segunda-feira, 13 de julho de 2020

Todo domingo

Agora o texto é de Marcelo Alves Dias de Souza e sai direito da página 3 do caderno TN Família desse domingo para apreciação coletiva. Segue a minha mais alta recomendação para que vire leitura dominical de todos, seja na edição física, seja na edição digital da Tribuna do Norte.

Amados e maltratados

Kenneth Clark (1903-1983) escreveu um livro intitulado 'Animals and Men: their relationship as reflected in Western art from prehistory to the present day' (Thames and Hundson, 1977). Segundo o autor, o fez a pedido da World Wildlife Fund - WWF. Bendito pedido. O livro, com mais de duzentas imagens de arte variada, muitas delas coloridas, é belíssimo. Forma e conteúdo. O meu exemplar, já usado, comprei em um dos sebos da Oxford Comittee for Famine Relief - Oxfam. Bendito o que semeia livros, arte, ecologia e caridade.

Para além da análise da arte apresentada, uma das principais sacadas de 'Animals and Men' é a afirmação, em forma de polida denúncia, de que "nós [a humanidade, frise-se] amamos os animais, nós observamos eles com deleite, nós estudamos os seus hábitos com uma curiosidade crescente; e nós os destruímos".

De um ponto de vista histórico, Kenneth Clark primeiramente nos recorda que os homens vêm sacrificando animais aos deuses por milênios, quase como se fosse um dos nossos mais antigos instintos. Isso vem desaparecendo, é verdade, com algumas exceções, inclusive entre nós, infelizmente permitadas pela nossa Suprema Corte (no RE 494601/RS). Esse tipo de oferenda não passa de uma alucinação de grupo. Em nada ajuda na nossa relação com o Criador. E espero que, logo, qualquer um que realize esse tipo de sacrifício seja considerado menos como um louco e mais como um criminoso.

E os homens também maltratam animais em jogos e festividades. As clássicas arenas romanas, com os seus jogos para deleite dos instintos cruéis dos espectadores, são exemplos acabados desse tipo de maus-tratos. Nos dias atuais, é a tourada espanhola o caso mais badalado. Eu já assisti a tal espetáculo. Ele é covarde - pelo que fazem com o animal antes de o "matador" entrar em cena - e cruel. Bom, temos a nossa vaquejada. Mais uma estupidez.

A caça por esporte, legalizada ou não, ainda existe. Segundo Kenneth Clark, ela "parece satisfazer um instinto humano arraigado e tem persistido de alguma maneira até os dias atuais. Ela começou com uma necessidade; o homem primitivo caçava por comida. Mas quando, a partir do pastoreio e da criação, o apetite humano pôde ser satisfeito de maneira mais estável, a caça tornou-se o que ela é desde então, uma exibição ritualizada de excesso de energia e coragem. Ela tem sido intimamente identificada com status social". Sofisticadamente bárbaro.

Há quem destrua a fauna e a criação por pura ganância. Direta ou indiretamente. Poluição das águas. Um continente de plástico nos oceanos. Desmatamento e queimadas que matam aos milhões. Cativeiro e contrabando de espécies variadas, muitas ameaçadas de extinção. Criação e abate de animais em terríveis condições. Criação e produção de animais domésticos, ditos de raça, em sofrimento, visando apenas ao lucro. E uma imensa população de cães e gatos, desassistida, vagando pelas grandes e pequenas cidades. A lista aqui é infinita.

E há, claro, quem maltrate um animal por pura maldade. Para mim, por estes dias, isso ficou muito claro ao ler a notícia - chocante, para dizer o mínimo - de um cão, em Minas Gerais, que teve as duas patas traseiras decepadas a machadadas. Brutal. Hediondo. Sem perdão.

Bom, se devo reconhecer que os sentimentos humanos em relação aos animais parecem contraditórios (medo, ganância, crueldade e indiferença do lado negativo), eu prefiro olhar para eles com respeito, admiração, deleite e amor. À moda de um Leonardo da Vinci (1452-1519) que, segundo o seu biógrafo Giorgio Vasari (1511-1574), "admirava todos os animais, os quais tratava com grande amor e paciência, e isso ele mostrou com frequência, quando, passando por lugares onde passarinhos eram vendidos, tirava-os das gaiolas e, tendo pago aos vendedores o preço pedido, deixava-os voar pelo ar, dando-lhes de volta a liberdade perdida". Dizem às vezes que eu perco meu tempo cuidando de bichos. Podem me chamar de sentimental. Renascentista ou contemporâneo. Eu não me importo.

Direto da Cena Urbana

Segue o prazeroso texto de Vicente Serejo, abrindo sua coluna Cena Urbana de ontem (página 3 do primeiro caderno da Tribuna do Norte), como verdadeira recomendação de sua leitura diária na Tribuna do Norte, seja na edição física, seja na edição digital. 

Diário da Quarentena - LXXIX

O enigmático leitor JLM, no mais das vezes, é certeiro e instigante, mas desta vez foi injusto com o cronista. Injusto, aliás, não seria o mais adequado. As ideias, quando livres e livremente expostas, e sem má fé, não são justas ou injustas. Opinam. Nunca disse que o jet é inútil. Primeiro, por um princípio: tudo se presta a alguma coisa. Depois, a humildade manda reconhecer que o glamour social é um rico laboratório para se observar a arte da dissimulação.

