A sensação de assistir a estou pensando em acabar com tudo (assim mesmo com inicial minúscula) é quase a mesma de quando estamos nos encaminhando para o fim do livro O Mundo de Sofia: um turbilhão de lhe arranca de onde você pensa que estava indo e lhe leva às paradas mais doidas imagináveis (ou não).
No caso do recente filme da Netflix, também inspirado num livro, no caso, de mesmo título, cujo autor é Iain Reid, essa sensação é muitas vezes mais exarcerbada.
Há um suspense inquietante no ar, mas não é bem isso. Há um drama persistente e também não é bem isso, mas é quase. A estória está em eterno conflito: mundo real, lembranças, metáforas, quem é o principal elo.
É algo bem filosófico, psíquico, ilógico, e, ao mesmo tempo, bem feito, porque você precisa saber onde aquilo tudo vai dar.
Garanto a decepção com o desfecho, mas ainda assim as atuações, os detalhes, os cenários, os clichês (ou suas quebras) me prenderam até o fim da estória e me fizeram classificar com o polegar para cima esse filme para lá de estranho, afinal, de vez em quando, assistir a algo que provoca o cérebro dessa maneira é também empolgante.
Fuja se você só gosta de filmes comerciais. Arrisque se não se assustou com Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, mas se prepare para algo muito, mas muito longe dele e sem possibilidade de volta.