sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

A normalização

Regimes totalitários não se instalam da noite para o dia. Há um processo lento, quase insignificante no começo, de normalização de coisas que, reunidas aos poucos, vão levar à última gota d'água que fará o copo enfim transbordar.

Crises econômicas são sempre o terreno perfeito para que tais coisas surjam. Urge buscar um culpado para tudo de ruim que assola uma nação. É preciso combater esse inimigo para que o mal pereça para sempre. 

O problema é que não há um único culpado. Aceita-se a tese do combate ao inimigo, só que nada muda e aí novos inimigos precisam ser acrescentados. É a corrupção, é o partido tal, são todos os partidos, é todo mundo que pensa diferente. O limite vai sendo empurrado devagarinho, mas a aceleração passa a ser exponencial à medida que as coisas vão avançando.

Bolsonaro é a personificação brasileira da nova onda totalitária. Iria combater a corrupção, mas começou cedo a dizer que iria fuzilar a petralhada, que determinados veículos de comunicação tinham que ser eliminados e a direcionar o governo federal para uma política de divisão e discriminação. 

A corrupção? Bem, quem está no governo segue no governo. Jornalista pergunta sobre isso? Recebe um xingamento de teor sexual ou direcionado à sua mãe, além dos frequentes "Cala a boca" de quem não tolera críticas. 

O ministério teria um perfil técnico. Teria. Ficamos mesmo é com um ministro da educação que não sabe ortografia básica e um do meio ambiente condenado por crime ambiental. 

"Pelo menos não temos corrupção..." Hum-hum. Ministro do turismo e secretário de comunicação seguem firmes e fortes apesar das fortes denúncias.

Já se tentou isentar determinadas igrejas de tributos, marginalizar a pauta de direitos humanos, o que inclui todo mundo que não é maioria (ou é?), direcionar produção cultural, esmagar as universidades, o Inpe..., até abobalhar de vez as mulheres.

O Palácio do Planalto virou uma verdadeira fábrica de fake news, de anúncios e recuos, e de vergonhas internacionais.

Agora um novo limite é testado: o secretário de cultura divulga um vídeo com música preferida de Hitler, símbolos que remetem ao nazismo da Alemanha de Hitler e discurso escancaradamente copiado do secretário de propaganda de Hitler. 

Gente, a coisa é séria. Com nazismo/fascismo, não se brinca. Não se pode normalizar um discurso que prega a eliminação real, física, de opositores como salvação do grupo dominante. Não se pode aceitar como algo corriqueiro a tentativa de trazer um discurso que jogou o mundo numa guerra sangrenta nas décadas iniciais do século passado seja ressuscitado impunemente em pleno século 21, sob pena de não demorar mais nada para termos um ódio intolerante se espalhando sem qualquer anteparo. 

Já temos ódio em todo lugar. Daí para a prática da eliminação do outro falta agora um pequeno passo. Urge não assistirmos a tudo deitados em berço esplêndido. A nação brasileira não pode se entregar dessa forma a uma ideologia tão nefasta e que tantas vidas ceifou.

Se o presidente e seus asseclas seguem firmes no escancarado propósito nazi-fascista, que as pessoas de bem deste país recobrem a consciência e não aceitem marchar como os alemães marcharam docilmente para um regime que os envergonha até hoje. É hora de criticar, cobrar e chamar as autoridades à responsabilidade.

Não podemos e nem devemos normalizar tal estado de coisa. Não podemos abrir espaço para os tentáculos fascistas. Não podemos abraçar o nazismo. 

Abracemos a diversidade, a divergência, a democracia. Isso nos engrandece porque nos torna especiais, todos e cada um de nós. 

Uma nação se fortalece na solidariedade, não no autoritarismo. Logo, por amor ao próximo e amor à pátria (tão erroneamente explorada), nazismo/fascismo não!

Fim da burocracia

Pelo menos no RN já podemos decretar o fim da burocracia. Se ontem até o fim da tarde, o Nazarenão não contava com os laudos para receber o jogo de domingo contra o América, bastou uma noite para o assunto ser resolvido, conforme jornalista Rodrigo Ferreira anunciou agora de manhã no Twitter.


