América 1x1 Potiguar pode ser fatiado em vários momentos diferentes do jogo. No início, de cara, o América já me pareceu à vontade demais, sem aquela mesma pegada que demonstrou contra o Santa Cruz, quando pressionou o adversário até em cobrança de lateral defensivo.
Mas aí Hiltinho encontrou Diego, que fez um bom cruzamento, e Max, de cabeça, não perdoou. 1x0 e gritos ecoando novamente na Arena das Dunas de "Uh, terror! O Max é matador".
Pronto. O relaxamento aumentou. E o Potiguar resolveu não mais dar qualquer sossego à saída de bola do América, que já se ressentia da ausência de Alison. O desentrosamento entre Jadson e Maurício ficou gritante no 1.º tempo. Junte-se a isso que Adenilson não estava numa boa tarde e também a limitação técnica demonstrada por Maurício. O caminho se abriu pelo meio dos zagueiros para o gol de empate de Jefinho.
Aliás, Maurício me lembrou hoje (não na estreia) um volante dos anos 90 do América que era um verdadeiro pau de dar em doido: Embu, oriundo do Corinthians. Maurício tomou muitas decisões erradas, especialmente sobre passe, e trouxe um verdadeiro caos à defesa americana.
Sei que é muito difícil para um técnico fazer uma substituição ainda antes dos 20 minutos, mas era o que deveria ter sido feito. A entrada de Judson no lugar de Adenilson, já que não havia zagueiros à disposição, poderia ter salvado a lavoura do América quanto à vitória.
Depois do empate, Hiltinho, que estava muito bem, perdeu a eficiência. Naquela oscilação esperada de um time em início de temporada, quem esteve bem no jogo passado já não brilhou tanto no de hoje e quem esteve mal melhorou. Max, por exemplo, não errou um único domínio de bola, coisa que irritou muito na estreia.
No novo desenho do jogo, houve um ataque do América que terminou com a torcida em pé reclamando um pênalti em Fabinho Alves, salvo engano, e a bola sobrou para Maurício falhar e Gledson ser obrigado a deixar o gol para impedir o avanço do adversário. No lance, o árbitro jurou que Gledson usou o braço para desviar a bola. Alguém até lembrou que Zandick também dera no ano passado um gol inexistente ao Santa Cruz. Não lembro se foi ele. Se foi, que carma, hein?!
Enquanto isso, eu reclamava do pênalti, mas vi o cartão vermelho para Gledson e quase sofri um infarto na arquibancada. Isso foi só a cereja do bolo de uma arbitragem que passou o jogo inteiro a enxergar/não enxergar quando uma bola saía pela lateral e quando uma pegada era falta e preferia sempre não enxergar a irritante cera dos jogadores do Potiguar desde o 1.º tempo.
Assim, Gledson, que fez mais uma defesa monstra hoje - eu me levantei para aplaudir -, foi expulso e Adenilson, que realmente não estava bem, cedeu o lugar ao bom goleiro da base Ewerton.
Aqui temos um outro momento do jogo. Não havia mais um goleiro que sabia jogar com os pés com absoluta tranquilidade. E a atrapalhada zaga também não se encontrava nos passes. Mas parece que ninguém entendeu o perigo que representava insistir em recuos para o goleiro e os zagueiros. O Potiguar adorou o resultado da marcação pressão. E isso ainda persistiu em alguns lances iniciais do 2.º tempo.
Entretanto, o 2.º tempo trouxe outro momento: o ferrolho suíço do América. Se é verdade que a casa caiu, ninguém queria que não sobrasse mais pedra sobre pedra. A luta passou a ser para não tomar gol com um jogador a menos.
O Potiguar não esperava a nova postura do América e passou a se desgastar muito sem provocar sustos. De novo, vi o pessoal da imprensa criticar uma certa falta de ofensividade do Potiguar. De novo, eu digo que acho que nunca viram um time de Luizinho jogar com um a menos. Eu vi. Em 2017, o Globo teve o zagueiro Jamerson expulso no Barrettão e se encontrou com um a menos. O América de Surian não sabe até hoje o que aconteceu para que perdesse o jogo daquela forma.
O América mostrou de novo muito bom desempenho na cobrança mortal de lateral de Vinícius, que Max desviou e na sobra Hiltinho e Pardal quase marcam. Neste caso, o bandeirinha jurou que Hiltinho estava impedido.
Em outro lance, foi a vez do goleiro Theo fazer uma defesa monstra. Isso vindo de um time que estava determinado a não levar gol.
Os minutos finais deram até a impressão de que o América chegaria à vitória pelo vistoso desempenho na cobrança de faltas, escanteios e laterais, especialmente depois da ótima entrada do lateral esquerdo Kaike posicionado na meia esquerda, mas o jogo ficou mesmo em 1x1.
Um empate frustrante, é verdade. Mas para quem conseguiu ver os vários momentos do jogo e enxergou o desacerto do 1.º tempo, o prejuízo de ficar com um a menos e a desgraça que uma derrota justamente para o líder da competição representaria (distância de 3 pontos num campeonato de tiro curto é o fim!) tendo um clássico a jogar no próximo fim de semana, ter terminado a rodada com os mesmos 4 pontos do adversário na liderança saiu de bom tamanho. Pelo menos o América se livrou de uma desgraça estilo "além da queda, coice" tão comum outrora.
Outra coisa, pelo nível do ferrolho com um a menos, o América aparenta se constituir num indigesto visitante nesta temporada, o que pode ser muito interessante quando as competições eliminatórias chegarem.
Voltando ao estadual, pelo equilíbrio deste campeonato, especialmente nestes primeiros jogos do 1.º turno, não dá para escolher em qual jogo se vai correr mais ou menos. Na quarta-feira, é preciso suar para superar o Palmeira para uma pressão menor (existe isso no América atual?) no clássico do fim de semana.
Ah, e a chegada de mais zagueiros também seria primordial para acabar com essa conta do chá que se viu no jogo de hoje.
Agora é cuidar de não dar sopa para o azar contra o Palmeira. E já sabendo que Ewerton não tem a mesma habilidade com os pés que Gledson e que Jadson e Maurício juntos precisam de um reforço na marcação.