domingo, 14 de outubro de 2018

Torcedores na Arena América

Hora de conferir o texto e as imagens de Canindé Pereira, assessor de imprensa do América, a respeito do evento de ontem.




"Um bom número de torcedores esteve presente neste sábado (13), nas obras da Arena América, para participar da solenidade de doação de material Hidráulico e ferragens, oriundos da criativa campanha idealizada pelos mesmos onde cada alvirrubro escolheu um item nas lojas da Comjol e Queiroz Oliveira, e doou ao Estádio. A movimentação de doação em forma de compra, que reuniu torcida, conselheiros e diretores, já arrecadou mais de R$ 35 mil reais.

Durante o dia foi promovida uma visita às obras da Arena América onde, na ocasião, so torcedores puderam ver cerca de 400 cadeiras já instaladas, as três escadas de acessos às arquibancadas com as obras em plena execução, a situação dos vestiários em fase de finalização e observaram, ainda que a parte elétrica já esta em andamento. Os guardas-corpos concluídos e o gramado padrão FIFA da Estádio alvirrubro deram o claro sinal que em 2019 a diretoria estará entregando a primeira etapa da Arena concluída para cerca de 5 mil torcedores, possibilitando jogos do América no Campeonato Estadual.

Estiveram presentes, representando o Presidente Eduardo Rocha, os diretores de patrimônio e o Comercial, Franscisco Sobrinho e Ricardo Valerio, que além de agradecer e enaltecer as doações dos torcedores, falaram dos planos das etapas futuras e das promoções de Timemania, sorteio do carro 0KM, das rifas lideradas pelos torcedores Robson e Lucy, dentre outros abnegados torcedores. 

Já foram investidos na Arena América, até o presente momento, cerca de R$ 7 milhões de recursos captados com a efetiva participação da torcida, conselheiro e Diretores, sendo essa uma dos motivos de orgulho da nação americana."

Podcast: Fechando

A temporada 2019 começa a ter os últimos detalhes definidos aqui no RN.



Manchetes do dia (14/10)

A manchete do bem: América se orgulha de construir a Arena sem contrair dívidas.

As outras: Jovem é linchado após atropelar e matar criança em Natal, Investimento no futebol masculino mundial é 10 vezes maior que no feminino e Produção de leite no RN cai a níveis de 2006.

Bom domingo a todos!

Fonte: Tribuna do Norte

Today's headlines (10/14)

The headline for good: Interest rates are rising for all the right reasons.

The others: What's at stake in the Harvard lawsuit? Decades of debate over race in admissions, 'Davos in the desert', a Saudi prince's glittering showcase, is stained by a grisly accusation and Far from the shattered coast, hurricane Michael packed an unexpected punch.

Good morning, everyone!

Source: The New York Times

sábado, 13 de outubro de 2018

Manchetes do dia (13/10)

A manchete do bem: Prefeitura de SP vai tornar 54 bibliotecas acessíveis para cegos.

As outras: Alta informalidade no mercado de trabalho inibe expansão do crédito, Comandantes da reforma trabalhista no Congresso fracassam nas urnas e Ações contra congressistas que não se reelegeram devem perder foro especial.

Bom dia, minha gente!

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (10/13)

The headline for good: Turkey frees pastor Andrew Brunson, easing tensions with U.S..

The others: 'We need answers': Hurricane Michael leaves Florida residents desperate for aid, Pope accepts Wuerl's resignation as Washington archbishop, but calls him a model bishop and Migration and the far right changed Europe. A German vote will show how much.

Good morning, everyone!

Source: The New York Times

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Desabafo de Arnaldo Antunes

Segue a transcrição exata do vídeo de Isto não é um poema de autoria de Arnaldo Antunes.

