Se há algo constante nos últimos dias é a tal da incoerência. Desde a presidente do Brasil, que se elegeu jurando que o país era uma ilha da fantasia sem inflação e que o seu opositor é que seria o candidato do ajuste fiscal, até o futebol, campo em que sempre houve uma certa maleabilidade em virtude das paixões que o envolvem.
No entanto, a imprensa do RN bateu todos os recordes possíveis de incoerência nos últimos episódios envolvendo o agora desempregado treinador Josué Teixeira.
Com apenas 7 partidas de um campeonato tido pelos próprios profissionais como incapaz de servir de parâmetro para o Brasileirão, elegeram Josué Teixeira o melhor técnico do Potiguar 2015. Encantaram-se com a volta do ABC à disputa de uma final de estadual e menosprezaram um treinador de capacidade reconhecidamente comprovada e que estava (e ainda está) a tirar leite de pedra de um clube ferido por uma Série C.
Eu já alertava por aqui que Josué dava sinais claros de não aguentar pressão desde o primeiro clássico por ele vencido, apenas mero detalhe para os profissionais da imprensa do RN.
Mas Josué não dava treino coletivo! Mais um ponto a reforçar a modernidade do então treinador do ABC, em linha com o que havia de mais avançado no futebol europeu. Na verdade, isso só veio a incomodar levemente depois do primeiro nó de Bob. Nesta última semana, ante a sequência de derrotas em casa, tal detalhe já passara a ser, para a mesmíssima imprensa, um sinal claro de que ele estava perdido.
Só que Josué era tão boa pinta que nunca fecharia um treino como Bob e nem divulgaria escalações com supresas. Escalou com surpresas e fechou treino. Na última, dizem, a mando de Rodrigo Pastana, também eleito dirigente do ano, mas já identificado pela própria imprensa do RN como o grande causador de todo o mal que aflige o ABC.
E onde fica a coerência? Longe, muito longe daqui. Procure agora um eleitor de Dilma dentre a ruma de gente insatisfeita nas pesquisas. Não há. Não seria diferente (embora devesse, até por profissionalismo) com a imprensa do RN. Não há um só eleitor de Josué Teixeira e de Rodrigo Pastana na votação conduzida pela Federação Norte-rio-grandense de Futebol. Ninguém. Zero. Nada. Parece até que a FNF fraudou o resultado ou colheu votos junto à imprensa do RJ, por exemplo. No RN, ninguém da imprensa admite o voto nessas duas criaturas. Talvez seja vergonha de admitir erro de avaliação (uma certa incompetência, né?) ou a torcida escancarada pelo ABC (já que, por debaixo dos panos, nós já sabemos os clubes de coração). Talvez seja desfaçatez mesmo, ou falta de hombridade, já que admitir um erro é grande mostra de caráter e de aperfeiçoamento, posto que só acertamos se sabemos diferençar um erro de um acerto.
O fato é que desde a "vergonha" da derrota para o América tinha gente já empunhando a bandeira da demissão de Josué. Afinal, não foi o América que venceu; foi o treinador abecedista que se perdeu. O coro só foi engrossando até que ontem o melhor técnico do Potiguar 2015, eleito após apenas 7 jogos e sem ter um único voto no RN, foi demitido. Nenhum de seus eleitores, se é que existem, se manifestou até o presente momento.
Te cuida, Rodrigo Pastana! Seus eleitores, também fantasmas, já começaram a desertar.