Primeiro, a seleção alemã é fruto de um trabalho que começou com Jürgen Klinsmann ainda para a Copa 2006, na própria Alemanha. Saiu Klinsmann, ficou seu auxiliar Joachim Löw. Por isso mesmo, a Alemanha tem um padrão facilmente reconhecido. Tem proposta diversificada de ataque, seja com velocidade, seja com o chato estilo espanhol. E controla o jogo como quer. Ela decide se o jogo será rápido ou lento, pelas alas, pelo meio...
Segundo, os alemães têm uma seleção super equilibrada, a ponto de entrar jogador, sair jogador e o padrão ser mantido. Que outra seleção poderia se dar ao luxo de colocar um Schweinsteiger no banco em alguns jogos?
Terceiro, eles estão se sentindo em casa, distribuindo carisma e colhendo os frutos de amealhar torcedores em terreno adversário. Até hino do Bahia os jogadores cantaram para conquistar a torcida baiana de vez, já que o uniforme rubro negro já havia conquistado a torcida do Vitória. A torcida do Flamengo até música já fez por causa desse uniforme. Imaginem qual camisa a Alemanha vestirá amanhã....
Para piorar, Zúñiga acabou com o único esquema da seleção de Felipão - toca pro Neymar para ver como é que fica. Galvão Bueno quase chora em rede nacional ante a ausência do "menino". Parece não ter visto os jogos das oitavas e das quartas: Neymar pouco ou nada fez em campo. Zúñiga só completou o serviço retirando fisicamente de campo aquele cuja alma ficou na fase de grupos.
Agora Felipão viu-se obrigado a fazer algo muito acima de sua capacidade: um esquema tático. Nunca foi a sua área. Seu negócio é motivar através de arengas com a imprensa e com outros treinadores. Já criou um discurso hipnoticamente repetido por Thiago Silva: Neymar já fez a sua parte; agora é com os outros 22. Será que agora os laterais vão para a linha de fundo cruzar? Fred se anima com a possibilidade. Eu também. Mas só se ele colocar Luiz Gustavo, Fernandinho e Paulinho. Aí ele colocará Dani Alves de novo, livre, leve e solto. Qualquer outra escalação trará a pasmaceira de sempre.
Não me levem a mal. Torço para que esse favoritismo da Alemanha vire pó logo no primeiro minuto de jogo. Futebol tem dessas coisas. Mas não dá para comparar uma seleção completa, treinada há mais de 8 anos no mesmo esquema, com uma que há um ano nem sabia direito qual era sua espinha dorsal e cujo treinador é mero motivador. Se há alguém que não tem medo de apontar favoritos, aqui estou. A Alemanha é sim favorita, assim como a Holanda do outro lado. Se o Brasil mostrar o que ainda não mostrou nesta Copa 2014, teremos a chance de espantar o tal Maracanaço no domingo. Caso contrário, viveremos um Mineiraço de amargo sabor. Torçamos para um final feliz, onde David vence Golias.