Já são 4 temporadas do América na Série D e eu espero sinceramente que a deste esquisito 2020 seja a última, mas por um bom motivo: o acesso para a Série C.
Porém, não posso deixar passar o fato de que nestes 4 anos vivemos a repetição de um padrão contra o qual eu me insurjo há muito tempo: o engasgo com o estadual da FNF.
Com raras exceções, estaduais Brasil afora não contribuem tecnicamente com coisa alguma para os outros campeonatos de muito maior nível. Pelo contrário, afundam clubes, elencos e treinadores numa roda viva que cobra sua conta tanto tecnicamente, quanto taticamente, e, por óbvio, financeiramente.
O América não conseguiu ainda romper com essa roda viva. Entra ano e sai ano e o clube tem de 2 a 3 treinadores numa competição falida e absolutamente desinteressante, desperdiçando um tempo valioso para montar um jeito de jogar e equilibrar seu elenco por tropeços em clássicos contra o seu maior rival.
Só na troca de Waguinho Dias, atual campeão da Série D, por Roberto Fernandes, campeão estadual em 2012 e 2015, mais de 20 jogadores foram contratados. Não há entrosamento que chegue desse jeito.
Imagino que a cota de contratações esteja esgotada para Paulinho Kobayashi, pelo menos de início. Ele também vai começar a única competição que de fato resta no ano já tendo uma partida oficial antes, algo que ameniza o baque.
Sobre Paulinho, o time já foi outro na construção das jogadas, o que aumenta a esperança de um destino diferente das temporadas anteriores, quando todos os técnicos só queriam mesmo saber de retranca e contra-ataque, algo que não costuma funcionar com adversários sem a menor obrigação de vencer.
Só que o tal estadual, prioridade para um calendário melhor, não veio. E não veio porque o América afundou-se na D e o Globo já rondou a C, o que lhe deu uma melhor posição no ranking 2020. Afinal ABC perder para América e América perder para ABC são coisas normais de uma rivalidade centenária.
Logo, o América precisar tirar lições urgentes da decepção de um calendário menos atrativo em 2021, pela ausência da Copa do Nordeste. Estadual é prejuízo sempre, ganhando ou perdendo, e a única prioridade possível é subir de divisão. Seja em 2020, em 2021, em 2022... Esteja na D, na C, na B, na A (sim, permanecer numa B, por exemplo, é como subir da C todo ano; vale mais até, segundo o ranking da CBF).
Portanto, o foco, não só agora, tem que ser no Campeonato Brasileiro. E que Kobayashi, que conhece bem esse caminho, inclusive com a camisa do América, consiga tornar essa verdade mais clara para todo mundo.