domingo, 9 de setembro de 2018

Paula Fernandes me fez chorar


Antes que alguém pense que foi de raiva, esclareço que não foi. Nunca fui fã de Paula Fernandes, pois sempre tive uma cisma grande com sua mania de travar a boca para cantar, o que impede uma emissão vocal adequada e também me impede de julgar a sua voz com propriedade. O estilo musical também não é o meu favorito. Mas Janaina é grande fã. Pronto. Sendo o show num local agradável, lá estamos nós batendo o ponto.

Sobre o estilo musical, não escuto os outros artistas do gênero. Perdão ao fãs, talvez eu não tenha o ouvido preparado para tanto. Sertanejo me irrita pela repetição de acordes e fórmulas e pobreza de letras e rimas em geral. Nesse quesito, o forró de bandas consegue ser bem pior ao ponto de algumas músicas se limitarem a ter uma bateria num solo interminável (ah, se fosse jazz...) e alguém gritando o nome da banda, ou do(a) cantor(a), ou dos patrocinadores. Como aguentar isso? Daí não frequentar um só show de forró, axé (só Ivete e nem ela eu aguento mais) ou sertanejo, sendo a única exceção Paula Fernandes por absoluta culpa de Janaina.

Mas ela tem suas qualidades também. É boa compositora. Algumas de suas músicas são muito bonitas. Canta outras coisas em seu show. Gosta de Shania Twain (ganhou muitos pontos comigo por isso) e ultimamente tem até encampado uma simpatia (vejam só!) no palco. 

O show de ontem foi quase uma repetição do show do ano passado. A premissa era a mesma: ela abre o show sozinha no palco, apenas com seu violão de acompanhamento - e, a bem da verdade, ela toca muito bem seus 1.500 violões durante o show.

Mas o que melhorou e muito foi a relação da cantora com seu público. Com o que penso ser uma timidez paralisante (o que parece muito frequentemente chatice, às vezes é doença mesmo), ontem ela conseguiu se soltar com algumas piadas a seu respeito. Até a interação com o público saiu mais do script e ficou bem mais solta, natural. 

Pode parecer leseira, mas acho que um detalhe pós-show no ano passado pode ter tido alguma influência nisso. Na ocasião, ela se assustou com a reação do público de Natal tanto dentro do teatro como na sua saída. Nesta última, quem a alcançou a tempo de tirar uma foto e ver tudo de perto foi Janaina. 

A produção cometera a gafe de não deixar um carro à sua espera na saída do teatro e ela teve que andar meio G5 do Midway Mall para chegar ao local onde ele estava. Na metade do caminho, o Cinemark liberou a última sessão bem no estacionamento. Paula Fernandes então se viu no meio de dois grandes grupos: fãs que corriam ao seu alcance e o pessoal do cinema que de repente se tocou de sua presença ali.

Ao lado dela, Janaina, percebendo o desespero, tentou acalmá-la: "Fique tranquila.  É que você demora demais a vir a Natal. As pessoas só querem uma foto." Depois de algumas fotos (deu tempo de pegar meu carro no G6 e passar pelo grupo na descida), sua equipe a levou de volta para o teatro e mais eu não sei porque eu já estava descendo para o G4 na hora. Mas acredito que ficou uma lição daí. Tanto que no show deste ano, ninguém tentou subir ao palco ou coisa do gênero. E ela caminhou tranquilamente dentre as fileiras do teatro para fotos que levaram umas três músicas (xotes!) para então retornar ao palco.

Sim. Foi uma Paula Fernandes mais natural. Tão natural que um senhor de cabelos bem branquinhos queria uma foto com ela e ela mandou que os seguranças liberassem o acesso dele ao palco no meio da música que ela estava cantando. Quem sobe ao palco jamais o faz no meio de uma música. O senhor sentou-se ao seu lado no sofá, sorrindo e olhando para ela, bem quietinho, enquanto aquela que parecia ser sua neta filmava. No meio da música, Paula Fernandes parou de cantar e ficou só tocando. O olhar do vovô, como ela o chamava, tocou-lhe tão profundamente que ela começou a chorar e não conseguiu mais cantar. Resultado: a manteiga derretida aqui começou a chorar também. Aquilo me tocou mesmo. Lembrei logo dos meus saudosos avós.

