Destino de todos, mas eterno tabu. Assim é a morte. Assunto evitado a todo custo pela antecipação de dor que causa, é difícil ser razoável ao lidar com a morte quando ela se aproxima perigosamente.
Numa manhã dessa semana, a Tribuna do Norte trouxe artigo de Daladier Cunha Lima a respeito do escritor russo, que também era médico, Anton Tchekov. Fiquei muito impressionada com o relato de seus últimos dias.
Ele sofria de tísica e só veio a casar 3 anos antes de falecer. Numa viagem a Alemanha em busca de melhora, passou mal e um médico foi chamado.
Segundo Daladier, Anton teria balbuciado ao médico em alemão que estava morrendo. Este então lhe aplicou uma injeção e mandou que servissem uma taça de champanhe ao escritor. Após o último gole, sorrindo para a esposa, ele teria dito: "Fazia tempo que não tomava champanhe". Morreu poucos minutos depois. Não é impressionante?
Tenho dúvida se sabemos mesmo quando os derradeiros momentos estão chegando. A serenidade dos que parecem pressentir a chegada da hora H é algo invejável. Nada de ansiedade, tristeza desmedida, desespero... só serenidade. Como se soubessem exatamente o que estão fazendo, senhores de seus próprios destinos.
Angústia maior do ser humano é não ter absoluto controle de seu destino. Pelo menos alguns de nós experimentam essa serenidade no momento fatal. Talvez daí tenha surgido a expressão "descanse em paz", num verdadeiro vislumbre dessa serenidade em tal momento.
Intrigante.