À vista de um copo com conteúdo exatamente pela metade, o título desse texto é a pergunta clássica para descobrir se alguém é pessimista ou otimista.
Logo que chegou ao América, Oliveira Canindé certamente responderia que o copo americano estava meio vazio. Vivia a reclamar que o elenco estava cansado e cheio de desfalques.
No pós-Copa 2014, vimos um Oliveira Canindé diferente. Teve sua recaída após a derrota para o Boa, mas parece ter percebido que a vida é mais suave para os otimistas. Para que reclamar dos problemas? Se têm solução, não é necessário reclamar. Se não têm solução, de que adianta reclamar?
Começada a semana dos jogos contra Fluminense e Icasa, Oliveira passou a ver o copo meio cheio. Olhou para os disponíveis, não para os afastados, botou a cabeça para funcionar e montou o que de melhor poderia para superar Fluminense e Icasa em seus domínios.
Deixe-me acrescentar que ele recebeu uma mãozinha do destino com o afastamento de Jean Cléber. Não me entendam mal; ele é sim bom jogador. Mas inibe Márcio Passos. Ou joga um, ou outro. E Márcio Passos, que já vem fazendo sua melhor temporada pelo América, arrebentou contra o Fluminense em pleno Maracanã.
Junte-se a isso o golpe de mestre do treinador ao deixar Rodrigo Pimpão no banco. Aparentemente, deixou o time mais fraco. Mas Pimpão é 100% doação em campo e aqui na Arena das Dunas esgotou-se antes da hora ante a superioridade do adversário e fez uma falta danada ao time na parte final do jogo. Com a entrada no 2.° tempo do melhor jogador do América (pelo menos até agora), o adversário sofreu um desgaste inesperado, já que tinha certeza de que a fatura estava definitivamente liquidada no 1.° tempo. O resto da história todo mundo sabe: o Orgulho do RN fez mais uma vez história e, com um time desfalcado, tornou-se o 1.° clube do Nordeste a marcar 5 gols no Maracanã. O novo Maracanazo não será esquecido.
Contra o Icasa, desfalque de última hora. Copo meio vazio de novo? Que nada! O time encarnou o espírito otimista e confiante do comandante (já disse aqui: Oliveira hoje tem absoluto domínio técnico e tático de seu elenco) e jogou como se estivesse em casa. Não fosse o péssimo gramado e mesmo um certo excesso de individualismo de Daniel Costa e Alfredo (até compreensível pelo desejo de se afirmarem), teríamos uma goleada espetacular para cima do Icasa. Mas os dois gols do impressionante Rodrigo Pimpão (o 2.° muito bonito) ficaram de bom tamanho.
Esquecidos os desfalques, surgiram o seguro Lázaro, o esforço de Fernando Henrique (sem potência nos chutes em virtude da contusão) e Andrey (ainda lento), os bons cruzamentos de Arthur Henrique, os gols de Alfredo, os passes e chutes certeiros de Daniel Costa, só para citar os "reservas". Prova de que, sendo este o melhor elenco americano dos últimos tempos, o copo nunca esteve meio vazio. Era só olhar melhor.