Isto não é um poema
Por Arnaldo Antunes

isto não é um poema
só desabafo
que não pude não fazer e não pude fazer 
de outra forma que não fosse
assim
fatiando as frases
no espaço
aqui

hoje
eu vi
aterrorizado
um artista assassinado
- Moa do Catendê,
mestre de capoeira,
autor do Badauê -
por conta de uma divergência
política num bar
da Bahia

depois corri o dedo
sobre a tela e 
vi e ouvi arrepiado
Luiz Melodia
(também negro e compositor,
também com o cabelo rastafari,
como a vítima do post anterior)
cantando
"no coração do Brasil"
e repetindo 
muitas vezes esse refrão
"no coração
do Brasil"

"no coração do Brasil"
que tento sentir
pulsar ainda
entre a luz de Luiz
e a treva
desse buraco vazio 
que não pulsa mais no peito
de Moa do Catendê
e não existe amor em "SP"
ou no "coração do Brasil"
fraturado
nesses dias
brutos
de coturnos
chucros
a chutar 
a cara de quem
ama
arte
cultura 
educação
liberdade de expressão
diversidade
cidadania
solidariedade
democracia

mas não se dá
a mínima
o que importa é se subiu 
a bolsa
caiu o dólar
se todos vão prosseguir
seguindo
docilmente para o abismo
nessa insanidade coletiva
em que o Brasil nega
qualquer Brasil possível
cega
qualquer futuro possível
e o ódio
o horror e o ódio
e nada que se diga faz sentido 
mais

para quê
expor na cara desses caras
a palavra explícita
(gravada em vídeo e repetida,
repetida, repetida)
do seu "mito"
dizendo
"eu apoio a tortura"
"eu defendo a ditadura"
"eu vou fechar o congresso"
"não servem nem para procriar"
"não te estupro porque você 
não merece"
"a gente vai varrer esses 
vagabundos daqui"
"o erro foi torturar e não matar"
"viadinho tem que apanhar"
etc etc etc etc etc
e tudo mais
que repete incansavelmente
há anos
ante câmeras e microfones
para quê mostrar de novo
e de novo
o mesmo nojo
se é justamente
por isso
que o idolatram?

e sempre haverá os que vêm
disfarçar dizendo:
"estamos entre dois extremos"
"sim, mas veja a Venezuela"
"é para acabar com a corrupção"
"nós queremos segurança"
ou
"não é bem assim..."
enquanto constatamos cada
vez mais que sim,
é assim,
é assim mesmo
é assim que é
mas 
como li por aí:
"como explicar a lei Rouanet
para quem ainda 
não assimilou a lei Áurea?"
ou: como explicar a lei da
gravidade para quem ainda crê
que a terra é plana?
e querem defender sua
ignorância com dentes
e garras
querem
matar atirar vingar 
a quem?
em nome de quem?
(pátria, família, propriedade,
segurança?)
se nessa seara não há direitos
nem respeito
ensino ou dignidade
só horror e
ódio, ódio
e horror
as palavras perdem a clareza
os valores perdem o valor
a vida perde o valor

Marielle
remorta remorrida rematada
por sua placa
rompida rasgada desonrada
pelas mãos truculentas de 
brutamontes prepotentes
com suas camisetas
estampadas
com a face do coiso
que redemonstra sua
monstruosidade
quando vende 
em seus próprios comícios
camisetas de outro
ultra-monstro
ustra
aquele que além de torturar
levava crianças para verem
suas mães torturadas
e esses mesmos 
abomináveis
que, diante de uma claque
vergonhosa,
se orgulham de terem
rasgado as placas
com o nome Marielle Franco
estão sim
agora
eleitos
satisfeitos
mas não saciados
de todo o sangue
de inocentes
que há de correr
só por serem 
diferentes
excitando em outros
o desejo de exercer
seu obscuro
poder
de milícia polícia
esquadrão da morte
e o anúncio da Rocinha
metralhada
como solução
a barbaridade finalmente
institucionalizada
como diversão
o Brasil finalmente
sem coração
fora da ONU
e dos acordos internacionais
pelo meio-ambiente
sem controle
de sensatez ou mentalidade
sem limite humanitário
"não vai ter ong!"
"não vai ter ativismo!"
"não vai ter mimimi!"
bradam 
cheios de si e de ódio
criminosos contra o crime
opressores pela família
amorais pela moral
apesar de todos
os alertas
da imprensa internacional
de esquerda,
de centro,
de direita

só não vê quem não quer
a tragédia anunciada
divulgada
não como boato
mas escancarada
-mente
enquanto
empoderados pelo discurso
de ódio
de horror e ódio
seus eleitores
já saem pelas ruas
dando tiros
e gritos
enxurradas de fakes
suásticas nazistas gravadas
com canivete
na pele da menina
que usava "ele não" estampado
na blusa
e a promessa de violência
desmedida
se concretizando
antes mesmo de começar o 
segundo turno

