quarta-feira, 12 de outubro de 2016

O dilema

Nesta semana o América realizou uma reunião com os titulares de cadeiras e camarotes da Arena América. Por óbvio não participei da reunião, mas, pelo Twitter, a conta Mecão1915 divulgou em linhas gerais o teor do encontro.

Houve um relatório das despesas e foram apresentadas duas situações para a realização de jogos: uma com os camarotes e outra sem eles. Para que a Arena abrigue jogos sem a conclusão dos camarotes é preciso arrecadar algo em torno de R$ 600 mil (o presidente Beto Santos havia falado em R$ 500 mil na entrevista de sexta-feira). Se incluirmos os camarotes, o valor sobe para R$ 3 milhões. E aqui estamos falando apenas da 1.a etapa ou 1.° módulo ou módulo principal da Arena.

O dilema está no fato de que não dá para fazer time bom e construir estádio. Essa é a lição que vem sendo repassada ao longo dos anos por quase todos os que seguiram na empreitada. O cobertor é curto: ou cobre os pés, ou cobre a cabeça.

No caso do América, o dilema aumenta com a perspectiva de que a diretoria deve levar jogos para Goianinha para reduzir custos. Se a Arena América estivesse em condições, este seria o local para se jogar e poupar dinheiro. Mas a permanência de Beto Santos e jogos em Goianinha devem levar menos gente a se associar. E como o presidente falou que o programa de sócios vai destinar parte (quanto?) dos recursos para a construção da Arena América, dá para arriscar que neste ano ela não sai.

Como conseguir R$ 600 mil? Não será com migalhas do Sócio Torcedor que essa Arena receberá jogos neste ano. É preciso ousar. Empresas que querem arrecadar no mercado lançam debêntures. Que tal lançar um empréstimo feito com a torcida? Algo como títulos de R$ 300, que possam ser parcelados em 10 vezes, exclusivamente para a Arena América, e que deem direito a alguns ingressos na temporada de sua inauguração? Poderiam ser 10 ingressos distribuídos ao longo dos jogos no ano. Talvez um por mês.

Ou ainda tratar o negócio como empréstimo mesmo, pagando juros fixos no fim do ano, até que a Arena seja inaugurada, quando os ingressos seriam disponibilizados ou o valor inicial corrigido seria devolvido? Isso transformaria a Arena em investimento mais atrativo não só para americanos. E depois da Arena pronta levantar recursos para as devidas quitações ficará mais fácil. 

São ideias. R$ 600 mil ficam mais fáceis se pensarmos em 1.000 pessoas pagando R$ 600, ou 2.000 pagando R$ 300, ou 3.000 pagando R$ 200. Se puxarmos os valores para R$ 3 milhões, a conta fica em 1.000 pagando R$ 3 mil, ou 2.000 pagando R$ 1,5 mil, ou 3.000 pagando R$ 1 mil. Mas quanto mais altos os valores, menos pessoas terão condição de pagar. Por outro lado, com um valor mais baixo, nada impede que uma mesma pessoa adquira mais desses "títulos de empréstimo", deixando todo mundo em condição de ajudar na construção e ainda receber algo em troca.

Melhor: se for feita uma campanha desde já, talvez esses recursos sejam levantados a toque de caixa, como ocorreu com a venda dos camarotes em tempo recorde, e a Arena enfim receba jogos da Série D.  E isso certamente traria, agora sim, mais sócios torcedores para o time de futebol, orgulhosos de verem o Dragão cuspir fogo em sua própria casa.

É um dilema. Se pensar no futebol, esquece a Arena. Por outro lado, pensar na Arena pode parecer esquecer o futebol, mas o resultado será o engrandecimento de ambos.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Em busca de saldar as dívidas

O presidente do ABC lida agora com a parte ruim do acesso. É que ele prometeu ao elenco R$ 680 mil de premiação se o alvinegro conquistasse a vaga na Série B 2017. O problema é que, até agora, apenas R$ 200 mil foram repassados ao elenco. Foi o que Judas Tadeu revelou à Tribuna do Norte (página 16):

"Do dinheiro prometido, conseguimos antecipar R$ 200 mil, falta ainda quitar R$ 480 mil e vamos depender do que conseguirmos arrecadar daqui por diante. Os atletas fizeram a parte deles e cabe a diretoria fazer a dela e cumprir com o acertado."