Paula Fernandes então pediu desculpas e disse que não tinha mais condição de cantar. Deixou a banda ali terminando a música. Saiu tocando e tentando enxugar as lágrimas para evitar um dano maior à maquiagem. A banda ainda seguiu nos acordes. Depois de alguns minutos. A banda saiu e ela voltou. Pediu desculpa. Disse que o vovô não sabia o quanto seu olhar falava. O choro quis voltar, mas aí uma mulher da plateia gritou que trocava o marido pela cintura dela. Risada geral de quem ouviu, inclusive da própria Paula, que chegou a deitar no sofá para rir. Depois ela repetiu o que ouvira e aí foi que o povo riu mesmo. Pronto. Clima recuperado para a emissão vocal e o show continuou. 

No fim, Janaina ainda conseguiu com o pessoal da mesa de som a lista das músicas programadas (foto abaixo). Perceberam que não há xotes na programação? Ela encaixou na hora como forma de se juntar à galera para fotos. Há outras que também não estão aí e foram cantadas. Ela cantou o quis na hora, e ela quis cantar muitas coisas não programadas, o que confirma a impressão que tive de que este foi o show em que ela ficou mais à vontade aqui em Natal, tanto pelo que já ouvi de comentários de outros shows que não vi e como pelos que vi.



Para completar, sabem aquela boca travada? Ela quase não existe mais pelo que vi neste show, o que torna muito mais agradável ouvi-la cantar.

Enfim, não sou fã, mas o show de Paula Fernandes passa longe de ser uma tortura como seria o show de uma banda de forró, de axé ou mesmo de qualquer outro artista do sertanejo.  Pelo contrário. Ontem foi uma experiência que me fez até chorar.








 A grande fã à direita

Manchetes do dia (09/09)

A manchete do bem: Levantamento mostra melhora na confiança da microempresa.

As outras: 'A violência de gênero precisa ser discutida na escola', diz juiz Deyvis de Oliveira, ONG pede à Justiça para cultivar maconha no RN e Karatecas do RN lutam por sonho de disputar uma olimpíada.

Bom domingo a todos!

Fonte: Tribuna do Norte

Today's headlines (09/09)

The headline for good: A darker, deeper Jim Carrey returns to TV with 'Kidding'.

The others: Trump administration discussed coup plans with rebel Venezuelan officers, Naomi Osaka beats Serena Williams in a U.S. Open final marred by boos and tears and China is detaining Muslims in vast numbers. The goal: 'Transformation'. 

Good morning, everyone!

Source: The New York Times

sábado, 8 de setembro de 2018

O autogolpe

A História mostra que nenhum golpe militar acontece sem que uma parte considerável da população apóie a iniciativa. 

Normalmente, há um degosto profundo com o estado de coisas e isso leva a um desejo natural de mudança. 

O problema é que mudar por mudar nunca foi solução em lugar algum. Estabelecido um poder ilimitado, ele logo começa a se imiscuir nas liberdades e garantias individuais, luta de séculos de todas as grandes nações para impedir que o Estado esmague o indivíduo em sua essência.  Também não demora o arrependimento. Por aqui, a última vez em que ele bateu, sua duração se estendeu por décadas. E o Brasil continuou a ser uma nação de potencial, nada mais.

Agora mesmo cidadãos flertam perigosamente com o autoritarismo, encampando candidatos que pregam a bala como diálogo. Desespero talvez justifique. Mas a irresponsabilidade de não conhecer a fundo as pretensões de uma chapa que pretende comandar o Brasil não pode se esconder na preguiça de se informar ou na inocência de não entender.

Ontem, a GloboNews finalizou mais uma boa série de entrevistas a respeito das eleições, desta feita, com os candidatos a vice-presidente que aparecem mais destacados nas pesquisas de intenção de voto.

O general Hamilton Mourão foi o ponto final da série. E se você não entende a minha preocupação com a chapa Bolsonaro-Mourão - improvável por si só, já que quem entende de hierarquia militar sabe que nunca um general aceitaria se submeter a um capitão - é melhor se dar ao trabalho de assistir ao vídeo da entrevista, que está disponível na GloboNews, ou pelo menos o que o G1 disponibilizou, inclusive com a transcrição, para quem prefere ler.

Observem que o general admite a possibilidade de autogolpe. Uma condição que permitiria isso seriam "grupos armados andando pela rua". O mais interessante é isso partir de uma chapa que advoga a liberação de armas para a população. Algo como preparar a cama para o Brasil deitar.

Quem resolver mudar por mudar depois não ache ruim quando nem puder reclamar nas redes sociais. Afinal, mais claro do que isso só se o general, que defende um golpe com o eufemismo "intervenção militar" - algo totalmente fora do ordenamento jurídico nacional - desenhar.

