Força e Luz 1x4 América é o primeiro jogo de um turno que começou sem que a final do outro tenha sido jogada. Juntando isso a uma semana anterior dura, inclusive quanto a questões de saúde, e a previsão de mais dois jogos importantíssimos pela frente na Copa do Nordeste e no próprio estadual, só poderíamos ter um América bem desentrosado em campo.
Se faltou entrosamento, não faltou vontade, pelo menos da maior parte do elenco que entrou em campo. A busca de jogadas de velocidade pelos flancos com Adílio, Dione e Felipe Pará foi a tônica do time, mas nem sempre isso deu certo. Tentar algo pelo meio parecia mais complicado na situação, pelo menos de início. Romarinho, por exemplo, estava abaixo do esperado, principalmente na marcação, e Daniel Costa parecia deslocado.
Defensivamente, o time estava até acertado para o tamanho do entrosamento. Renan Luís jogou muito. Geninho acertando bons passes na saída de bola foi uma novidade para mim. Já Arez não estava tão à vontade como eu esperava.
Leandro Melo apresentou uma atuação muito próxima daquelas a que nos acostumamos no ano passado e eu tive a oportunidade de parabenizá-lo após a partida.
À medida que o time foi se encontrando, os gols e as boas jogadas foram saindo. Dione e Geninho - este abraçado por muitos companheiros - definiram o placar do primeiro tempo.
No segundo tempo, acho que Roberto Fernandes resolveu mexer no posicionamento tanto de Romarinho como de Daniel Costa para ver se ambos se encontravam. Colocou Michael como volante no lugar de Dione, claramente poupado. Romarinho melhorou assustadoramente mais à frente, aparecendo até como opção para tabelas e encontrando Felipe Pará na ponta para marcar o terceiro gol.
Michael deu mais liberdade a Renan Luís, que também começou a aparecer - bem, diga-se de passagem - até pelo meio.
Já Daniel Costa parecia desmotivado e fez, para mim, sua pior apresentação com a camisa do América, num desnível assustador para o que já vimos em campo.
Tudo ia bem até o goleiro Ferreira marcar um golaço de falta. Golaço, no ângulo! A torcida americana reconheceu a cobrança magistral e ficou de pé para aplaudir o goleiro do Força e Luz, que retribuiu fazendo reverências com os braços estendidos, como a saudar um ídolo em adoração.
O Força e Luz resolveu então partir para o tudo ou nada e o América sentiu um tanto quanto o golpe do gol. Mas um novo arranjo com André Krobel e Juninho, mais uma cria da base americana, deu certo e o quarto gol saiu num cruzamento de André Krobel que ia deixar Adílio, que fez mais uma vez por merecer o seu gol, livre para marcar, mas que Rômulo, do Força e Luz, se intrometeu para cortar a bola e ela terminou no fundo da rede de seu próprio gol. No lance, chega deu pena do desalento de Adílio com o inusitado da situação ante a certeza do gol que marcaria.
Ewerton, que fez mais uma partidaça e já havia acrescentado ao seu portfólio uma saída da área de carrinho para salvar o América de um recuo errado de Arez que virou lançamento para o adversário, somou ainda mais pontos ao seu potencial ao defender com maestria o pênalti cobrado por Felipe Moreira no último lance da partida. Que goleiro o América tem com a camisa 1! E formado na sua base!
Mesmo sem entrosamento, mas com muita vontade de quase todo mundo que entrou de mostrar serviço a Roberto Fernandes, o América de muitas mudanças terminou repetindo o placar do primeiro turno contra o Força e Luz e deixou todo mundo com a sensação de que poderia ter feito mais gols.
Como já venho dizendo, o elenco demonstra equilíbrio na medida do possível e ainda há jogadores para estrear, como os zagueiros Edimar e Edson Henrique e o meia Lelê. Jogadores têm elogiado as mudanças táticas de Roberto Fernandes e estão em crescimento. E Roberto acerta ao rodar o elenco, coisa que eu sempre defendo, tanto por evitar desgaste como para manter todo mundo ligado, motivado e à disposição. Até mais união o elenco deixa transparecer, algo essencial para qualquer conquista.
Roberto e América começam a repetir a velha simbiose de outras temporadas, em que um faz muito bem ao outro, e vice-versa. Que continue assim.