Desde a definição de ABC e Globo como finalistas do 1.° turno do Potiguar 2017 que a torcida abecedista resolveu iniciar um movimento clamando por público zero nas finais. Sócios tendo que pagar ingresso (desde o ano passado é assim) e finais na Arena das Dunas (conforme votação no conselho arbitral em outubro do ano passado) seriam a motivação.
A torcida tinha direito de não saber das definições bem antes. Mas pelo jeito muitos jornalistas só ficaram sabendo das novidades (?) quando elas passaram a ser vistas como prejudiciais à torcida abecedista, embora eu esteja me perguntando até agora que prejuízo enorme foi esse se os torcedores puderam ver o jogo em Natal, e não em Ceará-Mirim, num horário sabidamente proibitivo para quem trabalha em horário comercial e teria que se deslocar para Ceará-Mirim atravessando a Zona Norte e o seu pesadíssimo tráfego.
Muitos profissionais da imprensa ressaltaram o sucesso do movimento. Confesso que fiquei na dúvida se funcionou mesmo. Alecrim 2x3 ABC, valendo a liderança da fase e o direito de jogar por dois empates ou resultados que se equivalessem, em pleno sábado à tarde, teve público de 849 pessoas. Numa quarta às 19h15, Globo 1x1 ABC, foi presenciado por 2.829 pessoas. Ou a maioria dos torcedores era do Globo, e aí o protesto da torcida abecedista funcionou, ou a maioria era do ABC, e o protesto não funcionou, já que o público foi bem superior ao do clássico disputado na rodada anterior no mesmo local.
Teve gente até falando que se o jogo tivesse sido no Frasqueirão teria muito mais gente. Então o protesto era por duas partidas no Frasqueirão? Sim, porque o mando de campo da 1.a partida era teoricamente do 2.° colocado. Logo, o jogo seria no Barretão. Houve quem dissesse que o número de torcedores foi inflado de forma proposital pela Arena das Dunas e pela FNF. Seria a primeira vez que uma renda teria sido aumentada de forma fictícia, acarretando maiores custos aos envolvidos, apenas para sabotar um movimento. Meio ilógico, né? Era pra rir se não tivesse vindo de um profissional da imprensa.
À crise o que é da crise. E os números relativos a público neste estadual e até nas partidas de Flamengo, Vasco e Fluminense por aqui mostram bem isso.
Não é de hoje que, tendo que escolher entre carnaval e futebol, o torcedor dá as costas sem nem pestanejar para este. Pena que as cabeças pensantes do futebol brasileiro ainda não tenham entendido isso e insistam em marcar jogos na véspera do evento (começa na quinta em quase todo o Nordeste) ou, pior, durante a folia, como no sábado, no domingo e na quarta-feira de cinzas.
A finalíssima será no domingo depois do carnaval. Vejamos se o público será menor do que o registrado na quarta. Aí poderemos ter certeza do sucesso do movimento.