Tenho uma rara coleção de CDs. Rara não por ter um valor inestimável ou ser de qualidade superior, nada disso. Rara porque todo mundo hoje prefere ou baixar ilegalmente suas músicas, ou comprar CDs (na verdade, DVDs) piratas.
Eu prefiro os oficiais. Eles me dão a oportunidade de ouvir o inesperado. Nos antigos LPs, o inesperado sempre estava no famoso lado B - o lado obscuro. Com os CDs, não há lado para escolher, mas há sempre uma faixa diferente, que merece sua atenção, mas não é comercial.
Sempre ouço todos os meus CDs com a desculpa de limpá-los. Vou escutando um por um no carro, e à medida que os devolvo à estante, eles estão limpos e organizados alfabeticamente.
E assim viajo no tempo. A maioria dos CDs tem alguma história para contar.A Próxima Vítima Internacional, por exemplo, me lembra meu tempo de aluna do curso de inglês com No More I Love Yous. Também foi a última novela que acompanhei com efetivo interesse. Voltei ao hábito agora com Em Família, mas a novela só engrenou de verdade nos últimos capítulos.
Bilingual dos Pet Shop Boys é a cara do meu caminho para a faculdade quando comprei meu carro. Se A Vida É é uma ode à alegria, uma verdadeira injenção de ânimo. Nessa mesma categoria de lembrança da faculdade vem Ed Motta (com um t ou dois?). Sua Colombina me fez cantar muito a caminho da UFRN.
Aqua e sua Barbie Girl me lembram de um tempo em que eu colocava CD em casa só para dançar, sem o mínimo pudor ou compromisso com o tempo.
Os CDs de novela são a cara das aulas (como professora) de inglês. Todo mundo queria a música da novela e eu que não assistia, coitada, corria para saber que danado de música era aquela tão comentada. Turmas de iniciantes são bem assim.
Volto ao tempo da Escola Doméstica, do time de basquete, à minha infância nos anos 80, à minha adolescência nos anos 90... Tudo depende da música que está tocando.
É uma deliciosa sensação fazer a limpeza dos meus CDs - uma verdadeira máquina do tempo. Afinal, como dizem, recordar o passado é viver duas vezes.