A Tribuna deste domingo (capa do caderno de Esportes) trouxe uma entrevista com a nova Secretária de Esportes e Lazer de Natal Danielle Mafra, há 30 dias no cargo. Primeira mulher a ser nomeada para a função, como de praxe, essa sim entende de esporte e lazer, não apenas de futebol. Já era servidora da SEL, foi atleta de basquete, tem mestrado em administração (gestão estratégica) e coordenou o Programa de Promoção à Saúde e Atividade Física na Petrobras de 2007 a 2009, faz parte do Conselho Regional de Educação Física do RN e é coordenadora do curso de Educação Física numa universidade aqui no RN.
O legado dos secretários anteriores é bonito: os ginásios Nélio Dias e Palácio dos Esportes estão fechados por falta de habite-se.
Vamos à entrevista:
"Como a senhora recebeu a SEL e que planos tem para concretizar numa pasta com orçamento tão pequeno?
Olha, não é um privilégio só de Natal, nem do esporte. A crise que assola o Brasil é uma coisa que incomoda os gestores de instituições tanto públicas quanto privadas, tanto que costumo dizer que as nossas medalhas olímpicas são obras do acaso e de abnegados do esporte. Tirando o futebol profissional masculino e o voleibol a gente tem aí, por exemplo, um atleta do Remo que por um acaso fazia parte de um projeto social e era um abnegados do esporte e ganhou medalhas que ninguém nunca ouviu falar. Some-se a isso o boxe, então, isso não é uma realidade exclusiva de Natal, do o esporte e lazer. É uma realidade das secretarias, da gestão pública e da política do nosso País. No nosso caso, a secretária vem de cenários de gestores anteriores que não têm relação direta com o que é esporte. Então a gente tem uma secretaria com ações pontuais, não existe legado do que pode ser política pública de esporte e lazer. Então esse, pra mim, é o grande desafio, porque isso é o que menos aparece na mídia, porque isso é o que menos faz publicidade, mas é o que é muito necessário para a nossa cidade. Se a gente parar para pensar no impacto que o esporte pode exercer na vida de crianças e adultos e mais do que isso, do impacto que o esporte exerce em todas as outras esferas da sociedade, talvez diferente da saúde, da mobilidade urbana. O esporte tem uma influência muito grande na questão da segurança pública, na saúde pública, em setores que estamos vivendo uma crise imensa, de pessoas, de formação de caráter mesmo das crianças. Então penso muito por esse lado, numa política de legado e de transformação através do esporte.
Quais equipamentos da SEL e o que planejam para uso e recuperação desses locais?
Natal é um dos municípios do Brasil com maior quantidade de equipamentos esportivos. Nós temos 109 equipamentos esportivos próprios da Secretaria. Isso é muito bom, mas também inspira muito investimento de energia, mais do que dinheiro. Compreendendo esse cenário, o que a gente fez foi instalar uma comissão de patrimônio para ter uma gestão disso com qualidade. Boa parte desses espaços tem a gestão também de centros desportivos e alguns compreendem a necessidade dessa guarda compartilhada, porque a Secretaria não pode tomar conta de 109 equipamentos esportivos. Não dá para ter os olhos da Secretaria em todos os locais o tempo todo. Então essa comissão tem feito um belo trabalho e a gente conta com os centros desportivos para compreender que esse termo de cessão de uso dos espaços precisa ser assinado, pois atribui tanto direitos quanto responsabilidades com o equipamento público. Do contrário, a Secretaria vai viver, ano após ano, gastando dinheiro exclusivamente com recuperação de espaços públicos."