Não queria estar na pele dos dirigentes americanos agora. Clube com tradição enorme, mas com orçamento quase incapacitante frente às expectativas de sua exigente - não poderia ser diferente - torcida.
Quando o clube finalmente fez tudo certinho (pré-temporada bem antes, manutenção de base e até da comissão técnica, contratação de analista de desempenho e fisiologista), foi surpreendido com 2 assustadoras eliminações no estilo "Juazeirense 3x0 América".
Se contratar alguém para uma equipe de Série D já é duro, imaginem no meio de estaduais, Copa do Brasil e Copa do Nordeste/Copa Verde. Só restam mesmo os desempregados, e aí é preciso muito cuidado para separar o joio do trigo.
O nome de Fernando Tonet circulou mesmo no América, mas não como unanimidade. É que encontrar uma unanimidade (nem Leandro Campos era) é mais difícil com um orçamento apertado. Unanimidades lembram bons resultados conquistados de forma mais recente. Nessas condições, o salário sobe e a unanimidade vira frustração.
Não falei com ninguém do América a respeito dessa notícia de que Fernando Tonet teria rejeitado uma proposta do clube, mas acho que há certos detalhes meio mal contados aí. Tonet deve ter sido sondado, assim como outros 12 o foram só por um dos quatro dirigentes americanos envolvidos na busca de um treinador. O treinador deve ter se entusiasmado com a sondagem e foi verificar a possibilidade de não ter que pagar multa rescisória de seu contrato com o Santa Cruz de Natal. Como já circulavam informações de que o América queria um treinador de mais experiência, me surpreendeu a notícia posterior dando conta de que o treinador recusava o América porque o Santa não o liberava. A declaração do treinador a respeito, quando praticamente se ofereceu para assumir o clube no fim do campeonato, aumenta a possibilidade de que alguém não entendeu direito o ocorrido.
De todo jeito, entre a retranca de Fernando Tonet, que, com todo o respeito do mundo, ainda não entregou um resultado mais consistente em sua carreira no futebol profissional, afinal bater o América de atacante parede de Leandro Campos foi coisa que até Carlos Rabello conseguiu, e a de Luizinho Lopes, que foi o único técnico do RN a conseguir um acesso no ano passado (e utilizando jogadores de base rejeitados!), certamente a aposta neste, que, além dos resultados, ainda é cria do América, seria muito mais compreensível e aceitável para a torcida. Tanto é assim que a reação de susto de quase 100% da torcida com essa suposta tentativa de contratar Fernando Tonet ainda repercute nas redes sociais. Que sirva então de norte para afunilar os nomes levantados.
Para se ter uma ideia de como a tarefa dos dirigentes americanos é difícil, se fizermos uma lista aqui de todos os técnicos de algum destaque no mercado que estejam desempregados, arrisco dizer que 90% deles foram sondados de alguma forma pelo América, nem que tenha sido apenas para se ter uma ideia de pedida salarial para negociar com outros.
Vica, Geninho, Moacir Júnior, Lisca, PC Gusmão, Zé Teodoro, e até Dado Cavalcanti são nomes ventilados, quiçá sondados, mas ainda não havia até ontem um nome unânime na comissão e que coubesse no orçamento americano.
A questão passa a ser se um nome de mais projeção, mesmo desempregado, vai aceitar trabalhar na Série D e com um salário dentro da razoabilidade.
Então, a ordem tem sido avaliar primeiro os nomes de consenso - segundo soube, todos estão muito fora da realidade americana. A partir daí, busca-se um nome cuja margem de erro seja teoricamente menor. Somente se não der certo é que o América partirá para um nome tido como aposta. Bater o martelo a esse respeito, como discutido no Podcast de ontem, só deve acontecer com todos os dirigentes envolvidos em Natal (Eduardo e Eliel estão em viagem e só retornam na quarta). Daí, eu imaginar o mal entendido que virou notícia sobre Fernando Tonet.
Pelo tamanho da responsabilidade, dá para imaginar a luta dos envolvidos. Fico na torcida por um nome com experiência em acessos.