Pode comemorar, cidadã(o) norte-rio-grandense! O Rio Grande do Norte é mesmo uma ilha em relação ao Brasil. Aqui burocracia não entra e o trabalho de verificação/expedição de laudos segue madrugada adentro. 

Agora vai.

Curtinhas do RN (17/1)

Governo inclui agricultores dos acampamentos no Programa de Sementes Crioulas
Governo investirá cerca de R$ 600 mil na compra de 62 toneladas de sementes crioulas, em parceria com a Conab.

Chineses visitam campos de produção de melão no RN
Grupo está inspecionando áreas que exportarão fruta para o país asiático.

Sine RN reabre sede, em Candelária, com melhor estrutura de atendimento
Novo edifício entrega conforto e segurança para atender ao público e para seus colaboradores.

Corpo de Bombeiros faz balanço positivo da campanha Praia Segura 2020
Em dois finais de semana, bombeiros registraram mais de 13 mil orientações no litoral potiguar.

Pedido de renovação da Carteira de Habilitação pode ser feito pela Internet
O serviço está disponível inicialmente em Natal e será expandido para todas as unidades.

Hospital João Machado comemora 63 anos com ampliações na assistência clínica
O hospital conta, atualmente, com 117 leitos psiquiátricos de internação e 30 leitos de observação no Pronto Socorro.

Fonte: Governo do RN

Manchetes do dia (17/1)

A manchete do bem: Cachaça 51 tem alta de quase 7% em volume de exportação.

As outras: Secretário de Cultura parafraseia Goebbels em vídeo e provoca repúdio, 'Você está falando da tua mãe?', responde Bolsonaro ao ser questionado sobre Wajngarten e Sem dinheiro e doente, ex-goleiro Manga é abraçado por uruguaios, 

Bom dia!

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (1/17)

The headline for good: Senate opens Trump impeachment trial as new Ukraine revelations emerge.

The others: Virginia capital on edge as F.B.I. arrests suspected neo-nazis before gun rally, The overlooked history of women at work, and Google reaches $1 trillion in value, even as it faces new tests.

Good morning!

Source: NY Times

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

E agora?

A questão é mais séria do que eu imaginava. Segundo Marcos Lopes, o jogo ABC x Potiguar saiu do Frasqueirão para a Arena das Dunas (também mando de campo do ABC) porque aquele estava com o laudo da PM vencido. 

Mas o mesmo Marcos Lopes publicou ainda em dezembro de 2019 a situação de laudos de todos os estádios que sediariam partidas do estadual, e desde 19 de novembro esse laudo da PM já estaria vencido, mesma situação do Nazarenão, que teve o laudo do Corpo de Bombeiros vencido em 11 de janeiro. Ele ainda cita na postagem a situação dos outros estádios.


E agora? ABC 2x0 Globo aconteceu com público no estádio e laudo da PM vencido, ou esse laudo havia sido renovado e perdeu a validade em prazo exíguo? E Palmeira 0x1 ABC, no dia 12 de janeiro, tinha todos os laudos renovados e eles já perderam a validade?

São questões muito pertinentes e que dizem respeito à segurança de que tanto se fala. Espero os esclarecimentos.

Dois pesos, duas medidas

Quem acompanha este blog há certo tempo já me viu criticar decisões da FNF como a de hoje outras vezes, além de hoje mesmo. Logo, eu não mudei de lado. 

Mas há um detalhe que intriga a quem observa como as coisas se desenrolam por aqui: o olhar diferente para clubes envolvidos.

Explico. Já vi o ABC vender ingresso a preço diferente, majorado para a torcida americana. Quando o América tentou o mesmo procedimento por haver diferença de setor na Arena das Dunas, rapidamente foi obtida decisão judicial que obrigou o clube até a aceitar apostas da Timemania com o ABC marcado como clube do coração para concessão de desconto.

