Sabem aquela pessoa que teve tudo, nasceu em berço de ouro, estava totalmente acostumada aos prazeres da vida e, de repente, uma crise financeira leva tudo embora, menos a pose? Pois é. É o América.
A reclamação de Roberto Fernandes na entrevista pós-jogo à Rádio Globo Natal apenas evidenciou o que todo mundo já sabia: o América tornou-se um time que não pressiona o adversário, apenas espera que um dia ele lhe devolva a bola para que possa brilhar. Bob chegou mesmo a reclamar que os jogadores ainda pensam que estão na Copa do Brasil. Faz sentido.
De fato, o América se comporta como um ex-rico que não perdeu a pose. Ao invés de tratar de se adaptar rapidamente à crise até para que possa sair dela mais depressa, o ex-rico tenta levar a mesma vida de antes, o que só lhe joga mais fundo no poço.
Desde Oliveira Canindé, verdade seja dita, que o América incorporou esse estilo de jogo "vamos deixar o tempo passar", inicialmente com laterais que não saíam de trás. Agora, o time todo marca guardando caixão (expressão das antigas para quem não sai da frente do seu próprio gol), ainda que esteja perdendo o jogo e precise desesperadamente da vitória.
Nem a arbitragem respeita mais o América: a expulsão de Wálber (o melhor jogador nas últimas partidas) e o inexistente pênalti são provas claras.
Como eu disse lá atrás, a vaca foi para o brejo contra a Portuguesa. Bob tenta tirá-la dali. Mas a verdade é que o desastre anunciava-se há muito tempo e ninguém quis ver. Agora é tarde.
Continuo afirmando que o elenco é um dos melhores tecnicamente falando dos últimos tempos. No entanto, que time resiste a vários desfalques por tanto tempo? Na pausa para a Copa 2014, cabia uma avaliação mais rigorosa do departamento médico para apontar a realidade de que muitos dos seus ocupantes tornariam-se fiéis habitantes de seus leitos. De que adianta ter 10 excelentes jogadores no DM durante boa parte da competição?
Alguém vai dizer que foi Oliveira Canindé que recusou contratações. Ouvi entrevista dele dizendo que, para trazer qualquer um, ele preferia a recuperação dos machucados. Isso não é a mesma coisa. Além disso, das contratações do América com a bola rolando na Série B, só Lázaro convenceu. Fábio Braga até mostrou algo. Os outros ou nunca jogaram, casos de Alekito, Digão e alguns que nem o nome lembro, ou decepcionaram, como Rafael Tavares.
Ontem mesmo quem mudou a cara do jogo foi Rivaldo, jogador da base encostado no banco. Foi dele a assistência para o gol de Rodrigo Pimpão. Aliás, como não tem meio-campo sem Arthur Maia, o esquema com 3 atacantes leves parece ser a melhor opção.
Enfim, pelas entrevistas de diretores, jogadores e treinador ontem, todo mundo já caiu na real e espera apenas o tempo passar - coisa tão comum nesta temporada. Temporada esta que celebraria a volta do Orgulho do RN a Natal e jogando em estádio de copa do mundo. Foi muito para o ex-rico. Azar da torcida.