Galinhos, Rio Grande do Norte, é o destaque da edição de hoje do The New York Times, o maior jornal do mundo, sediado em Nova Iorque, Estados Unidos.
A reportagem é de autoria de Dado Galieri sobre o impacto da geração de energia eólica no local e tem fotos absolutamente estonteantes de mesma autoria da reportagem.
Segue uma tradução absolutamente livre.
'Este Barulho que Nunca Para': Usinas Eólicas Chegam ao Litoral do Brasil.
Fotos e texto por Dado Galieri
24 de maio de 2018
GALINHOS, Brasil - À noite, pontos vermelhos que piscam enchem o céu e o som da rotação das pás está em todo lugar - lembrança constante da abundante presença do vento aqui no litoral do Brasil e de seu aproveitamento como recurso natural.
Ao nascer do dia, torres que se erguem a quase 400 pés (122 metros) são vistas bem acima da copa das palmeiras, como se fossem dentes-de-leão gigantes.
Nesta parte da costa do Atlântico, o vento sopra constantemente e consistentemente numa direção, dando ao Brasil um fluxo estável para a geração de energia. O país é atualmente o 8.° maior gerador de energia eólica do mundo, de acordo com o Global Wind Energy Council (Conselho Global de Energia Eólica), uma associação comercial, com usinas eólicas operadas por Weg, Siemens Gamesa, Wobben Windpower, dentre outras empresas.
Ainda assim, investidores são cautelosos, já que a construção das linhas é lenta e a infraestrutura insuficiente aumenta o preço das partes importadas. Agora, os legisladores estão propondo um imposto sobre a geração de energia solar e eólica, vez que o governo espera lucrar com o potencial financeiro.
A 1 milha (1,6 km) da praia, a vista das turbinas lembra aos residentes da área rural tanto as possibilidades como os impactos da indústria.
Na Praia do Morro de Martins, a aproximadamente 80 milhas (128 km) a noroeste de Natal, Damião Henrique, 70, ligou os cabos elétricos a uma bomba para aguar sua plantação de feijão. Pescador e agricultor, ele foi retirado de sua antiga faixa de terra e realocado alguns metros mais perto da praia para dar espaço para uma usina eólica.
"Mas estou bem," disse. "Como compensação, eu recebi energia elétrica da empresa, e agora posso aguar meu feijão mais facilmente."
Outros residentes locais disseram que os benefícios prometidos não apareceram.
"O prefeito falou que haveria escolas," disse Maria Vênus, 47, que tem uma mercearia em Morro dos Martins. "Abrira uma escola de música para a comunidade, nos deram uns violões e, depois de um ano, está tudo parado."
E há o barulho.
"Ah, sim", ela acrescentou, "também deixaram este barulho que nunca para."
A nordeste de Galinhos, entre São Bento do Norte e Pedra Grande, representantes da Copel, a companhia de energia do estado do Paraná, estão construindo a enorme usina eólica Cutia. When finalizada, suas 149 torres de turbina serão o projeto mais significativo da companhia no estado do Rio Grande do Norte.
Numa visita recente a Galinhos, jovens anunciavam a festa de aniversário da cidade, cruzando as ruas com bugres adaptados com alto-faltantes nos porta-malas para chamar os residentes para as comemorações.
Na porta de uma velha escola em ruínas onde era posseiro, José Neto, 70, pescador, acendeu um cigarro artesanal ao observar a alegria.
"Sei pouco sobre impostos, mas se for usada para nossa cidade, então é uma coisa boa," disse a respeito da proposta de taxar a geração de energia eólica. "Você sabe, nós somos tão humildes que qualquer sopro que conseguirmos é uma grande ajuda."
Nas próprias comemorações, políticos locais misturaram-se aos moradores de vilas próximas. Caixas de som gigantes tocavam música para dançarinos num palco montado. Garçons carregavam mesas plásticas na cabeça, oferecendo-as a qualquer um que comprasse 12 garrafas de cerveja. Famílias compravam espetinhos de carrinhos de churrasco.
Edson Barbosa, 56, um técnico de exploração de petróleo aposentado da Petrobras de Minas Gerais observava. Disse que era bom que os políticos estivessem pensando em cobrar pelo vento. "Vai ajudar a desenvolver este lugar," afirmou, "como o petróleo fez com outras áreas recentemente."