Sobre inversão de mando de campo, nem preciso recuar muito no tempo, embora haja outros exemplos envolvendo o ABC mais antigos, como um Potiguar x ABC no Machadão, mas eram outras épocas. No ano passado, o ASSU solicitou que o jogo com o seu mando de campo contra o ABC saísse de sua cidade Assú (assim mesmo é a escrita oficial registrada em cartório) para ser realizado na Arena das Dunas, localizada em Natal, onde o ABC exercia e exerce seu mando de campo, sem qualquer justificativa advinda do regulamento ou condição outra, como a falta de um laudo, que não fosse arrecadar dinheiro.

Só faltei me esgoelar a respeito do menosprezo ao regulamento (para quem não lembra, duas postagens Uma nova interpretação e Só mais um detalhe, de 19 de março de 2018, fora os podcasts, a respeito). Na época, o Ministério Público não deu um mísero piu sobre o assunto e a inversão foi lindamente concretizada, conforme notícia da própria FNF, que destaco abaixo.


Menos de 2 anos após o fato, eis que surge um campeonato cujo regulamento foi aprovado anti-alegação de inversão de mando de campo: TODOS os clubes inscreveram a Arena das Dunas também como seu mando de campo, em ajustes à parte, que integram aquele, conforme art. 30 do regulamento específico da competição deste ano.

A FNF então atendeu solicitação do Palmeira para jogar NO SEU MANDO DE CAMPO contra o América na Arena das Dunas, conforme notícia que destaco abaixo.


Mas eis que o Ministério Público do Rio Grande do Norte enxergou problema com essa inversão do mando de campo, apesar da Arena das Dunas agora constar como mando de campo de todo mundo no regulamento do campeonato.

E a FNF, que não confia nem em seu próprio regulamento (por que será?), correu a desfazer o que havia feito com base nele e atendeu a uma recomendação do MP feita por telefone, conforme se depreende de declaração do promotor Luiz Eduardo Marinho no Twitter, que trago abaixo. 



A FNF publicou então a pérola abaixo.

Quando será que o Palmeira terá interesse de utilizar a Arena das Dunas como sua "possibilidade de campo neutro", seja lá o que isso signifique? Qual seria a segurança jurídica se o regulamento só vale algumas vezes? E a segurança mesmo, física, existia ou não existia? Mais: existirá no próximo domingo? Existe ou não o tal laudo que estaria faltando?

Se alguém conseguir me explicar o porquê do Ministério Público só ter visto inversão do mando de campo quando o regulamento trouxe a Arena das Dunas como mando de campo de todo mundo, eu paro de pensar que nas questões do futebol daqui tudo é decidido com dois pesos e duas medidas. Até lá, desculpem, mas não dá para engolir, não.

Bom para o sócio

Uma notícia que agrada a quem é Sócio Mecão: o jogo de domingo, além de ser em Natal, traz 50% de desconto no ingresso para associados do América.

Isso e 3 jogos restantes em janeiro por apenas R$ 36/mês. Imperdível, né?

Só que o valor promocional se encerra na próxima quarta-feira. É correr para aproveitar!

Na Arena das Dunas

Palmeira x América mudou de local e de horário. Agora acontecerá no domingo, às 17h, na Arena das Dunas.

Ok, palco de Copa do Mundo certamente trará uma melhora considerável para o nível do espetáculo.

Entretanto, em choque com a aparente inversão de mando de campo, fui informada de que todos os clubes do estadual (Potiguar, ASSU...) inscreveram a Arena das Dunas também como seu mando de campo, oficializando a falta de esportividade em troca de dinheiro que já vimos em temporadas anteriores.

Aliás, Força e Luz e Santa Cruz jogam também na Arena América e no Frasqueirão. 

Enfim, o estadual virou o torneio da grande Natal e segue a passos firmes para ser o campeonato da Arena das Dunas. 

Como consumidora/torcedora, ótimo. Bom serviço, perto de casa e com um gramado que é um verdadeiro tapete. 

Como alguém que gosta de esporte, lamento a inversão de valores. 

Globo 0x2 América na TV Mecão