Além da dívida da premiação, ainda faltam R$ 38 mil para completar a folha salarial de setembro, montante que deve ser quitado na próxima semana.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Carma

Depois de publicar o balanço das quartas de finais ontem com algumas observações sobre a inacreditável situação do Fortaleza, que em três anos seguidos chega à fase como 1.° do A e cai diante do 4.° do B dentro de casa, Eduardo e Thomaz me alertaram pelo Twitter que o Fortaleza sofre pelo que aconteceu na Série C 2011.

Confesso que nem lembrava mais do assunto. Foi uma confusão com Carlinhos Bala, Fortaleza e CRB. Aí recebi o vídeo que compartilho abaixo e lembrei de tudo. Coloquei também outro com mais detalhes.



Sou bastante cética na vida, mas se há algo em que acredito é no tal do carma. Em inglês, ele é expresso em "what goes around comes around". Algo como "tudo o que vai volta". Em português é conhecido como "aqui se faz, aqui se paga". Tudo o que fazemos de bom ou de ruim volta para nós mais cedo ou mais tarde. E o que ocorreu em 2011 seria a explicação do que agora acontece com o Fortaleza.

Sobre a confusão, sabem qual foi a decisão do STJD? Ninguém foi punido. Nem Carlinhos Bala, nem Maizena, nem Fortaleza, nem CRB. Até a multa por atraso foi diminuída. Depois não sabem porque o STJD é para mim um ultraje aos que militam no Direito.

Efeito contrário

Ontem, Marcos Lopes publicou no Twitter um vídeo com torcedores do Fortaleza estourando rojões de madrugada em frente ao hotel onde a delegação do Juventude estava hospedada.

A imagem me causou indignação. Eu detesto esses expedientes antiéticos na busca de um resultado.

Pois bem. Após o jogo, o goleiro Elias, do Juventude, pediu ao repórter do EI MAXX para fazer uma pergunta aos telespectadores. Elias perguntou aos "babacas" se havia sobrado alguma caixa. Se sim, ele pediu que enviasse para ele porque os jogadores queriam estourar para comemorar.

Nos tempos de hoje, às vezes o diferencial numa partida é a motivação. Como se vê, os babacas que decidiram empreender pela antiética deram ao técnico do Juventude mais do que ele pediu a Deus: motivação extra dos jogadores. 

domingo, 9 de outubro de 2016

Balanço das quartas de finais

Jogos de muita tensão nas partidas de volta das quartas de finais da Série C 2016.

Conseguiram o acesso para a Série B 2017 3 mandantes e 1 visitante.

O ABC foi o primeiro favorito a garantir a vaga ao bater o Botafogo-SP no Frasqueirão por 1x0, gol de Erivelton. 

O Guarani conseguiu uma super virada para cima do ASA. Perdeu o primeiro jogo por 3x1 e em casa venceu por 3x0, gols de Leandro Amaro, de cabeça, e Eliandro, duas vezes, uma delas de cabeça.

O Boa venceu o Botafogo-PB aos 50 minutos do 2.° tempo: 1x0, gol de Genesis, eliminando um dos favoritos ao acesso.

E o Juventude também deu um chega pra lá no favorito Fortaleza. O jogo terminou 1x1, gols de Hugo, de cabeça, e Pio, de falta.

Destaque para o ABC que foi o único clube do grupo A a subir para a Série B, repetindo o Vila Nova no ano passado. Aliás, o Vila foi campeão. Será que o ABC também repetirá a dose?

Detalhe que ABC e Boa caíram no ano passado e voltaram neste.ano.

Marcelo Chamusca e Fortaleza conseguiram deixar claro que o problema não estava no técnico nas tragédias de 2014 e 2015. Chamusca subiu com o Guarani e o Fortaleza mais uma vez caiu para o 4.° colocado do grupo B. Inacreditável.

As semifinais terão ABC x Guarani e Boa x Juventude.

Entrevista de Felipe Surian

Não. O Só Futebol? Não! não está dando furo algum com entrevista de Felipe Surian. Não é esse o propósito deste blog. Fuçando a internet achei uma entrevista do provável novo treinador do América ao Correio Braziliense (especificamente a Marcos Paulo Lima, subeditor de esportes do jornal) ainda quando comandava o Volta Redonda no Carioca 2016. Vale conferir para conhecer um pouco mais sobre o atual campeão da Série D 2016.

"Você é o técnico mais jovem do Campeonato Carioca com 34 anos [atualmente conta 35 anos de idade]. Por que a carreira de zagueiro acabou tão cedo? 
Com 27 anos, eu tive um problema na coluna, eu tive hérnia de disco e isso me prejudicou um pouco e decidi encerrar a minha carreira como atleta.

