Amei a minha estreia em copas do mundo. Amei o clima entre os torcedores, amei o atendimento na Arena das Dunas, amei a Fan Zone (embora não tenha aproveitado todo o seu potencial por causa da chuva insistente que caía em Natal). Amei até a chuva, já que estava preocupada com as 5 horas de sol na moleira em pleno Nordeste brasileiro. Confesso que torci para que chovesse nos dias de jogo às 13h. Mas São Pedro também não precisava exagerar.
Os puxadinhos da prefeitura pareciam seguros, mas consegui evitar que mexicanos dessem um arrodeio sem necessidade para acessar a Arena das Dunas. Não havia placas indicando o caminho e de longe dava para ver os tapumes metálicos. Os coitados logo raciocinaram que o acesso normal estava interditado. Sorte deles que eu passava na hora.
O trânsito estava muito ruim na BR 101 no sentido centro. E a polícia rodoviária federal ainda cismava com quem parava o carro rapidinho no acostamento para desembarcar torcedores. Bom senso é regra fundamental na aplicação do Direito. Veja bem: ficar parado no engarrafamento podia; desembarcar passageiros não. E nem o toró que caía comoveu a galera da PRF...
Já na Arena da Dunas, entramos em uma área engradada de fila até os detectores de metal. Tranquilidade total para quem chegou às 10h30 - fila mínima. Mas a torcida mexicana já se manifestava desde a rua. Como são simpáticos os mexicanos! Muitos caracterizados de personagens como Chapolin e de luta livre e todos os outros com adereços de sua seleção. Fizeram amizade rapidinho com os brasileiros, especialmente os torcedores do América (muitos uniformizados). Também apareceram torcedores do Abc de uniforme. Assim como de times pernambucanos e até com a camisa do Brasil.
Assim que entrei, pensei "vou logo comer algo". Sabe de nada, inocente. Não havia comida na Arena das Dunas, só chocolate. Bebida tinha. Comprei uma Brahma zero por apenas R$ 6. Vale a pena, já que recebemos um copo legal, específico do jogo. Somente por volta do meio dia foi que conseguímos uma sanduíche vegetariano por R$ 10. Muita maionese para o meu gosto, mas não estava ruim.
Pelas telas da área dos bares era possível acompanhar tudo o que acontecia com as seleções em campo. Hora do aquecimento, hora de sentar no meu lugarzinho no poleiro atrás do gol. Nem parecia um poleiro. Era padrão Fifa. Pena que algumas (muitas) pessoas resolveram assistir ao jogo em pé. Isso me obrigou a ver parte do jogo em pé também. 39.126 pessoas na Arena das Dunas e ainda havia muitos lugares vazios. Isso dá a exata ideia de quantas pessoas resolveram assistir ao jogo fora do seu lugar.
O jogo em si foi mais emocionante pelo show da torcida mexicana (99% do estádio) do que pelo que os jogadores fizeram em campo. O México no seu velho 5-3-2 encanta apenas pela exatidão de seus passes para manter a bola, mas nada muito ofensivo. E Camarões... bem, Camarões devem estar pensando em como esse passeio para o Brasil está sendo maravilhoso, porque em nenhum momento ameaçou a posse de bola mexicana. Eto'o acertou dois passes e só. E tome olé no estádio!
Gol de Peralta, felicidade geral da torcida na Arena das Dunas, e a certeza de que os próximos jogos serão ainda mais de uma torcida só. É que segundo a prefeitura, os mexicanos seriam o terceiro público em ingressos em Natal. E já havia uma ruma de mexicanos aqui! Imaginem na segunda com os americanos sendo o primeiro público, inclusive maior do que a somatória de todos os outros. Ou mesmo no jogo dos japoneses.
Uma festa cultural inesquecível é essa tal de copa do mundo. Mesmo com toda a chuva, mesmo no poleiro, mesmo com preços europeus, não me arrependo um segundo sequer de fazer parte dela.