Mas o estado deve "criar valor em volta desta estratégica commodity", acrescentou, "ou estamos condenados a ser exportadores de energia e ter toda essa pobreza em torno da riqueza."
Confira a reportagem original e as belíssimas fotos em NYtimes.com.
Ao nascer do dia, torres que se erguem a quase 400 pés (122 metros) são vistas bem acima da copa das palmeiras, como se fossem dentes-de-leão gigantes.
Nesta parte da costa do Atlântico, o vento sopra constantemente e consistentemente numa direção, dando ao Brasil um fluxo estável para a geração de energia. O país é atualmente o 8.° maior gerador de energia eólica do mundo, de acordo com o Global Wind Energy Council (Conselho Global de Energia Eólica), uma associação comercial, com usinas eólicas operadas por Weg, Siemens Gamesa, Wobben Windpower, dentre outras empresas.
Ainda assim, investidores são cautelosos, já que a construção das linhas é lenta e a infraestrutura insuficiente aumenta o preço das partes importadas. Agora, os legisladores estão propondo um imposto sobre a geração de energia solar e eólica, vez que o governo espera lucrar com o potencial financeiro.
A 1 milha (1,6 km) da praia, a vista das turbinas lembra aos residentes da área rural tanto as possibilidades como os impactos da indústria.
Na Praia do Morro de Martins, a aproximadamente 80 milhas (128 km) a noroeste de Natal, Damião Henrique, 70, ligou os cabos elétricos a uma bomba para aguar sua plantação de feijão. Pescador e agricultor, ele foi retirado de sua antiga faixa de terra e realocado alguns metros mais perto da praia para dar espaço para uma usina eólica.
"Mas estou bem," disse. "Como compensação, eu recebi energia elétrica da empresa, e agora posso aguar meu feijão mais facilmente."
Outros residentes locais disseram que os benefícios prometidos não apareceram.
"O prefeito falou que haveria escolas," disse Maria Vênus, 47, que tem uma mercearia em Morro dos Martins. "Abrira uma escola de música para a comunidade, nos deram uns violões e, depois de um ano, está tudo parado."
E há o barulho.
"Ah, sim", ela acrescentou, "também deixaram este barulho que nunca para."
A nordeste de Galinhos, entre São Bento do Norte e Pedra Grande, representantes da Copel, a companhia de energia do estado do Paraná, estão construindo a enorme usina eólica Cutia. When finalizada, suas 149 torres de turbina serão o projeto mais significativo da companhia no estado do Rio Grande do Norte.
Numa visita recente a Galinhos, jovens anunciavam a festa de aniversário da cidade, cruzando as ruas com bugres adaptados com alto-faltantes nos porta-malas para chamar os residentes para as comemorações.
Na porta de uma velha escola em ruínas onde era posseiro, José Neto, 70, pescador, acendeu um cigarro artesanal ao observar a alegria.
"Sei pouco sobre impostos, mas se for usada para nossa cidade, então é uma coisa boa," disse a respeito da proposta de taxar a geração de energia eólica. "Você sabe, nós somos tão humildes que qualquer sopro que conseguirmos é uma grande ajuda."
Nas próprias comemorações, políticos locais misturaram-se aos moradores de vilas próximas. Caixas de som gigantes tocavam música para dançarinos num palco montado. Garçons carregavam mesas plásticas na cabeça, oferecendo-as a qualquer um que comprasse 12 garrafas de cerveja. Famílias compravam espetinhos de carrinhos de churrasco.
Edson Barbosa, 56, um técnico de exploração de petróleo aposentado da Petrobras de Minas Gerais observava. Disse que era bom que os políticos estivessem pensando em cobrar pelo vento. "Vai ajudar a desenvolver este lugar," afirmou, "como o petróleo fez com outras áreas recentemente."
Mas o estado deve "criar valor em volta desta estratégica commodity", acrescentou, "ou estamos condenados a ser exportadores de energia e ter toda essa pobreza em torno da riqueza."
Confira a reportagem original e as belíssimas fotos em NYtimes.com.