Quem esperava facilidade para o jogo da volta contra o limitado time do Jacuipense certamente não entende nada de América, que é sempre capaz de enfiar os pés pelas mãos em qualquer situação.
O puxão de orelha serve para mim também. Confiei demais no meu ingresso do Setor Norte (perto do estacionamento) e me empolguei demais com a final da Euro. Saí de casa quase às 15h e a fila para entrar no estacionamento da Arena estava quase no DED e sem andar. Peguei o rumo da Amintas Barros e voltei para casa para deixar o carro e ir para a Arena a pé (de capa de chuva, né?). Tenho certeza de que entrei mais cedo do que se tivesse esperado na fila dos carros, mas já peguei o jogo andando, uma quase normalidade minha nos últimos tempos e que hoje me salvou da fumaceira pré-jogo.
No Setor Norte, o povo insistia em ficar em pé nas escadas, mesmo tendo vaga nas cadeiras abaixo. "Licença, por favor" para quem atendeu e outros leves empurrões para quem nem se mexeu e assim chegamos aos assentos.
Pronto. No jogo, o América, para variar, tinha um a menos num jogo decisivo: Wallace Pernambucano. Até bola por baixo das pernas na hora de dominar fez parte do repertório dele hoje. Só não digo que estava um zero à esquerda porque zero à esquerda normalmente não faz diferença e Wallace estava praticamente contando como jogador do time adversário.
Defensivamente, os zagueiros e o goleiro do América deram conta do recado. Melhor não falar na inocência dos laterais, mesmo um deles sendo o experiente Rômulo (zagueiro).
Se já estava com um a menos tecnicamente, Maicon Lucas resolveu dificultar mais para o lado americano com uma expulsão ridícula com muito jogo ainda para correr. Com 2 a menos, o limitado (e conhecedor de suas limitações) Jacuipense colocou o América na roda.
Somente a saída de Wallace Pernambucano para a entrada de Juninho voltou a dar o mínimo de equilíbrio ao América, que até assustou algumas vezes seu adversário.
A classificação veio mesmo com um 0x0 dentro de casa diante de mais de 24 mil pessoas. Valeu demais o gol do zagueiro Edson Silva lá na Bahia, decisivo e fundamental no momento certo.
A torcida só não está 100% de parabéns por algumas patacoadas: copos voaram inúmeras vezes nas arquibancadas, alguns chegando ao campo; acharam pouco e mandaram um par de chinelos na hora da cobrança de um escanteio; fora a quantidade de gente fumando e obrigando que tem o direito de não fumar contra a vontade a inalar a fumaceira.
Neste último quesito, a Arena das Dunas finge que nunca ouviu falar em proibição de fumar qualquer coisa em suas dependências e nenhuma autoridade pública se dá ao trabalho de fiscalizá-la.
Outro ponto negativo é que o pau comeu num determinado ponto do Setor Leste e ninguém da segurança ou da polícia chegou para resolver. A própria torcida é que fez às vezes das autoridades e separou os brigões depois de um tempo. Quando tudo já estava resolvido é que alguns policiais resolveran dar o ar da graça.
Enfim, o América chegou às oitavas de final e enfrenta o Moto Club. Supersticiosos certamente lembrarão que o clube maranhense já esteve num caminho de mata mata do Mecão. O ano era 1996 e mais à frente a história marcou o América como Orgulho do RN com o primeiro acesso à Série A.
Uma coisa todo mundo já sabe hoje: não será nada fácil.