Não gosto do gênero terror. É muito estresse, muita violência, muito sangue e muito susto para, em geral, pouquíssima estória. De vez em quando, um filme desse gênero consegue romper essa minha barreira.
Dessa vez, não foi um filme, mas uma série baseada em um livro. A Maldição da Mansão Bly é o lançamento da Netflix no gênero que apareceu como recomendação para mim. Resisti por saber que não gosto do gênero. Aí vi uma crítica no The New York Times e comecei a mudar meu pensamento.
Primeiro, é terror, mas não é. Nesta era de gêneros mesclados em que vivemos, dá para colocar A Maldição da Mansão Bly como um drama de terror, ou um terror dramático. Há até quem fale em romance gótico, algo reafirmado pelo final da estória, sendo este o único spoiler aqui.
A estória da au pair americana que vai viver numa mansão no interior da Inglaterra para cuidar de duas crianças órfãs é cheia de muitas viradas. O perfil psicológico de cada personagem é lindamente construído. O sofrimento vive em Bly. E a cada episódio (são 9), mais peças vão montando o quebra-cabeça.
Quem gosta de terror mesmo reclamou da calmaria da série. Eu que não gosto já digo que há sim muitos sustos, mas nada insuportável. Acompanhar a construção da dor dos personagens em alguns momentos consegue ser mais excruciante.
Havia lido que os sustos diminuem com o desenrolar da série. Eu já digo que o terror é abraçado mesmo do 5.° episódio em diante. Aliás, diga-se de passagem, o 5.° episódio, centrado na governanta Hannah Groose, é simplesmente magnífico. Não me lembro de ter visto em outra série um episódio que se sobressaísse tanto em relação aos demais.
Todas as atuações são absolutamente convincentes, mas é impossível não destacar as crianças Amelia Bea Smith e Benjamin Evan Ainsworth e as atrizes T'Nia Miller, que faz a governanta Hannah Groose, e Victoria Pedretti, que faz a au pair Dani Clayton.
Terminei maratonando a metade final da série pela angústia de saber como aquilo tudo terminaria e acabei em lágrimas, totalmente despedaçada.
Definitivamente não dá para não assistir a mais esta série (ou seriado?) da Netflix.