Fiquei pensando no que escrever aqui hoje. Talvez devesse falar nos mais de 2.000 apaixonados (ou idiotas) como eu que pagamos ingresso, mesmo tendo o EI MAXX 2, numa noite chuvosa, para ver a tragédia in loco.
Só um empate. Um ponto. Um reles 0x0 garantiria o América na Série C 2017. Sim, na Série C 2017. Aquela cantilena ridícula de que a prioridade do América era a Série B já não convencia mais ninguém. Eu desconfiei do papo ainda na eleição, mas quem sou eu, que nem voto tenho no América? Aliás, que eleição? Todo ano inventam uns arrumados que terminam em candidatura única. Na última, pelo menos ficou logo claro que só pode ser candidato quem contar com DNA americano - esclarecendo que isso significa ter a bênção dos cardeais do América, o que normalmente exige ter certos sobrenomes. Mas deixemos isso de lado.
Nem um ridículo 0x0 o time de Diá conseguiu segurar contra o vice-lanterna do grupo A. O América passou a semana com todo tipo de macaquice: fecha treino por isso, por aquilo, manda jogador para casa, inventa time em treinamento. A panela foi tão mexida que, como no ditado, ou sairia salgado ou insosso. Saiu pior; saiu amargo. O América perdeu em plena Arena das Dunas e colocou um pé na Série D 2017.
Vejam só, Diá escalou Alex Henrique, o inoperante. Nem 5 minutos que prestem essa criatura jogou por aqui. Mas virou titular num jogo decisivo. No banco, ficou um jogador que sempre jogou bem quando acionado: Pablo Oliveira.
Ainda no primeiro tempo, Diá resolveu completar o serviço: tirou Alex Henrique e botou Richardson como lateral direito. Na direita? Mas ele não vinha na esquerda? Melhor perguntar a Diá o que ele pretendia com tamanha iluminação...
Nesse momento, vaias e gritos de "Ei, Diá, vá tomar café" (se é que vocês me entendem). Aí eu olhei para o outro banco e vi Roberto Fernandes, aquele que nunca foi chamado de burro ou vaiado pela torcida do América. Que destino ingrato para os envolvidos! No ano passado, o América venceu 7 e empatou 2 em casa. Invicto como mandante, foi superado pelo Confiança lá em Sergipe. Neste ano, 2 vitórias, 3 empates, 4 derrotas. Só ABC e Salgueiro foram infelizes o suficiente para perderem para o América. Até o antecipadamente rebaixado River arrancou um empate. E o Confiança de Roberto Fernandes botou o América à beira do precipício.
Voltando ao jogo, o tempo ia passando e Diá e o América se enrolando. Agonia na torcida. Vi cadeira quebrada perto de mim. Vi tentarem derrubar umas grades no Setor Premium. Vi confusão entre torcedores. Assistir a certos papelões termina sendo uma atividade arriscada.
Agora o Confiança joga em casa contra o fraco Salgueiro. E o América enfrenta a pressão da torcida do Remo. Talvez um milagre salve o América, mas a verdade é que tudo o que aconteceu do fim de 2015 para cá normalmente não passa impune. Assim como em 2014, quando a conta de 10 partidas seguidas sem vitória foi cobrada (com grande colaboração da presidência), a conta de tantos erros anunciados e escancarados, que vem sendo paga desde o estadual, parece que vai ser finalizada da pior forma que se possa imaginar.
Pior que a queda é não ter qualquer perspectiva de melhora. Sim, porque, se cair, o América estará na Série D de 2017, mas corre sério risco de ficar sem série em 2018 se não tiver um time bom no estadual de 2017. Alguém imagina que Beto Santos fará algo diferente? A respeito disso, para não me repetir, recomendo a leitura de
Planejamento passa por técnico.
Enfim, não é possível que o América continue acéfalo assim, tanto em campo, como administrativamente. Se bem que estamos falando do América... Então é sim possível.