Para seus seguidores, Jair Bolsonaro não é racista, facista, misógino nem homofóbico, apenas um contador de piadas mal compreendido.
Para quem passa longe do culto ao Mito, as tais piadas são alertas explícitos de intolerância e de um futuro tenebroso para uma nação liderada por um presidente com ideias perturbadoras, e não apenas em relação à intolerância.
No mês passado, a página Sensacionalista da revista Veja, dedicada à comédia política, resolveu publicar piadas inspiradas em afirmações estapafúrdias de Bolsonaro em entrevistas (edição de 08/08/18, página 33). A página chegou a agradecer ao candidato ("O Sensacionalista agradece a Jair Bolsonaro por nos ajudar a escrever a coluna de humor desta semana").
Ante a última tirada engraçadinha de fuzilar seus inimigos políticos, típico de ditaduras, vale relembrá-las por sua sapiência.
Portugueses nunca pisaram na África
Uma reviravolta nos estudos sobre a escravidão no Império Português. É como está sendo chamada a descoberta do historiador Leonardo Maroch. Segundo um artigo publicado recentemente, Maroch afirma que há documentos suficientes para comprovar que nenhum português pôs os pés na África do século XVI ao XIX.
A vinda de escravos para o Brasil se deu de forma voluntária, modelo que ficou conhecido como "escravidão por correspondência". A coroa portuguesa emitia uma carta-convite aos países africanos. Esta era respondida majoritariamente por cidadãos de Angola, Moçambique e Cabo Verde que, por coincidência, também falam português.
Escolas ensinam criança a virar gay
Um kit gay distribuído nas escolas está sendo a causa de vários casos de crianças que viraram homossexuais. Estudos da Universidade Rainbow mostram que 99% dos pais de família que param em locais de programas de transexuais tiveram acesso ao kit gay e imediatamente começaram a mudar o seu comportamento.
A cura para o desvio é muito simples: porrada. "Ter filho gay é falta de porrada. Eu preferiria ter um filho morto", explicou um especialista no assunto homossexualidade, que preferiu não se identificar.
O relatório dos cientistas é complexo e cheio de termos técnicos, mas explica a transformação. "O Joãozinho começa a ler aquilo e vai dançar com o Pedrinho", diz o texto.
Nova matemática: 500 é igual a 170
Nada menos que 170 membros da Real Academia da Matemática se reuniram na semana passada para rever seus cálculos. Os 500 membros admitiram, pela primeira vez, que os 170 estavam errados. A partir de agora, 500 passa a ser 170.
A dúvida foi levantada depois de uma música de Caetano Veloso que, mesmo sendo um esquerdista, já afirmava que estava tudo certo como dois e dois são cinco.
A Real Academia também decidiu que a partir de agora qualquer conta errada pode ser resolvida com a frase "que seja". Assim, os 500 membros encerraram a discussão. Na semana que vem os 170 se reúnem de novo. Ou 500. Que seja.
Plantas morrem se trabalhador rural pular Carnaval
A solução para perdas nas colheitas está garantida: basta o trabalhador do campo não se deixar contagiar pela festa do rei Momo. O mesmo vale para sábados, domingos e feriados. Se o lavrador não pular Carnaval, a planta não morre. Isso porque soja e milho entram em depressão e morrem de ciúme ao imaginar o agricultor pulando num bloquinho na companhia de outras plantas como catuaba e cana-de-açúcar.
Ainda segundo essa nova teoria, a solução para lidar com o crescente número de desempregados na zona rural é obrigar quem já tem emprego a trabalhar mais.
Não houve golpe militar em 1964
Está provado, de acordo com especialistas que se recusaram a dizer seus nomes temendo represálias: esse negócio de golpe e ditadura em 1964 é conversinha dos amantes da democracia. O que aconteceu é que o presidente aproveitou uma promoção de milhagens e viajou para Bora Bora com a família. Com o cargo vago, os militares, que estavam de bobeira, jogando uma pelada nos quartéis, resolveram assumir a Presidência da República. Em rodízio, para ter espaço para todos os generais mais poderosos.
Foi nessa época que um grande herói brasileiro começou a tomar espaço: o coronel Brilhante Ustra, que, além da criatividade para torturar facínoras que queriam liberdade, também enveredou pela escrita, assinando grandes obras literárias, dignas das cabeceiras mais ilustres do país.
É rir para não chorar.