Série C 18: Semifinais - volta

Sábado
17h - Estádio Santa Cruz - Botafogo-SP x Cuiabá (CBF TV)

Domingo
15h30 - Estádio Germano Krüeger - Operário x Bragantino (CBF TV)

Manchetes do dia (08/09)

A manchete do bem: Serena Williams busca recorde contra japonesa no Aberto dos EUA.

As outras: Após polêmica, escolhido de Trump avança à Suprema Corte, Um quarto dos usuários do Facebook deletou o app nos RUA e A memória do esporte brasileiro precisa de cuidados urgentes.

Bom dia, minha gente!

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (09/08)

The headline for good: In a sign of the economy's strength, jobs and wages moved higher in August.

The others: Alibaba's Jack Ma, China's richest man, to retire from company he co-founded, The billionaire who bought Trump's mansion faces scrutiny in Monaco and Burt Reynolds: a star with the pedal to the metal.

Good morning, everyone!

Source: The New York Times

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

A manifestação do ABC

Demorou, mas também saiu nota oficial do ABC sobre a selvageria de ontem. Segue abaixo.

"O ABC Futebol Clube lamenta e repudia o ocorrido na tarde desta quinta-feira (6), nas proximidades da Arena das Dunas, momentos antes da partida América/RN x ABC, jogo de ida da fase semifinal do Campeonato Estadual Sub-19. Os fatos dão conta de uma enorme briga e selvageria envolvendo torcidas organizadas dos dois clubes.

Em nome da decência, o clube manifesta sua reprovação aos fatos ocorridos e destaca que os verdadeiros torcedores do Mais Querido estavam dentro do estádio, torcendo e incentivando a sua equipe, e os responsáveis por tal ato em nada representam a Frasqueira, a grande torcida abecedista.

O Clube do Povo espera que os órgãos competentes apurem e punam os responsáveis pelos atos de agressão. Por fim e mais importante, o ABC deseja pronto reestabelecimento aos torcedores que sofreram com a violência no entorno do estádio."

A manifestação do América

Demorou, mas chegou. O América se manifestou a respeito da selvageria de ontem. Segue abaixo.

"O América Futebol Clube repudia com veemência os fatos ocorridos na tarde da última quinta-feira (6), nas imediação da Arena das Dunas, palco do Clássico Rei válido pela semifinal do Campeonato Estadual Sub-19.

Infelizmente, a violência e a covardia se tornaram, mais uma vez, os principais assuntos em um dia em que deveríamos celebrar o encontro entre as duas principais equipes do Estado. O América espera que os órgãos competentes apurem e punam os responsáveis pelos atos de agressão.

Por fim e mais importante, o América deseja pronta recuperação aos torcedores que sofreram com a violência descabida que assusta a todos nós."

Tite Ferreirão

Há uns 10 anos o América tinha como treinador o folclórico - para não dizer doido - Luiz Carlos Ferreira, popularmente conhecido como Ferreirão. Há muitas histórias (talvez estórias) a respeito das manias de Ferreirão no dia a dia dos treinamentos, qualquer profissional da imprensa pode confirmar, mas uma era de conhecimento de todos: ele colocava o time para treinar o ataque e toda a posse de bola sem ninguém no outro lado. Nada. A movimentação era feita apenas imaginando que havia um adversário ali na espreita para roubar a bola ainda na intermediária e puxar o contra-ataque. De vez em quando, ele gritava: "Parou, parou, parou!". Lembro do atacante Paulo Matos fazendo piada dessas paradas, dizendo que puxava o freio de mão imediatamente. 

Era muito esquisito. O time trabalhava a bola na espera de um bom momento para infiltrar ofertado por uma adversário imaginário - apenas o vento marcava os jogadores do América. 

Nem preciso dizer que Ferreirão não durou muito. E o América só escapou do rebaixamento já nas últimas com Ruy Scarpino.

Entretanto, não é que hoje eu abro o site da CBF e descubro que o técnico da seleção brasileira de futebol masculino Tite também é adepto desse tipo de treinamento? Nas palavras da CBF: "No trabalho de véspera, o técnico Tite comando (sic) o seu tradicional treino 'invisível', ou fantasma para alguns, quando 11 jogadores exercitam o posicionamento e a movimentação da equipe sem um adversário do outro lado."

Quem diria, hein? Ou Ferreirão sabia demais ou Tite anda sabendo de menos.