Série D é de uma dureza inigualável. De formato eliminatório curto, com apenas 6 partidas, 36 dos 68 clubes estarão sumariamente eliminados. E a partir daí, a cada duas semanas, metade dos restantes vai sendo eliminada. Chega a ser cruel, já que em um mês e meio um clube pode estar raspando os cofres para pagar o que falta de salários até o fim da competição, mesmo sem jogos mais para disputar.
Além disso, é a última divisão, o que já a deixa também em último lugar na preferência dos atletas. Até Série C é vitrine perto dela.
Mesmo um clube do tamanho do América sofre e muito numa situação dessa. Sua tradição obriga a buscar o melhor elenco possível, mas a capacidade de arrecadação fica nas mãos do que sua torcida pode entregar.
Não é fácil. A torcida anda magoada com o Mecão. Afinal, foram 2 rebaixamentos nos últimos 3 anos. Logo ela, tão acostumada a acessos, tendo sido a primeira a comemorar dois em sequência, que culminaram com a volta à Série A há 10 anos.
Uma nova diretoria se formou para a operação resgate. E digo sem medo que, dentro da triste realidade, o América tem sim montado uma equipe com plena capacidade de subir. Vou além: se o Macaé desistir, essa equipe tem força até para buscar um acesso para a Série B.
Mas fiquemos na realidade dura, nua e crua que é a 4.a Divisão. Ainda faltam jogadores. Faltam atacantes principalmente. Mas virão. Numa luta inglória dos que estão à frente do clube atualmente, aqui incluído o técnico Leandro Campos, bons jogadores virão para as posições ainda carentes.
Entretanto, faço um alerta: de nada adiantará tanta luta, tanto esforço, sem que a torcida americana abrace a causa. Série D é ruim? É sim. Porém, o América é o maior clube nela. E isso pode dar um samba gostoso se os americanos aproveitarem a jornada para fazer as pazes com este clube centenário e tirarem os domingos para a velha diversão de empurrar o Mecão para mais um acesso. Quem sabe até para uma sequência de acessos. Talvez com uma Série A como cereja do bolo depois de tanto sofrimento. Mas sozinho, sem sua torcida, nem o tradicional e centenário Rei do Acesso vai.
É difícil, mas toda caminhada de muitos quilômetros começa num mísero e pequeno passo, que às vezes nem 1 metro tem. E esse passo começa já no próximo sábado. O América faz uma festa no CT para lançar o pacote para os jogos da fase de grupos da Série D. 5 apostas na Timemania para não-sócios e 2 apostas para sócios. Você entra e ainda concorre na loteria. Vai ter apresentação dos novos jogadores. Brindes. É aquele estilo festa em família tão tradicional do América. É um pequeno passo, porém gás para começar a arrancada. Afinal, a partir de sábado, em mais dois fins de semana chega o grande momento do reencontro.
Quantos americanos estão com saudades de comemorar vitórias aguerridas, sofridas, mas fundamentais aos acessos? Quantos americanos estão com saudades de equipes imbatíveis dentro de casa? Quantos americanos estão com saudades de jogos decisivos, com casa cheia, todos numa única vibração? Quantos americanos estão com saudades das famosas carreatas antes das partidas? Quantos americanos estão com saudades das insuperáveis carreatas dos acessos?
Ouso perguntar: quantos americanos somos? 2? 3? 500? 1.000? 2.000? 5.000? 10.000? 20.000? 32.000? A capacidade da Arena das Dunas? Metade de Natal, ou do RN? Mais ou menos? Quantos somos?
Quantos estão dispostos a vestir a camisa vermelha? Quantos se sentem prontos a conquistar esse acesso no grito? Quantos vão agigantar esse elenco e transformar a Arena das Dunas num verdadeiro caldeirão? Quantos são esses americanos?
Mais: quantos jogos esses americanos vão ver? Só um? Dois? Três? Todos?
Nunca o América precisou tanto dos americanos como seu maior patrocinador como agora. O pacote de R$ 89 é garantir lugar na arquibancada do Setor Leste da Arena das Dunas nos 3 jogos da 1.a fase R$ 1 mais barato do que comprando meia entrada de forma avulsa para as 3 partidas. Ou seja, serve para quem paga inteira ou meia. Mas não é só isso: é garantir financiamento para o pontapé inicial do acesso. Sem dinheiro, todo esforço cairá por terra.
O América nunca precisou tanto dos americanos. A guerra do acesso começa neste sábado. Quantos americanos estão prontos para ela?