Vira e mexe, aparece por aqui algum tipo de migué em clássicos. Já vi jogador jurar que estava contundido e aparecer como titular. Já vi treinador mandar uma escalação errada para trocá-la a poucos minutos do início da partida.
A desta semana era que o ABC jogaria com time misto para poupar seus jogadores para a estreia da Copa do Nordeste. Acho que ninguém caiu nessa.
O time foi o titular e com posicionamento específico para se aproveitar da exposição da defesa que o fervor ofensivo do América proporciona. O trio ofensivo do ABC jogou encostadinho na zaga americana, especialmente Wallyson em Adriano Alves. O primeiro vacilo surgiu logo aos 3 minutos. O gol de Wallyson desorientou o Mecão.
Outros vacilos surgiram e o primeiro tempo virou praticamente um duelo Ewerton x Wallyson. O América não se acertava em sua ofensividade e suas chances morriam na intermediária.
Reflexo da consistência que já elogiei, mesmo com o abalo, o América conseguiu chegar no seu estilo ao primeiro empate. Tiago Orobó apareceu como um foguete para cabecear. No mesmo estilo, a virada. Daniel Costa.
Só que o ABC empatou de novo com Marlon de cabeça. Isso tudo até os 21 minutos do primeiro tempo. Um jogo absolutamente elétrico.
O ABC insistia no que podia: o aperto na defesa americana. O Santa Cruz mostrou lá atrás que funciona, embora não o tempo todo. Assim, aos 31 minutos, João Paulo apareceu na cara de Ewerton para virar de novo o jogo.
O América ainda precisou de uns 5 minutos para enfim entrar no seu ritmo de jogo, o que já deu um pouco a toada do que seria o 2.° tempo, mesmo com a saída de Wallace Pernambucano, o melhor pivô da equipe.
O 2.° tempo confirmou a expectativa: o América mais ligado na ofensividade e o ABC apostando apenas nos erros da defesa adversária. Se vimos Ewerton x Wallyson no 1.° tempo, no 2.°, surgiu Rafael x André Krobel. Ambos os duelos com belos lances para cada lado.
Sabem a consistência do América? Sim, tivemos gol em cobrança de escanteio. Tiago Orobó de novo. Artilheiro. Novo empate.
Aí Tiago Orobó deve ter sentido porque saiu quando finalmente estava mais à vontade mais centralizado. Felipe Pará, que entrou antes, entrou com vontade. Pena que não estava numa noite de pontaria feliz.
No ABC, as substituições fechavam mais o time após a troca de Berguinho por Igor Goularte: Richardson, Vinícius Paulista.
No América, ofensividade era o objetivo com Leilson, Felipe Pará e Adílio.
Mas é preciso apontar o verdadeiro migué deste clássico. O zagueiro Vitor se lesionou e deixou o campo após o ABC ter feito as 3 substituições. Como o América ainda tinha uma, ao ver o desfalque, Waguinho empurrou mais o time para frente. Só que Vitor voltou após a substituição final do América, numa grande sacada de Diá, como centroavante, e assim serviu de pivô, mesmo mancando, para o lance fatal de João Paulo, que deitou e rolou em cima de Geninho.
Vitória importantíssima do ABC num resultado que ficaria mais ajustado ao jogo se houvesse ficado mesmo no 3x3.
Sobre Geninho, foi assustadora a falha neste gol específico de João Paulo. Zagueiro não toma um lance daquele sem apelar para falta em hipótese alguma. Ficou vendido facilmente no lance e prejudicou sobremaneira a equipe, que perdeu a sonhada vantagem para a final do turno. Aliás, Geninho não esteve bem praticamente no jogo inteiro, mas a falha final foi de lascar.
Para piorar, o técnico do Botafogo-PB estava acompanhando tudo lá mesmo na Arena das Dunas. Ou seja, é melhor que o América utilize o que se viu no clássico como aprendizado para que seus setores não joguem tão afastados na hora de um contra-ataque do adversário.
Jogo bom, resultado ruim, público maravilhoso.
A crítica fica para a Arena das Dunas. O jogo começou e todos os setores, tanto de América como de ABC, sofriam com filas porque o sistema deu pane para ler ingressos. Gente no Premium que entrou pelo estacionamento teve que passar ingresso na catraca externa porque as internas não leram o código.
Sócios Mecão reclamaram muito e com razão, embora o problema não tenha sido exclusividade da categoria.
A Arena das Dunas deve ter alguma explicação oficial para o problema, espero que acompanhada da solução definitiva. Não dá para admitir que um estádio que recebeu uma Copa do Mundo agora sofra com filas que não andam porque seu sistema é complicado. Será que o apagão que levou à reinicialização deixou sequelas mais profundas? Urge uma solução!
No mais, se existe hora boa de perder (cruz credo!), essa foi ela. Exatamente como no ano passado, se não houver mudança na última rodada, ao América só resta vencer na casa do adversário. Assim, sem choro, nem vela.
O teste foi duro e é preciso aprender com ele.
P.S.: a bem da verdade, o lance escabroso de Geninho aconteceu antes do gol final do ABC e só não terminou em gol por milagre. Feita a correção, mantenho a crítica - zagueiro não pode hesitar em fazer a falta no um contra um e a atuação dele foi negativa no jogo inteiro, o que inclui os lances dos gols adversários.