Rondinelly e Elias saíram para a entrada de Rodrigo Andrade e... Neilson. Seria Neilson um super craque, que daria conta do meio de campo na medida do que o América havia melhorado no início do 2.° tempo, aliás, de fazer algo ainda melhor para justificar a mexida? Se é, ele sofreu bastante nessa estreia. Não apareceu em campo nem no meio nem quando foi para a lateral direita, tida como sua posição. Foi uma verdadeira personificação de Anderson Paraíba do 1.° tempo, agora no 2.° tempo. O castigo veio logo depois.
Precisando pressionar e com um desempenho muito abaixo do que o visto com Rondinelly, Elias, Gustavo Xuxa e Wallace Pernambucano, caberia a saída do próprio Neilson, uma crueldade sem tamanho, diga-se de passagem. O sacrificado foi Everton Silva. E quem entrou? Bom, Tiaguinho deixou o clube, segundo se noticiou. Entrou Lucas Campos, que, até agora, só se mostrou mais ofensivo mesmo que o próprio Tiaguinho, que não tinha essa característica. Uma lástima.
Sabem o atacante que chegou com pompa e circunstância e status de ídolo, estava devendo nas primeiras partidas em que entrou, mas mostrou que tem estrela no penúltimo jogo e marcou um gol? Pois é, Dico não saiu do banco. Paulinho preferiu Lucas Campos.
A falha da zaga pesou, mas Paulinho, grande ídolo do Mecão, também precisa analisar com calma, de cabeça fria, sua atuação no jogo de hoje. A capacidade de reação da equipe esbarrou num time desorganizado, com um lateral que acabou de chegar perdido no meio e a parte ofensiva do time se ressentindo de entrosamento e até mesmo de qualidade técnica, como no caso de Lucas Campos.
Hoje, depois do belíssimo acerto da entrada de Gustavo Xuxa era caso de apenas trocar seis por meia dúzia em situação de cansaço, cartão ou lesão.
O que todo mundo espera ver de novo na Arena das Dunas não é frustração, e sim um América que controla o jogo, se impõe em casa, com uma zaga que não fica refém de chutão. Um América que desconstrói qualquer vantagem do adversário desde o primeiro minuto de jogo. Um América que impõe sofrimento ao adversário, não à sua torcida, que cerrará fileiras à distância na hipocrisia atual em que aglomeração desorganizada fora do estádio pode, mas dentro, de forma controlada, não pode.
Enfim, é preciso enxergar o jogo de hoje para construir a vitória do próximo domingo. Vitória por dois gols de diferença para ninguém sofrer mais com pênaltis. Mas é obrigação que essas penalidades sejam treinadas exaustivamente por TODOS, inclusive goleiros, no elenco. Afinal, prevenir é melhor do que remediar. Repito: prevenir é melhor do que remediar.