Ainda a respeito da polêmica que passou a existir a respeito do América seguir trabalhando em dezembro e o ABC ter dado 13 dias de folga ao seu elenco, registro dois acertos.
O primeiro deles na manchete de capa da Tribuna do Norte de hoje. Vamos a ela: América só terá folga para festa de réveillon. No subtítulo, lê-se: O técnico do América Felipe Surian optou por treinar até a sexta-feira. Com isso, atletas terão folga apenas para a festa de réveillon. Nada de técnico malvado e time sem folga alguma, apenas o fato em si, embora eu tenha que corrigir a data final de treinos em 2016 - no sábado de manhã, não na sexta.
O segundo na coluna da página 13. O colunista (acredito que seja Itamar Ciríaco substituindo Marcos Lopes nas férias, que escreve em dias alternados) abordou esse assunto como deveria ser abordado por quem de fato passa por cima de sua torcida individual em nome do bom jornalismo. Vale a pena compartilhar bons exemplos. Segue o texto principal, exatamente como foi escrito (inclusive pontuação), da coluna publicada na edição desta quarta.
Excesso de confiança?
Da coluna Esportes de Primeira, de Itamar, na Tribuna do Norte de 28/12
Seis dias são suficientes para trabalhar um elenco técnica e taticamente? O técnico Geninho e a direção do ABC acreditam que sim. Ao menos é o que as datas parecem comprovar. O treinador abecedista chega a Natal no dia 9 de janeiro e o Alvinegro faz sua estreia no Campeonato Potiguar no dia 15, diante do Globo, no estádio Maria Lamas Farache. Isso mesmo, o adversário é um clube que renovou com 99% do elenco e está treinando há mais de 30 dias. Outra comparação que pode ser utilizada é a do rival América, que não deu folga ao elenco [deu sim, da tarde da antevéspera do Natal à manhã do dia 26 e da tarde do último dia do ano à manhã do segundo dia de 2017] e tem o técnico Felipe Surian acompanhando tudo de perto.
Segundo justificam os dirigentes do ABC, tudo faz parte de um minucioso planejamento envolvendo inclusive a preparação física do grupo. Dessa forma, até mesmo esse período de festa, no qual todos foram liberados, está no cronograma de trabalho.
Essa é uma aposta que pode dar certo e trazer bons resultados para a equipe logo na primeira parte das competições, mas, se der errado, o torcedor irá cobrar. Os comentários de "soberba" em relação aos rivais locais logo se espalharão pelas redes sociais e a primeira "pressão" será sentida sobre o grupo de jogadores e treinador.
Claro que devemos levar em conta o fato de que o ABC manteve uma boa parte do elenco e que, por exemplo diferente do América, não precisa, em tese, de tanto trabalho para entrosar o grupo de jogadores. É óbvio também que a pressão está toda sobre o rival, que vem de um rebaixamento e de um vice no Estadual deste ano.
Mas, também é evidente a importância de estar bem logo de início. De conquistar o primeiro turno e já garantir vaga em importantes competições para a temporada 2018. Tenho certeza que é nisso que o América está pensando quando exige treinamentos nesse período. O Alvirrubro, além de pressionado, sabe da importância da conquista do turno inicial, principalmente, porque reconhece que o ABC, já próximo da final da competição, deverá se reforçar com jogadores de nível de Série B para a disputa do Campeonato Brasileiro. Ou seja, a tendência é de aumento nas dificuldades. Dessa forma, garantido na decisão, o América sabe que em uma final as camisas pesam, independente de quem esteja dentro de campo.
O próprio Alvinegro é testemunha disso e basta lembrar o título que veio com o famoso 5 a 2, quando o América possuía um elenco extremamente superior ao do ABC.
Se não bastasse tudo isso, os clubes chamados "grandes" precisam estar atentos a equipes de menor investimento, mas que despontam com algo determinante para o sucesso em qualquer ramo de trabalho: a organização.
Estamos falando aqui, por exemplo, do Globo. Um clube-empresa que mantém o time, investe em infraestrutura e, com salários em dia, é sempre uma ameaça.
O estreante Santa Cruz de Natal não pode ser desprezado. O time chega com a chancela de campeão da divisão de acesso e sob o comando do experiente Higor César.
Correndo por fora, mas sempre com o peso da tradição, vem o Alecrim. O time tem a grife de Athirson como treinador e a aposta em um projeto envolvendo empresários do futebol.
Outro clube que aparece com um elenco experiente é o Potiguar de Mossoró. O Baraúnas tem a estrela de Barata, que pode brilhar como treinador do Tricolor. O ASSU promete ser imbatível jogando no Edgarzão.
Ou seja, "cascas" de bananas estarão espalhadas ao longo de todo percurso que pretendem percorrer os tradicionais favoritos ABC e América até um lugar na decisão. Por isso digo que, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.