e nem um centímetro de terra
para os índios
e nem um pingo de 
direitos civis ou humanos
e a volta da censura e o ódio.
o ódio, o horror
e o ódio
para encerrar de vez
o sonho de uma nação
que tem a chance
de dar ao mundo
sua contribuição
original
agora fadada a repetir o que de
pior já houve
na história
sem história agora
sem Museu Nacional
nem cultura nem educação
abolir filosofia e arte
em seu lugar:
moral e cívica
escola militar 
religião
geografia dos lucros e 
dividendos
massacre das minorias
horror e ódio
e ódio
e horror
crescente permanente
enquanto dure
pois ninguém larga o osso 
assim tão fácil
depois de um golpe
que precisa parir outro golpe
ou autogolpe
alimentado por todas as
fakes e facas
contra as costas de artistas
como Moa

mas na cabeça de quem apoia 
tudo se justifica:
o fascismo
a tortura dos presos
o sumário julgamento sem juri
autorização dada à polícia 
para matar
e o ódio aos pobres
as blitzes ostensivas
a guerra declarada 
dos que aceitam assassinos
para combater bandidos
se tudo está invertido mesmo
pobre elegendo milionário,
pelo avesso e ao contrário
então se autoriza a sórdida
barbárie
dos fortes contra os fracos

algo está muito doente no Brasil
no descoração do Brasil
que mente,
se omite,
agride, regride
para avançar sem freios
em direção ao fascismo
seguindo a música hipnótica do 
ódio,
horror e ódio
pregados em igrejas
em nome de Deus
e de Cristo
só desamor em nome de Cristo
violência e brutalidade em 
nome de Cristo
armas e tortura
e preconceito em nome de
Cristo
de Deus e de Cristo

armar a população 
para metralhar os adversários
os diferentes
os miseráveis
os favelados
os do outro lado
os que se manifestam
ou contestam
ou pensam de outra forma
ou se vestem
de outra cor ou tem
outra cor
ou qualquer pretexto
que se crie
para espalhar o ódio, o horror
e o ódio
do machismo ao estupro
da mentira ao linchamento
do homicídio ao genocídio
("tinha que ter matado pelo
menos trinta mil!")

já sem democracia
palavra vazia
em boca 
de quem compactua
(e não são poucos)
pensando ser
possível
alguma forma de 
neutralidade
nesse momento
como Pilatos
lavando as mãos
a chamada mídia
tenta fazer média
ao dizer que os dois lados são
igualmente
extremistas e perigosos
mas então
onde estavam nos últimos três
mandatos e meio
antes do pesadelo Temer?
estavam numa ditadura
comunista
e não sabiam?

na verdade
todos sabem muito bem
que o extremismo 
vem de um só 
lado, que
quer se eleger para acabar
com eleições
e que o grande perigo é mesmo
esse jogo
de equivalências que,
na verdade
serve ao monstro
pois a omissão é missão
impossível 
neste agora
impossível
mascarar o sol
da ameaça 
hostil e explícita
do nazismo
crescente
com a peneira furada
de um bom senso
mediano hipócrita indiferente
que sempre
vai dizer:
- sim, mas a Venezuela...
como se não tivéssemos ouvido
exatamente isso
em 64, 
quando diziam:
- sim, mas Cuba...
para justificar a ditadura militar
que tanto elogiam
hoje em dia
e que o atual
presidente do nosso
Supremo Tribunal Federal
decidiu
que agora vai chamar
de "movimento"
em vez de
"golpe militar"
para adoçar um pouco a boca
amarga
do sangue
impregnado
que não vai sumir assim
mudando a nomenclatura
desnomeando a já tão dita
"ditadura"

mas esse des-
-equilíbrio
ético
que diz
preferir uma autocracia
perfeita
a uma
defeituosa
democracia
esse 
erro 
que nenhum arrependimento
será capaz de reparar
quando for tarde
demais
ainda dá 
para evitar
ainda
é tarde
de menos
para
conter
o ódio,
o horror e o ódio
ainda
dd
a
d


Podcast: Deixando o Instagram e o Facebook

Está difícil lidar com essas redes sociais? Seguem dicas para deixar o Instagram e o Facebook de vez.