Você chegou a jogar com o Fred no América-MG. Fala um pouco dessa amizade e por que vocês trilharam caminhos opostos...
Eu já estava no América-MG quando o Fred chegou. Eu era até o capitão do sub-20 na época. Jogamos juntos. Eu até tive uma participação boa na primeira contratação dele. Nós temos uma diferença de dois anos e depois de trilhamos caminhos diferentes. Mas a amizade sempre continua, a gente sempre mantém contato. Graças a Deus ele teve essa ascensão, chegou onde chegou. É um cara humilde, preservou a sua raiz. Nunca deixou a família e os amigos. 

Fred deve estar bravo com você. O Thiago Amaral tomou a artilharia dele. Me fala um pouco mais sobre esse goleador do Voltaço e do Carioca...
É um atleta experiente, muito dedicado, experiente, concentrado nas suas ações. Nos trabalhos, ele sempre está querendo fazer o algo a mais e se encaixou dentro do esquema que eu gosto de trabalhar. Ele tem aproveitado bem as chances que aparecem e hoje é o artilheiro. Que continue assim até o fim da Taça Guanabara.

O técnico português André Villas-Boas, do Zenit, começou na carreira de técnico tão cedo quanto você. Ele é uma das suas inspirações? Quem são as suas referências?
O futebol mundial está dando uma renovada, vem surgindo uma nova safra de treinadores não só no Brasil como no exterior. Você colocou bem, o André Villas-Boas começou bem, está ocupando o seu espaço e ainda tem muito chão trilhar também. As minhas influências são de treinadores com esse perfil. Gosto muito de estudar os adversários, gosto de transições rápidas, da potencialização do atleta para que ele renda, hoje, mais do que rendeu ontem. E amanhã, mais do que hoje. Não tenho uma referência específica, sigo vários treinadores e vou adequando cada estilo dentro da minha filosofia.

Por que o Volta Redonda é vice-líder. Qual é o segredo do sucesso?
Isso se deve à inteligência dos atletas. Em três meses de trabalho, eles entenderam a minha filosofia, o meu projeto de jogo. Isso é mérito totalmente deles. Além disso, estamos fazendo um trabalho sério, competente e com a união de todos.

O Volta Redonda derrotou Fluminense e Flamengo neste Carioca, deu trabalho ao Vasco e agora terá pela frente o Botafogo. Qual é a fórmula do sucesso contra os grandes?
Eu gosto de analisar bem os adversários e traçar uma estratégia. Às vezes, pode dar certo, às vezes pode dar errado, faz parte do jogo, mas, no caso dos três deu certo. Vencemos o Flamengo e o Fluminense e perdemos injustamente para o Vasco. Nós fizemos um bom jogo. Isso mostra que nós podemos chegar em um lugar grande dentro dessa competição.

Qual foi o trunfo do Volta Redonda especificamente na vitória sobre o Flamengo?
Eu havia observado os últimos quatro jogos do Flamengo. Eles estavam fazendo jogos intensos e a única maneira de vencê-los era a minha equipe exibir um jogo taticamente perfeito, com marcação forte, e tentar surpreendê-los no segundo tempo. Por isso, eu segurei dois atletas mais rápidos para os últimos 25 minutos e conseguirmos, numa jogada desses dois atletas, fazer o gol da vitória. Um deles era titular até o jogo anterior ao do Flamengo. Muitos não entenderam, ele também não, mas esse foi o nosso triunfo naquele jogo.

O Volta Redonda é vice-líder da Taça Guanabara. Dá para repetir o título de 2005 na GB de 2016 e ir além do vice no estadual daquele ano?
Ainda faltam quatro jogos, mas nós estamos buscando chegar na semifinal, na final, e até ao título. Todo profissional quer ser lembrado por onde passa e isso não é diferente comigo.

Você tem no elenco caras experientes como o Vinícius Pacheco e o Lopes. Qual é o papel deles nessa boa campanha do time?
São meias de armação, até um pouco com as mesmas características. O Lopes é um pouco mais forte do que o Vinícius Pacheco, mas as características são as mesmas. Eles fazem o jogo fluir, a transição entre o meio de campo e o ataque com infiltrações no meio da defesa adversária... A experiência deles vale muito para os meninos da base do Volta Redonda que estão jogando.

O Volta Redonda disponibiliza, desde 2015, a ferramenta do coaching esportivo. Até que ponto isso tem contribuído com a boa campanha do Volta Redonda?
Essa é mais uma ferramenta que o clube disponibiliza, que ajuda bem. A gente consegue detectar alguns pontos que poderiam passar despercebidos, mas é mais uma ferramenta. Todos têm a sua importância, desde a cozinheira, a lavadeira, roupeiro, o pessoal da fisioterapia, enfim, todos têm a mesma responsabilidade. Se hoje o clube está na vice-liderança é um mérito de todos, não só meu, não só da diretoria, dos atletas, ou de uma função específica. É uma ferramenta importante, mas todos têm contribuído.

