Ontem no
Podcast, eu já havia dito que finalmente uma arbitragem tinha ajudado o América na Série D. Não, não me referi a apitar algo a favor, não. A ajuda veio quando o Uederson levou o 3.° cartão amarelo e está automaticamente fora do jogo de sexta-feira contra o Ceilândia.
Conferindo a entrevista do técnico Leandro Campos, liberada pela assessoria do clube, constatei que estava mais do que certa em comemorar. Confiram:
"Nós tivemos um jogo com um grau de dificuldade muito alto. É lógico que nós estudamos bem a equipe do Ceilândia, mas, mesmo assim, principalmente na primeira etapa, nós não conseguimos um enquadramento relacionado à marcação. Acredito que a equipe adversária tenha tido um espaço maior pras articulações de jogadas. Infelizmente, esse descontrole até fugiu um pouquinho da nossa previsão, mas, de qualquer forma, mesmo nós não conseguindo um bom desenvolvimento, não criando tantas oportunidades, e talvez até em algumas situações dando espaço pra que o adversário tivesse uma ou duas possibilidades de gol, inclusive a própria penalidade, eu penso que nós ficamos ainda com um saldo positivo pelo fato de nós não termos tomado o gol. Isso naturalmente nos condicionou pra, [na] segunda etapa, nós procurarmos uma reorganização, um reposicionamento, em relação à segunda etapa, principalmente procurando corrigir um pouco mais a nossa marcação. Com a saída do Guto no finalzinho do primeiro tempo, com a inclusão do Richardson fazendo a função de primeiro volante praticamente, adiantando-se o Jonathas pra fazer a função mais de um terceiro homem, eu penso que conseguimos uma estabilidade maior de marcação, conseguimos neutralizar bem as jogadas de frente do adversário e, ao mesmo tempo, criamos uma condição de reorganização dinâmica maior em relação ao passe, conseguimos definir um pouco melhor o passe e, dentro de uma performance, a equipe criou uma estabilidade maior de jogo. Então, é lógico que uma primeira etapa que não foi boa e conseguimos, dentro do que foi repassado em relação à marcação, conseguimos um encaixe melhor e a equipe teve uma consistência melhor com relação à nossa dinâmica de jogo. E conseguimos através de um jogada muito bem desenhada com Cascata fazendo uma jogada pessoal pelo lado esquerdo, se infiltrando na área e condicionando a um belo passe para que o Jean pudesse fazer a conclusão. Inclusive o Jean tinha acabado de entrar e nós queríamos tirar o próprio Uederson pra que nós poupássemos o atleta pra segunda partida, mas infelizmente não houve o tempo que nós queríamos, e ele acabou tomando o 3.° cartão amarelo. Mas de qualquer forma a entrada do Jean foi providencial: a equipe criou uma estabilidade maior com relação até a manutenção dessa bola na frente, conseguimos mais velocidade pra nós forçarmos um pouco mais as jogadas pelos flancos e culminou que a nossa equipe criou até uma ou duas situações [em] que poderíamos até ter tido a felicidade de aumentar o placar. Mas de qualquer forma eu penso que o resultado, ele foi extremamente positivo, nem tanto pelo desenvolvimento da equipe no primeiro tempo, porque acredito que o adversário tenha tido uma postura melhor do que a nossa na primeira etapa, mas no segundo tempo a equipe se reestabilizou, conseguiu uma reorganização, e tivemos, na minha concepção, um volume maior, tanto é que o adversário não criou oportunidades de definição, e nós criamos duas ou três situações que poderíamos até ter convertido em gols. Mas fica já esse alerta de que o segundo jogo vai ser difícil pela qualidade do adversário, pelas circunstâncias da competição. É lógico que nós temos a vantagem do empate, mas nós não queremos nos prender a essa vantagem. Nós queremos sim impormos o nosso ritmo, lógico que sempre respeitando o adversário, mas criarmos a condição de nós termos a autossuficiência de buscarmos o resultado ao natural. Então um jogo importante, um jogo que decide uma vaga pra sequência da competição, e naturalmente o nosso torcedor, que é o nosso parceiro, tenho certeza absoluta que vai estar ao nosso lado na sexta-feira pra nos fortificação ainda mais com relação a esse importante jogo."
Estou torcendo para que Leandro tenha apenas feito média com Uederson, afirmando que o tirou para poupá-lo para a partida da volta. O que o América sofreu no primeiro tempo passou longe de ser apenas o famigerado encaixe de marcação. Não há defesa que aguente jogo em que a bola bate no ataque e volta. Uederson e Tadeu juntos não prendem nem 10 segundos o time no ataque, aliviando a defesa. E é de Uederson que se espera capacidade de prender bola, atacar pelos flancos e fazer uma tabela.
Se Leandro Campos não quis fazer média com Uederson, tá bom dele assistir ao VT do jogo.
E quanto à jogada do gol ter sido lance individual de Cascata, de novo recomendo ver o VT do jogo. É Jean Silva quem começa o lance, tabela com Cascata e se posiciona na área para receber de volta. Cascata só brilha com quem permite que seu talento aflore. Basta ver que o único jogo da Arena em que ele esteve muito abaixo de seu potencial foi justamente o da suspensão de Jean Silva. Como tabelar com um companheiro que tem dificuldade até para dominar a bola?
De todo jeito, é bom Leandro Campos abrir o olho para não dar sopa para o azar em nome de convicções muito arraigadas ou até mesmo superstições. Testar a resiliência da defesa um tempo inteiro e mais um pedaço do outro quando a solução estava ali disponível no banco desde o início da partida não é recomendado de jeito algum. Melhor não repetir a dose.
De todo jeito, na sexta, não dá para esperar um Ceilândia muito afoito, não. Eles gostam mesmo é de contra-ataque e de cavar faltas para surpreender com bola alçada ou chute direto para o gol. Por isso, jogam melhor fora de casa. Mas se a torcida americana continuar na batida de empurrar essa equipe, o América terá um jogo menos complicado. A arbitragem está sempre lá, pronta para dois critérios. É apequenar o Ceilândia e engradecer o América no grito. Só assim vai.