Dialética hegeliana

"Quando alguém vive um tempo no estrangeiro, tem comprometida para sempre sua noção de pátria. Sempre sentirá saudade de outro lugar. Viajar, para mim, significa partir. E partidas, assim como separações, são difíceis. Separar-se do mundo que se conhece é difícil, mesmo que temporariamente, contudo é um arrependimento momentâneo. Sei que só consigo apreciar minha casa quando estou no estrangeiro, e não consigo apreciar outras terras até ter voltado para casa."
Andrew Solomon, escritor americano, falando a Veja (12/09, pág. 81) sobre viajar e voltar para casa.

E o Museu Nacional?

Há exatos 1 mês e 10 dias o Museu Nacional do Rio se desfazia em chamas. Mais de 20 milhões de itens de seu acervo - um dos maiores de História Natural e Antropologia das Américas - seguiu o trágico caminho.

De lá para cá, o que mudou? Teria o brasileiro adquirido em fim amor por seu patrimônio histórico e cultural? 

Para marcar esse mais de um mês de inércia, reproduzo texto de José Francisco Botelho, de título O Brasil não é um rebotalho e subtítulo Nossa cultura não pode ser engolida pelas chamas da estupidez, que foi publicado na edição de 12 de setembro de Veja (página 67), há um mês, portanto, e que muito bem retrata nossa situação de penúria cultural.

No primeiro ato da Tragédia de Júlio César, Roma é assolada por um dilúvio de portentos funestos. Batalhões de fantasmas marcham pelas ruas, feras espectrais rugem no Capitólio, meteoros rasgam os céus, ventanias dilaceram-se sobre o Tibre, por todo o lado há lamentos e ranger de dentes. Para Cássio, inimigo fidagal de César, os sinais celestes apontam a iminente aniquilação de Roma. À imagem de Troia e Cartago, a grande urbe do Lácio está fadada a arder. E, para o amargo Cássio, a destruição não se dará numa labareda de glória, mas num fogaréu de ignomínia. "Quem deseja acender um fogo às pressas começa com gravetos, palha frágil", esbraveja o acre orador, em minha própria tradução (publicada neste ano pela Companhia das Letras). "Que montoeira de lixo então é Roma, um bagaço, um refugo, um rebotalho, para servir de abjeto combustível a iluminar um ser tão vil?" Como todos os personagens da tragédia shakespeariana, Cássio sofre de uma incurável cegueira perante as brumas da história - no fim das contas, ele próprio ajudará a incendiar a cidade que deseja salvar. Ainda assim, ouso tomar emprestada sua interpelação retórica. Neste setembro ardente, em que o amor-próprio dos brasileiros parece ter descido ao fundo da fornalha, atrevo-me a indagar: acaso é nossa cultura um bagaço, um refugo, um rebotalho? Que vileza é essa que se desenha à contraluz no incêndio de nosso passado e na sombra de nosso presente? O que as chamas do Museu Nacional horrivelmente iluminam não é uma efígie nem uma sigla, mas as feições de uma doença espiritual - a mazela, o desnorteio e a incúria que nos impedem de conservar um dos patrimônios mais extraordinários do mundo.

Há décadas lavra-se no Brasil uma guerra inominada e ecumênica contra nosso legado artístico e histórico. Quantas igrejas, quantos casarios não foram derrubados em nome de um progresso retrógrado? Quantos monumentos não foram depredados em nome de causas confusas? Quantos tesouros não foram negligenciados em nome de modismos obtusos e custosos? O fogo do Museu Nacional não se acendeu por faíscas casuais. Suas chamas também projetam, em horrível claro-escuro, a silhueta de uma refrega ideológica que adoece o país, sobrepondo conclusões prévias à nítida consideração dos fatos e impedindo que identifiquemos - e sanemos - as raízes reais de nossas desgraças. Enquanto o patrimônio brasileiro servir de combustível descartável a jogos de poder e duelos de narrativas, continuaremos a arder.

Não pretendo, contudo, ser cego e amargo como Cássio. A imagem de Dom Pedro II recortado nas labaredas, como que descendo aos infernos, é um convite quase irresistível ao desespero - mas desesperar-se, numa hira dessas, é recusar a boa luta. O Brasil está em chamas, o Brasil está em cinzas, mas o Brasil não é um rebotalho. Nossa cultura vale mais que o pandemônio e o palanque. Para apagar o incêndio de nossa cultura, é preciso encará-la como um fim em si mesma e lhe conferir uma defesa à altura do que realmente é: um patrimônio inestimável de toda a humanidade.