Nesse sentido, é real que o jet, filho decaído das velhas nobrezas erguidas sob o palor e o calor das riquezas, tenha um mérito na economia das trocas simbólicas: o de descobrir que é inconveniente ser verdadeiro em tudo. Cansa, quando não deforma-se em um tipo insuportável e não recomendável na vida em sociedade. A principal qualidade dos cavalheiros e damas nos torneios sociais é a simpatia. E ninguém consegue ser bem simpático sendo muito verdadeiro.

A genialidade de Eça de Queiroz não está no gesto de apontar toda a beleza da nudez, mas de recomendá-la ser vista através de um manto diáfano feito de fantasia. Se a realidade do autor de 'A Cidade e as Serras' tivesse sido a nudez absoluta, nua e crua, provavelmente teria passado sem realce para os olhos humanos. Ele é genialmente ambíguo quando veste a nudez sem roubar a transparência, e diz: 'Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia'.

Claro que o jet, tal como o temos, não chega ao nível eciano da abstração. Seria exigir muito, se não tem raízes na velha e autêntica fidalguia, mas no chão semovente e prepotente da abastança, natural ou adquirida, por dote, herança de sangue, cama e mesa. Nem assim pode ser visto como um herdeiro bastardo. Geralmente são habilidosos e embranquecem o espírito no perfume translúcido da literatice. Não é literatura, mas o perfeito simulacro de um falso brilho.

É da sua natureza saber financiar a própria glória, afinal não inventou o mercado persa que tudo vende a quem deseja comprar. São exímios malabaristas do silêncio e nele escondem o que não seriam capazes de mostrar, jejunos intelectuais que sabem ser. E nada é mais fiel à tintura do falso do que o silêncio que parece enobrecê-los como se fosse reflexão. E o jet nesse sentido é perfeito, embora nada revele como grande saber, justo por ser incapaz de perscrutar.

Por tudo e por mais que o corrido espaço de uma crônica não deixa discutir, não diria, pois, que o jet é inútil. Há quem tenha inveja da desenvoltura com que transitam e traficam a dissimulação. Há deles tão adestrados que até parecem os velhos e fidalgos espadachins dos clássicos romances de capa e espada. As damas? Ah, as damas! São impagáveis. Espetam aqueles que sabem que estão vendo tudo, mas simulam não perceber. São todas maravilhosas.

Leitura obrigatória

Uma profissão a menos em tempos de pandemia, por incrível que pareça, não significa menos trabalho. Tanto isso é verdade que estou em certa falta com a leitura das maravilhosas colunas da Tribuna do Norte. 

Nesse domingo, consegui passar os olhos nelas e o prazer é imediato, garantido mesmo. Trago duas aqui para o blog para que a sensação seja melhor capturada. Os textos de Vicente Serejo, na abertura de sua Cena Urbana (página 3 do primeiro carderno), e de Marcelo Alves (página 2 , batendo ponto na edição de domingo, vieram naquele estilo "arrependimento eterno de quem não os lê". E eu, claro, jamais me furtaria a compartilhá-los por aqui, o que faço em ordem nas postagens seguintes. Boa leitura!

Manchetes do dia (13/7)

A manchete do bem: Curva da Covid-19 sugere imunidade maior e segunda onda menos provável.

As outras: Corrida por vacina já tem 21 na fase de testes em humanos, África não controlou pandemia com ivermectina Policial pisa no pescoço e arrasta mulher negra na zona sul de SP. 

Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (7/13)

The headline for good: In campaign against racism, team names get new scrutiny.

The others: Florida records nation's one-day peak for New York virus cases, Poland's presidential election too close to call, and OPEC and Russia may ease oil production cuts.

Good morning.

Source: NY Times

domingo, 12 de julho de 2020

Podcast: Enfim

Já temos algumas definições no futebol brasileiro.





Listen to "Enfim - Só Futebol? Não! com Raissa" on Spreaker.

Curtinhas do RN (12/7)

Por agendamento e sem formação de filas, atendimentos foram realizados e garantiram assistência a dezenas de empreendimentos.

Evento abordou os desafios para executar os programas durante a pandemia e quais estratégias foram montadas pela instituição.

Na ocasião, Fátima Bezerra citou algumas ações voltadas para juventude como: Programa de Crédito para Jovens (CredJovem), Programa RN Aprendiz, Praças da Juventude e efetivação do Conselho Estadual de Juventude.

Nesta terça-feira (14), às 10h30, no seu perfil do Instagram. A série faz parte do projeto "Gestão Pública em Pauta".

Disque Prevenção ao Coronavírus - 0800 281 4012 | das 7h às 23h 
Informações e esclarecimentos
Acolhimento Psicológico
Doações RN+Unido

Fonte: Governo do RN

Manchetes do dia (12/7)

A manchete do bem: Cresce na Europa pressão contra produtos brasileiros, em reação a queimadas na Amazônia.

As outras: Antiambientalismo de Bolsonaro já prejudica empresas brasileiras, Exército está se associando a genocídio na pandemia, diz Gilmar Mendes e Retorno às salas de aula será híbrido entre presencial e online.

Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (7/12)

The headline for good: See that fridge on the sidewalk? It's full of free food. 

The others: In commuting Stone's sentence, Trump goes where Nixon would not, In Latin America, the pandemic threatens equality like never before, and Disney World opens its gates, with virus numbers rising.

Good morning.

Source: NY Times