Já havia prometido que não frequentaria mais o Barretão. Mas doentes podem prometer uma coisa dessa? Último jogo antes da parada da Copa das Confederações, horário sem sustos para mim... Na hora h, lá estou eu quebrando a promessa.
Levei 49 minutos para chegar. Menos mal para quem levou 1h30 da vez anterior. Cai num buraco na estrada, mas até não vi maiores consequências.
Entrar no estádio(?) Barretão é entrar em outro estado de espírito. Basta descer do carro para que a lembrança de uma vaquejada venha à mente. E tome areia típica de parques de vaquejada no estacionamento (?).
Ontem ainda lembrei do Nogueirão em dia de chuva. Uma nuvem de mariposas e outros insetos atacavam a tudo e a todos. Levei umas duas pedradas (esta era a sensação quando os insetos me acertavam).
Entro no estádio e procuro um banheiro. Só há químicos. E os femininos? São frequentados pelos homens sem a menor cerimônia. De positivo, um espelhinho na porta, mas quem vai se olhar naquela escuridão?
Subo para a arquibancada e, pelo menos desta vez, não vou ficar tonta com um alambrado verde empatando a visão. Subi mais (havia bastante espaço) e assisti ao jogo em pé, como de praxe.
Mas não é que o recente, moderno, supimpa Barretão já tem uma enorme rachadura na arquibancada? Um primor de segurança! Veja as fotos abaixo. Detalhe para os soldados do Corpo de Bombeiros bem do lado da dita cuja fazendo vistas grossas.
O jogo em si foi triste! O América é um time sem velocidade, que insiste em jogadores em fase ruim, como Norberto e Fabinho, e em jogadores que não servem mais na posição, como Renatinho na ala esquerda. Estiveram acima da média Andrey, Jerson e Alex. E só. Ou mudam-se as alas ou adeus Série B.
Acaba o jogo e a PM determina que a torcida do América só saia do estádio no outro dia. 20 minutos de espera viraram 30. Tenho doença gástrica e não posso ficar mais de 3 horas sem comer. Procuro um alimento nessa parada e... nada. Não há comida no Barretão. Um absurdo! Nunca vi faltar comida nem em Goianinha!
Mas a pérola do Barretão estava por vir. Na hora de permitir a saída da torcida americana, acharam por bem só abrir um portão. Sabem qual? O que tem catracas, para obrigar a todos ou a pularem-nas ou a passar por debaixo delas. Lógico que a fila(?) não andava! Com muita pancada num portão de segurança, este foi aberto e alguns torcedores puderam sair sem a humilhante situação da catraca. Um horror!
Enquanto esperava me libertarem daquele suplício, pude ver a tal escada de madeira da imprensa. Nem um vernizinho passaram. Nestas chuvas, ela apodrece já. Mas e daí? O dono do estádio não a usa mesmo!
Outro suplício para chegar ao carro,(atacado pelos insetos), sair do estacionamento(?) do Barretão e seguir o cortejo fúnebre até o gancho de Igapó. Fui dormir às 2h de hoje.
Por tudo isso, digo que ir ao Barretão, para mim, é entrar em outro estado de espírito. Sinto-me ultrajada como consumidora em todo e qualquer aspecto. E não posso seguir negando a minha essência e os meus valores. Dei uma outra chance a aquele local só para me sentir mais uma vez num buraco.
Assim, enquanto o América brincar de estádio em Ceará-Mirim, eu brinco de torcedora no Pfc. Pelo menos na minha casa nem sou atacada por insetos, nem corro o risco de passar mal por falta de comida, nem sofro com falta de banheiro, nem preciso mandar lavar o carro a cada jogo do América, nem corro o risco de ser esmagada na saída.
Enquanto isso, me lembro das vozes que se juntaram ao dono do estádio para dizer que teríamos trem em todos os jogos a R$ 0,50 e ônibus em Ceará-Mirim a R$ 1. Lembro também da afirmação de Padang de que as arquibancadas móveis em Goianinha seriam instaladas em 20 dias porque o América jogaria lá a Série B. Também lembro de quantas vezes a torcida do América chamou o Frasqueirão do Abc de parque de vaquejada.
É. Talvez este seja o melhor exemplo de que boca falou, boca pagou. E eu sigo dizendo: Barretão nunca mais!
(Ataque dos insetos - cortesia de João Ferreira)