Essa foi a entrevista. Sobre os dados da carreira, Felipe Surian começou como auxiliar técnico no Tupi. Em 2011, foi nesta função que ajudou o técnico Ricardo Drubscky a subir o Tupi como campeão da Série D.

Em 2013, foi alçado ao posto de treinador e conquistou o acesso de novo para a Série C com o Tupi. Em 2014, passou sem grande destaque por Anápolis (8 partidas, 6 empates e 2 derrotas) e Caldense (passou de fase na Copa do Brasil e acabou em 8.º lugar no Mineiro 2014). Em 2015, disputou o Mineiro com o Tupi. Caiu por ter conquistado apenas 7 pontos em 8 rodadas (7.º lugar,  tendo sido goleado pelo Mamoré, 4x0, na última partida). 

No mesmo ano, assumiu o Villa Nova-MG durante a Série D. Foram 6 jogos e apenas 1 vitória. O Villa Nova-MG ainda perdeu 14 pontos por ter escalado jogador de forma irregular. Em dezembro foi anunciado pelo Volta Redonda.

Em 2016, dirigiu a equipe do Rio de Janeiro em 33 partidas, sendo 17 vitórias. Foi campeão da Taça Rio vencendo por 3x0 o Resende e o artilheiro do Carioca era seu atleta. Na Série D, foi campeão de forma invicta (10 vitórias e 6 empates). Jogando no 4-3-3, goleou o CSA de Oliveira Canindé por 4x0, gols Dija Baiano (que está de saída do Volta Redonda), Marcos Júnior (2) e David Batista, com a seguinte escalação: Mota, Osmar (ex-América), Daniel Felipe, Gilberto, Cristiano; João Cleriston, Marcelo, Marcos Júnior (Luiz Gustavo); David Batista (Douglas Pedroso), Dija Baiano e Rafael Pernão (Michel Cury).

Podcast: Novos ares

O acesso de ABC, Guarani e os rumos do América.


Série C 2016: Fortaleza x Juventude às 19h

Local: Arena Castelão (transmissão ao vivo para todo o Brasil pelo EI MAXX)

Fortaleza (4-5-1): Ricardo Berna, Felipe, Lima, Edimar, Willian Simões; Corrêa, Juliano, Rodrigo Andrade, Daniel Sobralense, Everton; Anselmo. Técnico: Hemerson Maria.

Juventude (4-5-1): Elias, Vidal, Anderson Marques, Klaus, Pará; Wanderson, Lucas, Wallacer, Romarinho, Roberson; Hugo. Técnico: Antonio Carlos Zago.

Árbitro: Péricles Bassols Pegado Cortez (PE)
Assistentes: Clóvis Amaral da Silva (PE) e Cleberson do Nascimento Leite (PE)

Destaques do Fortaleza
Ricardo Berna - experiente.
Anselmo - atacante que não perdoa.

Destaques do Juventude
Elias - tem dado conta do recado.
Roberson - bom na movimentação e na finalização.

Prognóstico: o Fortaleza conta com sua torcida para quebrar o tabu das quartas de finais e superar o defensivo Juventude. Fortaleza classificado.

Série C 2016: Boa x Botafogo-PB às 11h

Local: Estádio Dilzon Melo (transmissão ao vivo para todo o Brasil pelo EI MAXX)

Boa (4-4-2): Daniel, Leonardo, Bruno Maia, Edson Borges, Romano; Escobar, Itaqui, Felipe Mateus, Tchô; Samúdio, Daniel Cruz. Técnico: Ney da Matta.

Botafogo-PB (4-4-2): Michel Alves, Gustavo, Marcelo Xavier, Plínio, Jefferson Recife; Henik, Val, Pedro Castro, Marcinho; Carlinhos, Rodrigo Silva. Técnico: Itamar Schülle.

Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP)
Assistentes: Emerson Augusto de Carvalho (SP) e Marcelo Carvalho Van Gasse (SP)

Destaques do Boa
Itaqui - bom na marcação e no apoio ofensivo.
Daniel Cruz - atacante que não perdoa.

Destaques do Botafogo-PB
Michel Alves - seguro.
Rodrigo Silva - atacante que não perdoa.

Prognóstico: o Boa conta com o tabu do Botafogo-PB fora de casa para chegar à Série B. Boa classificado. 

sábado, 8 de outubro de 2016