É bem verdade que o América está no meio da disputa das oitavas de final da Série D 2020, mas com o calendário apertado que a pandemia de Covid-19 impôs para 2020 e 2021 e estando já nos últimos suspiros de um ano que parece não ter fim, a diretoria do Mecão precisa já projetar o futuro que se aproxima.
Se há algo que ninguém pode negar é o crescimento técnico e tático que um elenco então esfacelado teve sob o comando de Paulinho Kobayashi. Paulinho chegou e transformou água em vinho: saímos do chutão que envergonhava a tradição do América de grandes times de toques mais refinados para termos um time que controla o jogo e que até empolga jogando bonito em muitas ocasiões.
O América avançou com a melhor campanha de seu grupo e provando mesmo que não há tropeço do qual não possa se recuperar como vimos recentemente no jogo de ida contra o Galvez.
Paulinho trouxe para o América a identidade que faltava, coisa de quem esteve do lado de dentro do campo empenhado em levar o Orgulho do RN a grandes conquistas que até hoje marcam a memória afetiva de quem o viu em campo no Machadão, seja como atacante, como meia ou como volante.
O América vai subir nesta edição da Série D? Ninguém sabe, mas também ninguém duvida da capacidade da equipe de Paulinho de mostrar superação e alcançar feitos maiores.
E é exatamente por isso que eu já exponho aqui a minha preocupação com o futuro. O Brasiliense-DF já procurou Paulinho na primeira fase e foi rejeitado por ele justamente pela identidade entre técnico e clube e sua vontade de levar o América a esse acesso. Cito o Brasiliense-DF apenas para ficar numa equipe que está na mesma situação do América.
O fato é que o contrato de Paulinho se aproxima do fim sem notícia de qualquer conversa para renovação, o que me deixa com o coração apertado ao olhar para o futuro. Este pequeno intervalo de tempo de trabalho já mostra o grande potencial de crescimento que clube e treinador têm ao caminharem juntos, algo que já vimos quando essa parceria envolvia a atuação de Kobayashi dentro das quatro linhas.
Se já sou ardorosa defensora de continuidade para que os frutos de um trabalho sejam colhidos, imaginem quando a oportunidade de continuidade inclui um ídolo apaixonado pelo clube.
Mas e se o América não sair da D? A tristeza será grande, entretanto, não se pode apagar o trabalho reconhecidamente bem feito em tão pouco tempo. Se o Fortaleza acertou ao manter Rogério Ceni em seus primeiros tropeços para enfim alcançar o paraíso, mais certo ainda fará o América em segurar Paulinho Kobayashi, um ídolo seu e com uma vontade enorme de crescer aqui, na sua casa, com seu povo.
E se sair da D? Se tiver deixado o interesse do mercado chegar antes, o lamento será grande pela perda de um treinador com tantos bons requisitos.
Kobayashi erra e acerta como todo profissional. Acerta muito mais do que erra e mostra uma grande qualidade que só confirma sua inteligência: aprende com os erros e se torna um comandante ainda mais forte.
Paulinho Kobayashi e América estão destinados a grandes feitos juntos, especialmente com um trabalho duradouro, com início adequado, em pré-temporada. Disso ninguém duvida. Que o América e o próprio Paulinho, então, não cometam o erro crasso de abrir mão de uma oportunidade única que o destino lhes reservou. Mas que se pense neste futuro agora. Já.