terça-feira, 6 de abril de 2021

Inevitável

Escolher Direito para ser a minha formação foi algo que se encaminhou naturalmente. Desde criança, nunca suportei assistir a qualquer ato de injustiça sem me sentir atingida fortemente, ainda que aquilo não fosse a mim dirigido. O passar dos anos não amenizou o sentimento. Pelo contrário. A experiência me acrescentou muito conhecimento e isso desenvolveu sobremaneira a empatia. 

Como toda pessoa que nasceu e foi criada neste país até o Século XX, eu cresci em ambiente racista, misógino, homofóbico e até xenófobo. É uma piadinha sobre cabelo de pessoas pretas ali, uma piadinha sobre mulher não saber dirigir aqui, outra piadinha sobre o homem afeminado mais adiante, é o jornalismo local que mascara abertamente o sotaque potiguar como se ele fosse defeito...

Eu levaria muito tempo e espaço para listar as coisas ridículas a que somos submetidos diariamente desde priscas eras e ainda assim ficaria muita coisa de fora. 

"Se faz mal, não pode continuar". Bastaria esse entendimento para que todo tipo de preconceito/intolerância acabasse. "Ah, mas antes não havia esse mimimi". Para quem não sabe, "mimimi" é o termo que se usa para a dor que não é sua e para a qual você não demonstra a menor empatia. Racistas nunca sentiram empatia pela dor da discriminação racial. Misóginos nunca sentiram empatia pela dor da discriminação de gênero. Homofóbicos nunca sentiram empatia pela dor da discriminação por orientação sexual. Xenófobos nunca sentiram empatia pela dor da discriminação pelas raízes culturais. Então havia sim mimimi. Só que em nome de aceitação social as pessoas massacradas se submetiam a esses abusos a custa de muito sofrimento interno. Faziam o cálculo de que ser vítima impotente era menos doloroso do que não ter aceitação alguma, ainda que isso lhe custasse a autoestima. 

Porém, sempre houve quem nunca se conformasse. Por que um ser humano é menor do que outro por ter nascido em determinada região, ter determinada cor de pele, pertencer a determinado gênero e/ou viver determinada sexualidade? Nunca fomos tantos os inconformados. E nunca tivemos tanta voz.

Aí o jogo virou. Hoje o "mimimi" é de quem se acostumou com um mundo em priscas eras. Por que não posso fazer piada com a mulher que deveria esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque? Por que não posso rir do cabelo "black power" das pessoas pretas? Por que não posso chamar alguém de viado, bolo fofo, girafa, palito de dente? Por que não posso rir do sotaque alheio?

Ontem, o BBB me enfiou um soco no estômago. Foi duríssimo de dormir após acompanhar o participante João apontar o sofrimento que passou com a piada feita pelo participante Rodolffo a respeito do seu cabelo black power e este simplesmente reforçar sua atitude racista como algo natural e que seria compartilhado com todos que ali estavam. Doeu demais. Para os critérios brasileiros, eu passo muito longe de ser preta, mas isso não me impede de perceber a dor do outro e me sentir mal com ela. A isso se chama empatia. E como ela dói.

O mundo segue seu caminho em busca de evolução. No Brasil, por exemplo, mulher já não é mais propriedade de homens. Gays podem legalmente viver seu amor da mesma forma que o padrão heterossexual, inclusive casando. Pessoas pretas ascendem a outros níveis dentro da sociedade. Descobre-se o valor do regionalismo em detrimento da imposição do padrão até então dominante na cultura nacional. Mas há quem se dedique a defender o direito de impor sofrimento aos outros. 

Pare de se importar com o cabelo, com as roupas e com os gostos dos outros. Pare de se importar com os sotaques e com a sexualidade alheia. A vida é curta para que racistas, misóginos, homofóbicos e xenófobos passem dias, horas, segundos cultivando ódio e impondo sofrimento aos outros e a si próprios (sim, o ódio é uma faca de dois gumes).

Permita o conhecimento. Contagie-se de amor. Cresça em sabedoria. Entenda a grandiosidade que é a diversidade. Como somos belos em nossas diferenças! Dê aos outros nada menos, nada mais do que você quer para você: respeito. Não dê a uma vida diferente da sua o peso de uma obsessão. Ninguém precisa ser infeliz para que a felicidade chegue para você. Muito pelo contrário. 

