Ontem, Força e Luz 2x2 América levou a muitas reclamações no Twitter. Uns bradavam contra a limitação técnica, outros contra o presidente do América, outros contra o técnico. Não vi ninguém reclamando da armadilha repetida que é o estadual para o América, para citar o maior alvo das últimas reclamações.
Não vi o jogo. Iniciei esta temporada dando ao futebol do RN o nível de atenção que ele mesmo se dá. Não desvio minha programação de trabalho nem um centímetro por qualquer jogo que seja. E depois do BBB, troquei a raiva com a desorganização em campo por Juliette e sua projeção de amor, esperança e alegria no Multishow no mesmo horário. Ontem foi só a prova do acerto da decisão.
Especificamente sobre o América, não aguento mais ver um processo absolutamente viciado de montagem/remontagem de elenco embalar o futebol do início ao fim do ano, com o clube afundado na lama nas últimas temporadas. Aproveitam a ilusão de que todo mundo quer mudança para entregar mais do mesmo: um troca-troca eterno de nomes tanto de técnicos como de jogadores.
O discurso se repete: cobra-se raça, uma atitude enérgica, dão ultimato ao elenco e ao técnico, bagunçam as peças do tabuleiro na ilusão de reorganizar do zero para que um resultado diferente venha. Quantas vezes vimos a repetição desse padrão? A torcida enfeitiçada pelas palavras "raça", "reforços", "contratações", "novo técnico", "correção de rumo" nem se dá conta de que apoia o processo que a trouxe até aqui.
Fico vendo o endeusamento de jogadores partindo do nada, ou até de lugares bem planejados, para depois de algumas rodadas esses mesmos jogadores serem execrados, também do nada, ou até de lugares bem planejados. Atletas que arrebentam e que depois desaprendem. É um ciclo sem fim.
A grita agora é por uma atitude urgente, sob pena de o América ficar sem série em 2022. De novo, o estadual cumpre seu papel de provocar o desvio de tudo que foi pensado na fantasia chamada pré-temporada. E nem adianta pensar agora na Série D, que deixaria o clube numa posição muito melhor do que sem série em 2022. Não, a urgência fantasiada de preocupação é por mudanças ditas radicais, extremas, que apenas cumprem o roteiro do que se vê há muitos anos sem resultado desportivo algum, mas certamente alegrando os profissionais da rotatividade no futebol.
Romper o círculo vicioso é premente, já que a desportividade nos abandonou faz tempo. E como parece não haver saída e o estresse anda enorme na pandemia, cuido da saúde buscando novos ares no entretenimento. Até agora vejo que estou no caminho certo.