Não costumo escrever muito sobre o Abc porque sei que futebol é passional e, para muita gente, o fato de eu ser americana tiraria a credibilidade de minhas opiniões sobre o time alvinegro. Mas não posso deixar passar incólume o que ocorreu ontem no Barretão, mesmo sob o risco citado.
Força e Luz e Abc deram uma aula ontem sobre o que é o não-futebol. Nada de jogada bonita, domínio de jogo ou capacidade de surpreender o adversário. Os dois times expuseram suas torcidas e o restante da audiência (inclusive imprensa) a uma tortura de mais de 90 minutos.
Foi um verdadeiro inferno acompanhar o jogo pela TV, a ponto de eu ter sido atacada por uma terrível dor de cabeça.
O gol marcado pelo Abc deveu-se muito mais a uma falha grotesca do Força e Luz do que aos seus próprios méritos. Não gostei de jogador algum. O menos irritante talvez tenha sido o lateral direito alvinegro Reginaldo. Também não sei como os dois times têm coragem de dar a camisa 10 aos respectivos jogadores de ontem. Vou me esforçar para acreditar que foi a estreia que deixou os dois meio pernas-de-pau.
Pior mesmo foi ler as entrevistas dos treinadores pós-jogo no Blog de Marcos Lopes. As duas criaturas viram outro jogo. Ou então passaram a partida batendo papo nas redes sociais pelo celular. Ou acham que todos nós somos bestas. Segundo Roberto Fonseca, "a garotada deles (Força e Luz) manteve um ritmo forte de jogo o tempo todo". E Ivanildo Freitas, "fiquei feliz com a postura do time e, pelo que vi, dá para a gente encarar o campeonato e o nosso time vai crescer."
"Lunáticos" foi o que pensei imediatamente. Mas aí lembrei que há muita gente que concorda com o não-futebol. E se o que importa é o resultado, Roberto Fonseca já tem um grande trunfo: quebrou o tabu de não vencer em estreias que assombrava o Abc desde 2011. Aliás, da última vez que venceu na estreia o Abc foi campeão. Roberto Fonseca agora tem esse trunfo a seu favor. Só esse.