Estamos no Século XXI. Não perca seu tempo sendo reacionário. Ainda que a passos lentos, a evolução vem. Caudalosa ou de mansinho, ela vem. Assim é a vida. E não há mais como voltar a viver em priscas eras.

Manchetes do dia (6/4)

A manchete do bem: Moçambique anuncia retomada de cidade ocupada por grupo terrorista.

As outras: Meca só irá receber vacinados ou recuperados da Covid em peregrinação no Ramadã, Reino Unido reabre pubs, mas não confirma férias no exterior e Rússia concentra tropas perto da Ucrânia e gera alarme no Ocidente.

Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (4/6)

The headline for good: New York State is set to raise taxes on those earning over $1 million.

The others: Biden and Democrats detail plans to raise taxes on multinational firms, Global brands find it hard to untangle themselves from Xinjiang cotton, and 'The most unsafe workplace'? Parliament, Australian women say.

Good morning.

Source: The New York Times

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Manchetes do dia (5/4)

A manchete do bem: China doará 150 mil doses de vacina contra o coronavírus para El Salvador.

As outras: Na Polícia Federal não vai passar boiada, diz chefe da PF no Amazonas após crítica de Salles, Teor homofóbico em ataques a Doria e Leite provoca indignação e reações na Justiça e Decretos de flexibilização de armas tiveram tramitação expressa de 32 horas.

Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (4/5)

The headline for good: Biden effort to combat hunger marks 'a profound change'.

The others: Stanford wins N.C.A.A. women's basketball title for first time in 29 years, For New York City, glimmers of hope and signs of revival, and Performing arts make a cautious return in New York.

Good morning.

Source: The New York Times

domingo, 4 de abril de 2021

O maior longa da Marvel



Com 8 episódios com duração variando entre 42-55 minutos, a minissérie Os Defensores que a Marvel preparou especialmente para a Netflix, na verdade, pode ser considerado o maior longa da franquia de Stan Lee.

Toda a estória que envolve Jessica Jones, Luke Cage, Matt Murdock (Demolidor) e Danny Rand (Punhos de Ferro) é desenvolvida com o mesmo esmero dos filmes feitos para o cinema, e ainda conta com pequenos detalhes para satisfazer a quem já acompanha a trajetória de cada um dos super-heróis (para quem acompanha/acompanhou Jessica Jones, esta minissérie está cronologicamente entre a 2.ª  e 3.ª - e última - temporadas) sem decepcionar a quem não é muito familiarizado com algum ou alguns deles.

Destaque para o grande acerto de ter Sigourney Weaver em papel destacado. Ela chuta para longe qualquer clichê que pudesse atrapalhar sua performance e provoca grande empatia por sua personagem, ainda que ela não seja um primor de pessoa.

Alerto para a censura 18 anos, justificada pela qrande quantidade de membros decepados e de sangue espirrando na tela.

Top 10 da Netflix

As obras mais assistidas da semana no Brasil
  1. A Força da Natureza (Filme, 2020, 16 anos, 1h40)
  2. Fuja (Filme, 2021, 16 anos, 1h30)
  3. Até o Céu (Filme, 2021, 14 anos, 2h02)
  4. Quem Matou Sara? (Série, 2021, 18 anos, 10 episódios)
  5. Pedro Coelho (Filme, 2018, Livre, 1h35)
  6. Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba (Série, 2019, 16 anos, 26 episódios)
  7. Chiquititas (Série, 2013, Livre, 545 episódios)
  8. Agência Secreta de Controle de Magias (Filme, 2021, Livre, 1h45)
  9. Rambo II: A Missão (Filme, 1985, 14 anos, 1h36)
  10. Apenas Diga Sim (Filme, 2021, 16 anos, 1h38)

Podcast: Exercício x mortalidade

Estudo comparou as diferentes combinações de atividade física com os níveis de mortalidade. 









Listen to "Exercício x mortalidade - Só Futebol? Não! com Raissa" on Spreaker.

Podcast: Na mesma

A incrível capacidade do futebol do RN de não sair do lugar. 









Listen to "Na mesma - Só Futebol? Não! com Raissa" on Spreaker.

Manchetes do dia (4/4)

A manchete do bem: Finalistas do The Voice+ dizem que reality os fez sorrir: 'Gratidão'.

As outras: Voltamos a um ponto pior, diz Flávia Alessandra, sobre a pandemia, Discurso do CFM é de quem não usa a ciência como norteador, diz presidente do Einstein e Branco, campeão mundial em 1994, deixa hospital após internação por Covid-19.

Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo