Há muito me faço esse pergunta. Não me refiro à torcida inteira, mas a uma parte cri cri que não perde um segundo de oportunidade de criticar.
Também não me refiro às críticas como um todo. Seria uma hipocrisia de minha parte, até porque críticas fazem parte do dia a dia de todo mundo. Eu me refiro a aquelas almas mesquinhas que ficam à espreita do menor tropeço para tentar pregar a política de terra arrasada.
Vou ficar só neste ano para não me estender muito mais do que o necessário. Parece que há gente que paga ingresso para destruir a carreira dos outros. Foi assim com Rai. Foi assim com Dida. Foi assim com Cléber. Foi assim com Max. Foi assim com Val. É assim com Fernando Henrique. E está sendo assim com Edson Rocha e agora Fabinho.
O alvo só muda de tempos em tempos. Mas o pobre coitado nem tem direito de aquecer: já está aquecendo errado. A marcação cerrada inclui vaias e xingamentos. De preferência, incessantes, persistentes, irritantes. Esses torcedores agem como verdadeiras aves de mau agouro, prontas a anunciar aos quatro ventos que a infelicidade geral está encarnada naquele jogador. Estão sempre a postos para dizer que já sabiam que a desgraça chegaria.
Nem se lembram que há dias e dias. E todos têm seus dias ruins. Se a fase está ruim, paciência: o jogador deve ceder lugar ao reserva até sua recuperação. Mas isso não quer dizer em absoluto que o jogador mereça uma dispensa sumária ou que esteja ele fadado ao rol dos pernas de pau. No entanto, assim não veem os agourentos.
Passemos ao treinador. Sim, Oliveira Canindé sente a pressão de treinar seu primeiro clube de expressão. Sim, ele têm inventado mais que o necessário ultimamente, o que só corrobora o que acabei de expressar. Mas é preciso reconhecer também o fato de que ele ainda não tem o domínio técnico de todo o elenco.
Além disso, também é preciso reconhecer que não há equipes imbatíveis no futebol mundial. Todos tropeçam em algum momento. Ainda mais em momentos de pressão constante, como nessa maratona de jogos decisivos enfrentada pelo América nas últimas semanas.
E ainda há um detalhe: o adversário. Sim, este também joga, quer vencer, sabe marcar...Um pequeno detalhe que quase sempre passa despercebido entre os torcedores.
Pela primeira vez, gostei de uma entrevista de Oliveira Canindé. Chamou para a si a responsabilidade pelos jogos. Pediu que o vaiassem ao invés de alvejarem Fabinho. Assumiu a postura de um verdadeiro comandante. Se ainda havia algum jogador que ele não conquistara, não há mais. E o comandante ainda trouxe à baila esse comportamento irritante desses torcedores. Quem sabe isso não ajuda a mudar o humor dos eternos frustrados?
Vejam que não me refiro a se chatear com um resultado adverso ou com a atuação de um jogador e/ou o treinador. Falo de torcer contra e vaiar durante o jogo.
Pelo bem do saudável hábito de torcer no estádio, poderíamos lançar uma campanha estilo "abaixo a frustração: abafe a vaia gritando 'Mecão'". Topam?