É simplesmente inadmissível a insistência de Oliveira Canindé em escalar o goleiro Fernando Henrique como titular.
Não tenho nada pessoal contra o goleiro. Não o conheço. Acho até que ele tem boa ambientação por onde passa. É a sua qualidade técnica que nunca me agradou desde os tempos de seu auge no Fluminense.
Ele não espalma com convicção: ou amortece a bola perigosamente para perto do seu gol, ou devolve para quem a chutou. Tende a querer tirar a maior parte das bolas com os pés, e exatamente por isso, já levou inúmeros gols no meio das pernas. Só tem uma qualidade indiscutível: sua saída de bola com chute, seja no tiro de meta, seja numa puxada de contra-ataque.
Ontem matou o esquema do time ao falhar logo no início do jogo. Não foi a primeira vez, nem, infelizmente, a última. Com muito esforço, o América empatou. Mas ele jogou fora o esforço de seus companheiros e entregou um gol semelhante ao primeiro. Somente um esforço sobrehumano dos outros jogadores para impedir chutes ao gol foi capaz de evitar novas falhas. E esse mesmo esforço levou a 4 gols do América e a uma ruma de cartões amarelos.
No esporte coletivo, jogadores atingem o auge da performance normalmente entre 27 e 32 anos, depois de evoluírem até os 25 anos. O auge de Fernando Henrique já passou. Ele não tem mais como melhorar seu potencial. É isso mesmo que vemos em campo.
Falo com a tranquilidade de quem nunca entendeu este jogador no gol do Fluminense ou do Ceará, e se arrepiou todinha quando o América o anunciou como reforço. Reforço?
Será que Oliveira Canindé imaginou que a primeira cabeça a rolar se o time não virasse ontem era a sua? Se sentasse na arquibancada saberia que ele, e não Fernando Henrique, seria o primeiro da lista a ser responsabilizado pela torcida. Fernando Henrique foi merecidamente vaiado durante o jogo. Mas o pós-jogo seria todo jogado nas costas do treinador. E olha que o time mostrou um bom futebol depois dos treinos da copa.
Por que a insistência? O problema é que, dos 3 goleiros do América, o único que parece exalar humildade é Dida. Nunca ameaçou abandonar o time por ser reserva, nem tratou de espalhar em redes sociais a sua insatisfação. Fernando Henrique tem pompa e circunstância. É o goleiro formado pelo Fluminense, como se isso quisesse dizer grande coisa dos anos 80 para cá. No entanto, é grande característica para os que só veem futebol na telinha da Globo, emissora capaz de endeusar seus times conterrâneos mesmo se o futebol apresentado for nenhum.
Abra o olho, Oliveira Canindé! Não mate o potencial de sua equipe por causa de nome famoso. A insistência em escalar o 3.° goleiro pode lhe custar caro. E custar ao Mecão um sonhado lugar na Série A em seu centenário.