terça-feira, 22 de outubro de 2019

Informação livre

Um primor o artigo de hoje de Vicente Serejo em sua Cena Urbana, na Tribuna do Norte. 

H(h)istória
O presidente Jair Bolsonaro, por sua formação castrense, que o faz acreditar no conflito como única forma de sobrevivência, parece que não aprendeu as lições e experiências deixadas como sequelas pela ditadura militar. Lembra, pelo visto, da força e opressão como instrumentos de controle, mas esquece que, por isso mesmo, brotou a resistência nas ruas, no silêncio ou no grito, nos gestos, nos livros e canções, até explodir de forma incontrolável.

Os relatos históricos que formam a trajetória da luta contra a opressão - Não importa se escrevendo a História, com maiúscula, ou a história, com minúscula - conta de outro jeito como tudo aconteceu. Quando o regime militar caiu, os líderes proscritos pelas baionetas e o bico dos borzeguins voltaram - os vivos em nome dos mortos - nos braços do povo. E arrastaram suas multidões, governaram estados e cidades, ocuparam o Senado e a Câmara.

Agora mesmo,dois episódios públicos revelam de forma material a reação que vem à tona: a homenagem no Teatro Municipal de São Paulo a Fernanda Montenegro, agredida por um executivo da Fundação Nacional de Artes - Funarte, com mil e  quinhentas pessoas de punho cerrado; e o festival que o governo e a prefeitura paulistas anunciam reunindo todas as peças teatrais que, em nome do pudor, sofreram censura por órgãos e entidades federais.

São jejunos intelectuais de toda espécie os que defendem censura e falsamente posta em nome dos bons costumes, como se todos os filtros de uma sociedade não tivessem que nascer dela mesma e não do arbítrio. Nunca de quem queira arvorar-se de dono do que a sociedade quer mostrar e assistir. A monstruosidade da censura começa sempre com uma tentativa diluída de regular e regulamentar a liberdade para só depois cair no uso da força.

Da mesma maneira que no regime democrático não cabe proibir manifestações que alguém considere de direita ou de esquerda. É intolerância na mesma intensidade, que, em nome de qualquer ideologia, se proteste de forma clara ou velada contra posturas individualmente ou manifestações artísticas. É do jogo democrático não aceitar, sob nenhum pretexto, substituir argumentos por desaforos, ainda que pareçam de arroubos ou valentias.

As tarefas estão divididas. Aos veículos formais - jornal, rádio e tevê - a resistência; às redes sociais, manter a sociedade civil agilmente informada e mobilizada. As redes foram postas nas mãos, olhos e ouvidos pela tecnologia, e são uma conquista. Nem os exércitos mais bem armados do mundo conseguirão derrotar. Todos sabem de tudo ao mesmo tempo na aldeia global. O que parecia uma elucubração teórica, hoje é uma realidade absoluta. E basta.

O peso do passado

O presidente aclamado do América Leonardo Bezerra acabou de postar no Twitter mensagem dando conta das negociações no clube. Vale conferir.


Manchetes do dia (22/10)

A manchete do bem: Gal Gadot é uma das convidadas da Comic Con Brasil 2019.

As outras: Michelle Pfeiffer afirma ter sofrido abuso de 'homem poderoso do cinema' no passado, Jornais australianos censuram suas capas em protesto por liberdade de imprensa e Alta de tarifas se firma como estopim de insatisfação no Chile.

Bom dia, minha gente!

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (10/22)

The headline for good: Democrats slow impeachment timeline to sharpen their public case.

The others: The return of the 'blob': Hawaii's reefs threatened by marine heat wave, As homelessness surges in California, so does a backlash, and Boeing's crisis grows: Tense meetings, falling stock, angry lawmakers.

Good morning, everyone!

Source: The New York Times

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Risadas verdadeiras


Recebi ingressos para conferir Minha Vida em Marte, cujo texto é de autoria de Mônica Martelli, que também o interpreta. 

Eu vi o filme anteriormente. Tem cenas engraçadas, mas não faz muito o meu tipo. Não sou de gastar meu sofrido dinheirinho com comédias, nem no cinema, nem no teatro. Em ambos os casos, em geral, falta talento para deixar tudo bem amarrado, na minha opinião. É questão de gosto.

No caso de Minha Vida em Marte, não há a menor comparação: a peça é infinitamente melhor do que o filme. O talento de Mônica está em transpor para a comédia situações tão comuns a tantas mulheres e tantos casamentos - oficiais ou não - Brasil afora.

