Para não ser muito dura com Ney da Matta, tenho que reconhecer que o América fez sua melhor partida sob seu comando. Isso quer dizer muita coisa e, ao mesmo tempo, coisa nenhuma. Mas não deixa de ser um avanço.
Prefiro nem comentar sobre Daniel no gol. É um verdadeiro chama gol, embora não tenha tido nenhuma falha gritante.
No resto, duas boas supresas: Felipe Manoel e Lucas Silva. Ambos muito bem na partida. Mas muito bem mesmo. Felipe Manoel, que tem corpo de zagueiro, jogou mais avançado, melhorou um pouco a pegada do time e ainda fez bom papel de pivô quando assim acionado. Tirou toda a má impressão que eu tinha dele.
Sobre Lucas Silva, simplesmente o melhor em campo. Não errou passes, não prendeu demais as bolas, levou muito perigo à defesa adversária. E, pasmem, não agradou ao técnico Ney da Matta, que não gostou das tabelas tentadas (todas deram certo!) pelo jogador. Vá entender!
Aliás, por falar em entender, Ney da Matta provou que entender o que está rolando no jogo e mexer adequadamente na equipe não é o seu forte. Cometeu o erro gravíssimo de deixar o time sem um meia para acalmar o jogo e fazer lançamentos quando tirou Cascata para colocar Leozinho. Alguém precisa dizer a ele que Leozinho não é meia nem aqui, nem na China. É mais uma versão de Murici - um jogador para ser lançado, jamais para lançar outros.
O erro custou o empate e poderia ter saído bem mais caro para o América. Até na recomposição com Luiz Fernando, que só ocorreu após o leite derramado, Ney errou. Tirou Lucas Silva, quando era Adriano Pardal que já dava todos os sinais de esgotamento físico, errando mais do que acertando lances.
Mas aí Sapé fez um corta-luz e a jogada terminou em escanteio para Rodney, que já deve estar seriamente brigando pela liderança de assistências no América, e ele achou Flávio Carioca, que encontrou a rede de cabeça, seu grande fundamento.
O quarto gol foi puro talento de Luiz Fernando. 4x2.
Nem falei que Flávio marcou o primeiro e que Danilo, numa espertíssima tabela com Cascata, marcou o segundo.
Ainda teve a expulsão de Flávio Carioca que apenas o juiz entendeu. Se alguém puder explicar, agradeço.
De todo jeito, os erros de Ney na leitura do jogo saíram barato mais uma vez. Mas é bom ele não abusar da sorte. Até porque nas duas últimas partidas em que ele mostrou péssima visão do que ocorreu em campo o adversário era o fraquíssimo Belo Jardim.
América segue líder, invicto e com o torcedor se reaproximando da equipe, como as mais de 3 mil pessoas hoje mostraram.
Só que Ney foi alvo do famigerado coro ("burro, burro") na saída de Lucas Silva. Foi a gota d'água para quem percebeu as terríveis substituições do treinador. Que ele possa assistir ao jogo com calma depois para entender as mancadas e evoluir no quesito. A sorte pode não lhe presentear com adversários desse nível mais à frente.
Interessante mesmo foi o pessoal de uma rádio achar que a torcida estava gritando para Daniel determinado xingamento para o goleiro do Belo Jardim. Antenados, viu?