Sempre que as pessoas riam no teatro eu me perguntava se a risada era por identificação própria ou de alguém próximo. Por exemplo, com o desespero de que viaja para a Flórida e não consegue se controlar ao entrar num outlet ou no Walmart e encontrar roupas/produtos a $5. Ou com a rotina que mata casamentos que já não tinham amor mesmo (Desculpem. Sofro da visão romântica - se há amor, ele não morre nunca). Ou com a angústia das mulheres que veem casamentos desfeitos no meio da vida e não têm a menor ideia de como recomeçar. Ou - e aqui eu me identifico totalmente - com a falta de foco visual das pessoas (e coisas!) que chegam perto demais, o que nos obriga a dar um ou dois passos para trás para enfim enxergamos.

Enfim, dramas reais e diários viraram boa comédia. Durante pouco mais de 1 hora de espetáculo ficamos todos lá rindo das nossas próprias desgraças, de um jeito ou de outro. E parece que o natalense gosta mesmo disso, posto que há tempos eu não via o Teatro Riachuelo lotado como ontem.

Se um livro é sempre melhor do que o filme que o adapta, Mônica Martelli me provou ontem que a peça também sempre supera (e muito!) a adaptação para as telas. E rir de si próprio é uma forma de não levar a vida tão a sério, dando-lhe providencial leveza. Recomendo.

Pódio, ainda que tardio

Vicente Lenilson é de Currais Novos e a nota abaixo é mais uma da coluna de Lauro Jardim.

Justiça seja feita
A equipe brasileira de atletismo que disputou o revezamento 4x100m na Olimpíada de Pequim, em 2008, receberá a medalha de bronze, no dia 31, em Lausanne, na Suíça - 11 anos após a final. Os atletas Bruno Barros, José Carlos Moreira, Sandro Viana e Vicente Lenilson ficaram na quarta posição. Em 2016, porém, atestou-se o doping de um conpetidor da Jamaica, que havia levado medalha de ouro. Com isso, os jamaicanos perderam a premiação e abriram o lugar no pódio para o Brasil. 

Mais do mesmo

A nota é de Lauro Jardim em sua coluna publicada na Tribuna do Norte de domingo.

Põe na conta
O arrocho fiscal de Jair Bolsonaro vai da porta do gabinete para fora. Os gastos com os cartões corporativos da presidência são os maiores desde 2014. Entre fevereiro e setembro deste ano - a fatura de janeiro não é contabilizada por se referir a 2018 - a Secretaria de Administração do Palácio do Planalto, responsável pelas despesas para Bolsonaro, desembolsou R$ 4,6 milhões com seus cartões. O valor é 24% maior do que os R$ 3,7 milhões consumidos no mesmo período do ano passado; 55% a mais do que os R$ 2,9 milhões de 2017; 62% acima dos R$ 2,8 milhões de 2016 e 26% superior aos R$ 3,6 milhões de 2015. Protegidas pelo selo da segurança nacional, as compras para o capitão são sigilosas.

Manchetes do dia (21/10)

A manchete do bem: Indústria quer pesquisa e produção de cosméticos com maconha no Brasil.

As outras: Limpeza de praias atingidas por óleo no Nordeste depende da ajuda de voluntários, Em crise com PSL, Bolsonaro recorre à 'velha política' para salvar articulação do governo e Sínodo do Vaticano: Missionários abandonam ideia de conversão religiosa ao se aproximar de indígenas.

Bom dia, minha gente!

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (10/21)

The headline for good: U.S.A. triathlon embraces CBD.

The others: Marijuana and vaping: Shadowy past, dangerous present, 'There is no hope': Crisis pushes Haiti to brink of collapse, and Chile unrest spreads, with 8 deaths reported in violence.

Good morning, everyone!

Source: The New York Times

domingo, 20 de outubro de 2019

Meritocracia?

Preferi colocar a imagem para que absolutamente nada do impacto causado seja alterado.


A imagem retrata parte final da coluna de Alex Medeiros na Tribuna do Norte deste domingo.

Além da expressão grosseira do título em relação à adolescente que roda o mundo em busca de atitudes que preservem a humanidade, principalmente, e a natureza na realidade atual de aquecimento global, a comparação de um discurso por méritos próprios na ONU com um discurso de uma princesa (sim, de uma família real) numa premiação criada pelo próprio pai dela é de uma agressão tão radical aos princípios da meritocracia, que é melhor nem comentar.